A ida do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Vaticano para o funeral do papa Francisco vai deixar em banho-maria uma série de pautas da política interna, que terão de ser adiadas em meio aos compromissos internacionais do petista. A previsão é que o chefe do Planalto embarque para a Itália na noite desta quinta-feira (24/4) e retorne no sábado (26/4), logo após a solenidade.
A viagem acontece em meio a uma série de crises que se instalaram no governo nos últimos dias e que devem continuar em aberto até o retorno do presidente. A começar pela indefinição no Ministério das Comunicações. O indicado para assumir a pasta no lugar de Juscelino Filho, o deputado federal Pedro Lucas (União-MA), negou o convite.
O parlamentar é líder da bancada na Câmara desde o início deste ano, teve pouco tempo no cargo e o partido demorou a chegar a um consenso, entre diversos candidatos que postulavam a liderança. Com isso, Lula precisará definir um novo substituto, que pode vir de uma indicação pessoal do presidente do Congresso, senador Davi Alcolumbre (União-AP).
O nome de Frederico de Siqueira Filho, presidente da Telebras, foi indicado ao cargo pelo partido na noite de quarta, mas Lula ainda não bateu o martelo.
Outro ponto indefinido é a chamada reforma ministerial, que já se arrasta há meses. Até o momento, o presidente fez mudanças pontuais em pastas ocupadas por nomes do PT, mas aliados já defenderam alterações mais amplas no sentido de melhorar a articulação e fortalecer a governabilidade.
Antes de embarcar para o Vaticano, Lula se reuniu com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e líderes partidários. O chefe do Executivo fez uma reunião semelhante com lideranças do Senado no início de abril após críticas de que ele se distanciou do Legislativo em relação a mandatos anteriores, e dificuldades para aprovar pautas prioritárias do governo.
Além disso, nessa quarta-feira (23/4), uma operação da Polícia Federal resultou no afastamento e posterior demissão do presidente do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), Alessandro Stefanutto, e outros membros da cúpula do órgão. A corporação investiga cobranças indevidas feitas por entidades em contas de pensionistas e aposentados.
A ida ao enterro do papa também fez o presidente adiar viagens previstas para Porto Velho (RO) e Parauapebas (PA), entre quinta e sexta-feira (25/4). Nas agendas, Lula faria a divulgação de ações do governo federal e anúncios relacionados à reforma agrária.
Viagem
Lula convidou os presidentes da Câmara dos Deputados, do Senado Federal e do Supremo Tribunal Federal (STF) para acompanhá-lo na comitiva que irá ao funeral do papa Francisco. Hugo Motta (Republicanos-PB), Davi Alcolumbre (União-AP) e o ministro Luís Roberto Barroso aceitaram o convite.
Outros ministros de Estado e parlamentares podem fazer parte do grupo, que ainda não foi fechado. O Vaticano, porém, permite apenas cinco lugares na cerimônia, já ocupados pelos chefes dos Poderes, Lula e a primeira-dama Janja da Silva.
Fonte: Metrópoles