O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresceu 1,4% no primeiro trimestre (janeiro, fevereiro e março), comparado ao quarto trimestre de 2024. Os dados foram divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira (30/5).
Entre setores produtivos, a agropecuária teve melhor desempenho no trimestre, com incremento de 12,2% na economia brasileira. Na sequência, constam os serviços (0,3%), com uma alta moderada. Já a indústria (-0,1%) não mostrou variação significativa.
Em relação ao primeiro trimestre do ano passado, a economia brasileira avançou 2,9%. À época, o resultado foi puxado pelo comércio. No acumulado dos últimos quatro trimestres, o PIB registrou elevação de 3,5%.
O resultado veio levemente acima da estimativa apresentada pelo Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), considerado a prévia do PIB. O IBC-Br apontava que a economia brasileira alcançaria crescimento de 1,3% no primeiro trimestre.
O PIB
- O PIB é a soma de todos os bens e serviços finais produzidos por um país, estado ou cidade, em um ano.
- Uma alta significa que a economia está crescendo em um ritmo bom, enquanto um recuo implica encolhimento da produção econômica da nação.
- A estimativa do Banco Central (BC) para o crescimento do país neste ano é de 1,9%. Já o Ministério da Fazenda projeta uma expansão mais otimista, de 2,4%.
- Para o mercado financeiro, o PIB do Brasil avançará 2,14% em 2025.
- Em 2024, a economia brasileira cresceu 3,4%, ante crescimento de 3,2% no ano de 2023.
Em valores correntes, o PIB acumulou R$ 3 trilhões entre janeiro e março, sendo:
- R$ 2,6 trilhões referentes ao Valor Adicionado (VA) a preços básicos; e
- R$ 431,1 bilhões de Impostos sobre Produtos Líquidos de Subsídios.
A taxa de investimento chegou a 17,8% do PIB, acima dos 16,7% do primeiro trimestre de 2024. A taxa de poupança, por sua vez, ficou em 16,3% no ano passado (superando os 15,5% registrados no mesmo trimestre de 2024).
No que se refere à demanda, destacou-se expansão da despesa de consumo das famílias (1%) e da formação bruta de capital fixo (3,1%). Por outro lado, a despesa de consumo do governo (0,1%) registrou estabilidade no trimestre.
Em relação ao setor externo, as exportações tiveram variação positiva de 2,9%, enquanto as importações cresceram 5,9% em relação ao quarto trimestre de 2024.
Confira os destaques do PIB em comparação ao trimestre anterior:
- Agropecuária: 12,2%
- Indústria: -0,1%
- Serviços: 0,3%
- Formação Bruta de Capital Fixo (Investimentos): 3,1%
- Consumo das famílias: 1%
- Consumo do governo: 0,1%
- Exportações: 2,9%
- Importações: 5,9%
Agropecuária puxa alta da economia
O setor de agropecuária, com peso de aproximadamente 6,5% na economia brasileira, registrou crescimento de 12,2% em relação ao último trimestre de 2024. Segundo o IBGE, as condições climáticas favoreceram o incremento do setor.
“A agropecuária está sendo favorecida pelas condições climáticas favoráveis e conta com uma baixa base de comparação do ano passado. É esperada uma safra recorde de soja, nosso produto agrícola mais importante”, explica a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis.
Serviços
Em serviços, com peso de quase 70% no PIB, teve alta em informação e comunicação (3%), outras atividades de serviços (0,8%), atividades imobiliárias (0,8%), administração, defesa, saúde e educação públicas e seguridade social (0,6%) e comércio (0,3%).
“O grande destaque dentro dos Serviços, tanto na taxa interanual como contra o 4º trimestre de 2024, foi a atividade serviços de Informação e Comunicação, especialmente devido ao aumento de internet e desenvolvimento de sistemas. Essa atividade cresceu mais de 38% desde a pandemia”, avalia Palis.
Ainda nas atividades de serviços, o IBGE observou estabilidade nas atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados (0,1%) e queda em transporte, armazenagem e correio (-0,6%).
Indústria
No setor industrial, a pesquisadora do IBGE destaca “especialmente as indústrias de transformação e construção, que tiveram quedas no 1º trimestre de 2025 de 1,0% e 0,8%, respectivamente, frente ao 4º [trimestre] de 2024″.
Ela ponderou que “o setor industrial está sendo negativamente afetado pela política monetária restritiva”.
Eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos (1,5%), e indústrias extrativas (2,1%) tiveram desempenho positivo. O setor industrial corresponde a aproximadamente 25% do valor adicionado.
Resultado em comparação com 2024
Em comparação ao primeiro trimestre de 2024, o PIB teve crescimento de 2,9% no primeiro trimestre deste ano.
O agro também foi destaque. O setor cresceu 10,2% em relação ao mesmo período do ano passado, principalmente, pelo bom desempenho de alguns produtos da lavoura com safra relevante no primeiro trimestre e pela produtividade. Foram eles:
- soja (13,3%);
- milho (11,8%);
- arroz (12,2%); e
- fumo (25,2%).
Na mesma comparação, a indústria cresceu 2,4%, influenciada pelo bom desempenho da construção (3,4%) — que teve sexta alta consecutiva, corroborada pelo aumento da ocupação na atividade e na produção dos insumos típicos, conforme anunciou o IBGE.
O setor de serviços cresceu 2,1% ante o mesmo período do ano passado. Todas as atividades apresentaram alta.
Outros destaques
No primeiro trimestre, a despesa de consumo das famílias cresceu 2,6%, puxada pelo aumento na massa salarial real e pelo aumento do crédito disponível — “apesar dos juros maiores”, destacou o IBGE.
A despesa de consumo do governo (1,1%) também apresentou elevação em relação ao primeiro trimestre de 2024.
A formação bruta de capital fixo avançou 9,1% no primeiro trimestre, a quinta alta nessa comparação, após computar taxas 10,8% e 9,4% no terceiro e quarto trimestres de 2024.
Segundo o IBGE, o desempenho foi puxado pelo crescimento das atividades de construção, produção nacional e importações de bens de capital, com destaque para importação de plataforma de petróleo, além da alta no desenvolvimento de softwares.
As exportações cresceram 1,2%, enquanto as importações avançaram 14% no primeiro trimestre de 2025.
Nas exportações de bens, as maiores contribuições vieram de:
- veículos automotores;
- agropecuária;
- papel e celulose; e
- derivados do petróleo.
Nas importações de bens, a alta se deu principalmente por:
- outros equipamentos de transporte;
- máquinas e aparelhos elétricos;
- produtos químicos; e
- máquinas e equipamentos.
Fonte: Metrópoles