27 de novembro é o DIA NACIONAL DE COMBATE AO CÂNCER data instituída pelo Ministério da Saúde por meio da Portaria MS/GM nº 707/1988 e também o DIA NACIONAL DE LUTA CONTRA O CÂNCER DE MAMA instituída posteriormente pela Lei nº 12.116/2009. Esta doença é causadora de muitas mortes sendo superada somente pelas doenças cardiovasculares. Segundo do Instituto Nacional do Câncer, entre 2029 e 2030, o câncer deve ultrapassar as doenças cardiovasculares como principal causa de mortes no País. Entre 1996 e 2020, as mortes por tumores cresceram 122%, e as mortes por doenças cardiovasculares subiram 43%.
Câncer é um termo que abrange mais de 100 diferentes tipos de doenças malignas, que têm em comum, o crescimento desordenado de células, que podem invadir tecidos adjacentes ou órgãos a distância, que é denominado, metástase.
Os diferentes tipos de câncer correspondem aos vários tipos de células do corpo. Quando começam em tecidos epiteliais, como pele ou mucosas, são denominados carcinomas. Se o ponto de partida são os tecidos conjuntivos, como osso, músculo ou cartilagem, são chamados sarcomas.
As pessoas perguntam sempre quais as causas do câncer. O câncer não tem uma causa única. Há diversas causas externas (presentes no meio ambiente) e internas (como hormônios, condições imunológicas e mutações genéticas) e os fatores podem interagir de diversas formas, dando início ao surgimento do câncer.
Entre 80% e 90% dos casos de câncer estão associados a causas externas. As mudanças provocadas no meio ambiente pelo próprio homem, os hábitos e o estilo de vida podem aumentar o risco de diferentes tipos de câncer.
Entende-se por ambiente o meio em geral (água, terra e ar), o ambiente de trabalho (indústrias químicas e afins), o ambiente de consumo (alimentos, medicamentos) e o ambiente social e cultural (estilo e hábitos de vida). Os fatores de risco ambientais de câncer são denominados cancerígenos ou carcinógenos. Esses fatores alteram a estrutura genética (DNA) das células.
Existem ainda alguns fatores genéticos que tornam determinadas pessoas mais suscetíveis à ação dos agentes cancerígenos ambientais. Isso parece explicar porque algumas delas desenvolvem câncer e outras não, quando expostas a um mesmo carcinógeno.
O envelhecimento natural do ser humano traz mudanças nas células, que as tornam mais vulneráveis ao processo cancerígeno. Isso, somado ao fato de as células das pessoas idosas terem sido expostas por mais tempo aos diferentes fatores de risco para a doença, explica, em parte, o porquê de o câncer ser mais frequente nessa fase da vida.
O risco ou a chance de uma pessoa sadia, exposta a um determinado fator ou ambiente, desenvolver doença chamamos de FATORES DE RISCO.
Fumo, consumo de álcool, índice de massa corporal (IMC) elevado e outros fatores de risco conhecidos são responsáveis por quase 4,45 milhões de mortes globais por câncer. É o que aponta uma nova pesquisa publicada no periódico científico Lancet, com dados do estudo Global Burden of Diseases (GBD) de 2019.
Um mesmo fator pode ser de risco para várias doenças – o tabagismo e a obesidade, por exemplo, são fatores de risco para diversos cânceres, além de doenças cardiovasculares e respiratórias. Vários fatores de risco podem estar envolvidos na origem de uma mesma doença. Estudos mostram, por exemplo, a associação entre álcool e tabaco com o câncer da cavidade oral.
Nas doenças crônicas como o câncer, as primeiras manifestações podem surgir após muitos anos de uma exposição única (radiações ionizantes, por exemplo) ou contínua (no caso da radiação solar ou tabagismo) aos fatores de risco.
Os fatores de risco podem ser encontrados no ambiente físico, herdados ou resultado de hábitos ou costumes próprios de um determinado ambiente social e cultural.
A prevenção do câncer envolve ações para reduzir os riscos de ter a doença. Pode ser primária, ao impedir que o câncer se desenvolva. Isso inclui evitar a exposição aos fatores de risco e a adoção de um modo de vida saudável.
A prevenção secundária objetiva detectar e tratar doenças pré-malignas (por exemplo, lesão causada pelo vírus HPV ou pólipos nas paredes do intestino) ou cânceres assintomáticos iniciais.
O diagnóstico precoce é fundamental e os esforços devem focar nele, pois é no tratamento inicial da doença é que podemos obter taxas de cura muito elevadas e com menor custo no tratamento. Por exemplo, poderemos erradicar o câncer de colo uterino, que é muito incidente em nossa região, com a vacina do HPV, aumento da coleta de citologia e tratamento das lesões pré-malignas.
Quando falamos em tratamento do câncer, evolve custos elevados, com exames, cirurgias, medicamentos, radioterapia, equipe multiprofissional além do acompanhamento a longo prazo visando o diagnóstico de alguma recidiva e manter a qualidade de vida que muitas vezes é afetada pelo tratamento.
Quando falamos em tratamento de câncer no Amapá, precisamos avançar muito no atendimento do paciente do serviço público, que ainda sofre muito para conseguir tratar e mesmo fazer o acompanhamento da doença após o tratamento, devido à falta de estrutura física em nosso Estado. É necessária uma ação conjunta urgente para melhorar as condições de atendimento para a população a nível local. Possuímos um número de profissionais capacitados e poderemos atrair outros mais se a estrutura for melhorada, mas infelizmente, já perdemos vários especialistas pela falta de condições de trabalho.
Investir em prevenção é a melhor opção, medidas efetivas e bem coordenadas são necessárias para realmente impactarem no resultado. Concordo com quem defende que as ações no Brasil devam ser regionalizadas, pois a realidade é muito diferente em cada ponto de nosso país. A estratégia deve ser discutida com cada região com ações bem definidas e aplicáveis, pois muitas vezes fica somente na teoria sem efeito prático real, a exemplo do câncer do colo uterino que é fácil a de baixo custo para prevenir, mas ainda estamos no topo da lista em incidência.