Se, em outros tempos, a ideia de crescimento profissional estava atrelada às oportunidades que uma empresa oferecia aos seus funcionários, hoje o mercado olha diferente para o plano de carreira. Avança cada vez mais rápido a ideia de que o colaborador deve ser o protagonista dessa relação, ir atrás de conhecimento, e não aguardar passivamente as possibilidades de capacitação.
O fato, é verdade, não elimina o comprometimento da empresa em cultivar e promover os talentos presentes em seus quadros. No entanto, a proatividade de um funcionário está,
como nunca, no radar dos líderes, que miram cada vez mais essa característica na hora de eleger aqueles que merecem um investimento. “O discurso do ‘isso não é da minha alçada,
não irei me envolver’ ficou para trás”, afirma a coordenadora de Atração e Engajamento do Hospital, Ana CarolinaMarmo Elias Wysocki. O reconhecimento, na maioria das vezes, se dá
ao contrário. “São os profissionais em busca de crescimento, interessados em turbinar suas carreiras, que despertam a atenção ao promover essa movimentação.”
Ou seja, no cenário atual, quem constrói a carreira é o funcionário. E as chances de decolar estão ligadas à busca constante por evolução. É a corrida pela posse de mais e mais
informações que possibilita a uma pessoa se apropriar de um assunto a princípio distante de sua área de atuação e, assim, apontar caminhos estratégicos. Para Letícia Serpa,
gerente do Instituto de Educação e Ciências em Saúde (IECS) do Hospital, o grande desafio é fazer o colaborador tangibilizar a necessidade e mudança. “Por isso, caminhamos
cada vez mais no sentido de oferecer ogramas, cursos teórico-práticos etc.”, diz. “Quando a pessoa enxerga que o conhecimento faz sentido na realidade dela, entende a necessidade
de uma mudança.”
De acordo com Cleusa Ramos, superintendente de Desenvolvimento Humano do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, é esse profissional com olhar atento para o desenvolvimento que geralmente se diferencia. “Eu mesma estou fazendo um MBA voltado para liderança, inovação e gestão”, diz. “Durante a exposição de um professor, ele, um ex-CEO da Natura, afirmou que cada vez mais prefere alavancar pessoas com diferentes tipos de inteligência e que tenham conflitos a ser gerenciados do que dar chance a alguém que não busca o próprio desenvolvimento, que faz o arroz com feijão no dia a dia.” Não à toa, desenvolvimento de repertório é, hoje, a expressão de ordem do Hospital para tratar de conhecimento.
Dentro da Instituição, o Plano de Desenvolvimento Individual (PDI) busca diferentes formas, como aulas presenciais, de levar conhecimento de qualidade às pessoas. “A área de Educação Corporativa conta anualmente com uma verba para que se aposte em capacitação, formação e desenvolvimento de colaboradores interessados em dar um up no PDI e fazer cursos dentro do nosso Instituto de Educação e Ciências em Saúde”, conta Cleusa. “Temos aqui MBA em gestão de saúde, cursos de extensão voltados à área de assistência, à formação em medicina, entre outros. O plano para 2019 é alavancar nossa área de ensino.” No total, há quatro cursos a distância oferecidos à área técnica e outros 15 cursos livres de curta duração para a área de gestão – de 16 a 80 horas – para, como reforça Letícia, que o profissional possa se atualizar ou se aprofundar em uma área de conhecimento específica e reverter em efetividade durante o trabalho.
REPERTÓRIO PESSOAL
Uma vez por ano, o Hospital possibilita ao colaborador uma autoavaliação na qual são analisados comportamentos, competências técnicas e resultados. A partir dessa ferramenta presente no modelo de gestão de desempenho, o profissional identifica seus pontos a melhorar e o gestor consegue avaliá-lo e fazer uma calibragem no PDI. “A pessoa que não consegue ter uma leitura de si mesma, do que é, de seus pontos positivos e negativos, ficará à mercê da imagem que o outro tem dela, esperando alguém lhe dizer como deve se desenvolver”, observa Ana Carolina. É importante, também, que o colaborador procure aprender – e não se limitar à área em que atua na hora de reforçar o currículo – sobre outros assuntos que ofereçam a ele uma expansão do repertório pessoal.
Conhecer culturas diversas, entender sobre música, artes, gastronomia e história, por exemplo, são de extrema importância. “Ouço o CBN Professional, por exemplo. Há ali podcasts sobre gestão, filmes, arte, liderança, etc. Qualquer um pode gerenciar os conteúdos de seu interesse e, em minutos, receber informações de excelente qualidade enquanto toma café ou está no transporte público”, afirma Cleusa, referindo-se ao programa da plataforma digital da rádio CBN que promove conversas com líderes de grandes empresas e especialistas em negócios. Nessa sua jornada de busca por informações sobre outros assuntos, via podcasts, cursos e leituras, a superintendente mantém os olhos bem abertos para a fonte delas. “Foco sempre na referência, se existe uma instituição de ensino por trás, se ela é credenciada para tratar do tema, se o autor é reconhecido”, enumera.
Está muito claro que a quantidade de informações chega de todos os lados e que saber selecioná-las para proveito próprio é essencial para se desenvolver – pessoal e profissionalmente. É preciso, também, expandir o olhar para além da nossa rotina profissional – e aprender tanto com o colega do lado quanto com o mundo lá fora. “A gente precisa se mobilizar, impor desafios, trazer novas fórmulas de realizar com maior praticidade e eficácia todos os processos que nos cercam”, pontua Ana Carolina.
FERRAMENTAS DE AUTOAVALIAÇÃO
- DISC
Teste de perfil comportamental muito utilizado
em processos de seleção e desenvolvimento.
Ao responder um questionário, a pessoa é
avaliada quanto a quatro comportamentos:
dominância, influência, estabilidade e cautela. - TERAPIA
A partir de conversas, o terapeuta pode fazer
a pessoa refletir, sair da zona de conforto,
fazer escolhas legítimas e não apenas se
sentir vítima de situações. - COACH
Se a pessoa tem uma meta, o coach vai dar
suporte, apoiá-la, para atingi-la. O Hospital
disponibiliza profissionais por meio do CASSC.
Em 12 sessões, é feito um planejamento para
identificar quais dispositivos o colaborador tem
dentro de si para serem ativados e promoverem
uma mudança de hábito.
- VIA SURVEY
É um teste (disponível no site viacharacter.org)
de personalidade validado psicometricamente,
que mede os pontos fortes da pessoa. A partir
dele, é gerado um relatório com as maiores
e as menores habilidades detectadas. - LEITURA
Muitos livros têm como tema o
autoconhecimento. Conteúdos similares também
podem ser acessados por meio de pesquisas
na internet. Nunca se esqueça de levar em
consideração a fonte das informações. - TOMADA DE CONSCIÊNCIA
Um exercício muito simples baseado em três
questões. O que planejei ano passado e
consegui realizar? O que planejei e não coloquei
em prática? E quais os fatores que fizeram com
que eu não atingisse o objetivo? Para começar,
é indicado que sejam tratados dois objetivos:
um de nível profissional e outro pessoal.