Um anos após a tragédia que matou dez pessoas, feriu 32 e desestabilizou Capitólio (MG), a cidade está prestes a lançar um calendário especial para fomentar o turismo, principal atividade econômica da região. Ao R7, o prefeito Cristiano Geraldo (PP) confirmou o lançamento para o dia 15 de janeiro, um domingo.
O objetivo é somar outros eventos, como grandes shows e festivais de gastronomia e balonismo, pontos de interesse aos turistas no sudoeste mineiro, às já procuradas atrações turísticas capitolinas.
Como o município e os vizinhos foram altamente afetados pelo desabamento da rocha no Lago de Furnas e suas consequências, a ideia da prefeitura local é justamente reforçar o setor que ali é o mais relevante.
“Esse verão aí promete muita coisa boa, novidades e eventos para poder fomentar o nosso turismo. O início de ano é um período muito importante para nós de Capitólio, pois recebemos um alto número de turistas”, afirma Geraldo.
O desabamento de uma rocha em 8 de janeiro do ano passado, ao lado dos cânions do Lago de Furnas, atingiu quatro embarcações, deixando dez pessoas mortas e 32 feridas.
Imagens gravadas por turistas registraram o momento da queda de parte do ‘paredão’. Pelo vídeo, se nota o desespero dos visitantes e é possível observar ao menos uma lancha ser diretamente atingida.
As vítimas do acidente em Capitólio eram, em maioria, turistas de Minas Gerais e de São Paulo, além do piloto de uma das lanchas.
A investigação da Polícia Civil concluiu que o incidente se tratou de um evento natural, sem influência de ação humana. Portanto, não houve culpados.
Segundo os moradores e profissionais que atuam com as atrações no Lago de Furnas, nunca houve qualquer acidente similar ao que ocorreu na tarde daquela sexta-feira.
Sofrimento para além das perdas
Em episódios trágicos como o de Capitólio, nada produz mais impacto e trauma que a dor pelas vidas perdidas, sobretudo para as famílias das vítimas. No entanto, no caso do incidente em Furnas, o efeito foi ainda mais grave.
Dependente sobremaneira de seus passeios e atrações, o município cujo carro-chefe é justamente o turismo, e que ainda se recuperava dos danos econômicos causados pela pandemia de Covid-19, viu o movimento de visitantes despencar nos meses seguintes.
A soma do medo de quem pretendia viajar ao local e a desinformação propagada nas redes sociais – além das chuvas e depois o frio nos meses seguintes ao desabamento –, levaram uma dura crise à cidade e à região como um todo, que perdurou pelo ano de 2022.
Um terço dos empregos e 30% das empresas da cidade, segundo a prefeitura, estão diretamente ligados ao turismo.
Embora não haja uma estimativa exata da gestão municipal, empresários e profissionais da área relatam que, no período após o desabamento, os cortes foram comuns em vários estabelecimentos.
Com 20% da rede hoteleira ocupada no início de 2022 ante o cenário de crise, e 50% entre maio e junho, isso indicava, portanto, que a recuperação econômica seria muito lenta, e dependeria do movimento de visitantes no verão de 2022 para 2023.
Readaptação e segurança
Diferentemente das informações falsas espalhadas à época, que davam conta de que todas as atrações da cidade haviam fechado devido a acidente, somente os trechos dos cânions no Lago de Furnas, um dos maiores lagos artificiais do mundo, ficaram interditados.
As atividades do passeio, entre os mais procurados da região, retornaram três meses depois, sob novas regras de funcionamento, a fim de impedir o risco de acidentes aos visitantes e profissionais do turismo. As medidas constam em um decreto da prefeitura capitolina, publicado em março.
Os protocolos incluíam a avaliação geológica diária das rochas e o uso obrigatório de equipamentos de segurança, entre outras medidas.
Embora o incidente tivesse envolvido apenas o lago, outras atrações aproveitaram o contexto para aprimorar e reforçar as condições de segurança, e, ao mesmo tempo, devolver a sensação de tranquilidade para os potenciais visitantes.
Por parte do poder público, o governo mineiro e as prefeituras da região lançaram o plano “Reviva Capitólio – Viva o Mar de Minas”, com R$ 5 milhões destinados a 80 ações, a partir de quatro eixos estratégicos: diagnóstico da tragédia; ordenamento de uso e ocupação dos atrativos; capacitação, formação e informação turística; comunicação e marketing.
Juntamente ao Reviva Capitólio, a gestão estadual estendeu a Rede Integrada de Proteção ao Turismo para Capitólio e as vizinhas São João Batista do Glória e São José da Barra, com investimento de mais R$ 2 milhões em infraestrutura nos municípios. O objetivo da rede, segundo o governo, é fortalecer o turismo seguro na região.
A cidade recebeu, ainda, um seminário da Abeta (Associação Brasileira das Empresas de Ecoturismo e Turismo de Aventura), em parceria com o Sebrae, para integrar e capacitar os profissionais de turismo na região em relação à segurança nas atrações, marketing e boas práticas ambientais.
Passeios nos cânions passaram por adaptações e novos protocolos de segurança
Com informações do R7

