A Polícia Federal (PF) prendeu, nesta quinta-feira (18/12), Romeu Carvalho Antunes, filho de Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, durante nova fase da Operação Sem Desconto, que investiga esquema nacional de descontos ilegais em aposentadorias e pensões do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). A fraude foi revelada pelo Metrópoles. Veja vídeo das buscas na casa do Weverton Rocha (PDT-MA), também alvo da operação:
A PF cumpre mandados de busca contra o senador Weverton Rocha (PDT-MA) e um assessor parlamentar, como mostrou o Metrópoles, na coluna de Igor Gadelha.
Segundo a PF, a organização criminosa atuava de forma estruturada, com núcleos responsáveis pela captação de dados, inserção de informações falsas em sistemas oficiais e ocultação do dinheiro desviado.
As medidas foram autorizadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Outro alvo da operação é o advogado Eric Douglas Martins Fidelis, filho do ex-diretor de Benefícios do INSS em 2023 e 2024, André Fidelis, que já foi preso pela PF em outra fase da operação.
A PF cumpre mandados de prisão preventiva e de busca contra Eric.
No total, estão sendo cumpridos 52 mandados de busca e apreensão, 16 mandados de prisão preventiva e outras medidas cautelares em São Paulo, Paraíba, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Minas Gerais, Maranhão e Distrito Federal.
A ação é realizada em conjunto pela Polícia Federal e pela Controladoria-Geral da União (CGU).
Exoneração
O ministro da Previdência Social, Wolney Queiroz, determinou a exoneração do secretário-executivo Adroaldo Portal, após tomar conhecimento do teor das acusações reveladas pela operação da Polícia Federal desta quinta-feira.
Em nota, o Ministério da Previdência Social e o INSS informaram que “permanecerão contribuindo ativamente com as investigações e atuando para recuperar os recursos desviados por esse esquema que começou no governo anterior, mas foi interrompido neste governo”.
O procurador-federal Felipe Cavalcante e Silva, consultor jurídico do ministério, assume a função de secretário-executivo.
Em nota, o senador Weverton Rocha informou que “recebeu com surpresa a busca na sua residência”. “Com serenidade, se coloca à disposição para esclarecer quaisquer dúvidas assim que tiver acesso integral à decisão”, acrescentou.
Farra do INSS
- A chamada “Farra do INSS” tornou-se pública em dezembro de 2023, após o Metrópoles denunciar o aumento drástico das arrecadações de associações com descontos indevidos aplicados a aposentados — montante que chegou a R$ 2 bilhões em um ano.
- As entidades respondiam a milhares de processos por filiações fraudulentas.
- As revelações levaram à abertura de inquérito da Polícia Federal (PF) e abasteceram investigações da Controladoria-Geral da União (CGU).
- A Operação Sem Desconto, deflagrada em abril deste ano, resultou na demissão do então presidente do INSS e do ministro da Previdência à época, Carlos Lupi. No total, 38 reportagens do Metrópoles foram citadas pela PF na representação que originou a operação.
Pai de Romeu, Careca do INSS está preso desde setembro, apontado como um dos principais operadores do esquema que desviava mensalmente valores dos benefícios de idosos sem autorização.
As investigações apontam que aposentados e pensionistas tinham valores descontados diretamente dos benefícios, como se fossem filiados a associações de classe, sem nunca terem autorizado a adesão. Na prática, os descontos eram feitos de forma automática, mês a mês, reduzindo o valor recebido pelos beneficiários — muitos deles idosos e pessoas em situação de vulnerabilidade.
Segundo a CGU, as entidades envolvidas alegavam oferecer serviços como assistência jurídica, convênios médicos e descontos em academias. No entanto, não possuíam estrutura mínima para prestar qualquer atendimento real.
Ao menos 11 associações foram alvo de medidas judiciais. Os contratos foram suspensos, e os descontos, interrompidos.
Crise no governo e devolução do dinheiro
O escândalo teve forte impacto político. O então ministro da Previdência, Carlos Lupi (PDT), pediu demissão após a investigação atingir o núcleo da pasta. Ele foi substituído por Wolney Queiroz, que assumiu o comando do ministério em meio à crise.
Em julho, o governo federal anunciou a devolução dos valores descontados indevidamente de aposentados e pensionistas. O ressarcimento está sendo feito em parcela única, e o prazo para contestação foi prorrogado até 14 de fevereiro de 2026.
Fonte: Metrópoles

