Sem desprezar a leishmaniose, vou direto a malária, doença que na conversa mole, tem levado a todos acreditarem ter sido criada por ocupantes da Amazônia ou, em acusações recentes, por garimpeiros. Deixa-me tentar colocar o que sei, para que possam me entender. Parece uma heresia que eu venha a público dizer isso, mas não é, é a pura verdade. Os índios, notadamente os ianomâmis, estão fora do lugar Lula. De nômades sazonais, eles passaram a fixar-se próximos a algumas comodidades da civilização, mas que não lhes são benfazejas a uma vida melhor, ou saudável. O certo seria sim remanejá-los, levando-os a áreas formidáveis com as quais a natureza presentou a Amazônia, boas de pesca, caça, plantas e outras de sustento tais, que poderiam a eles ser levadas, como limão, laranja, maracujá etc. Talvez até em substituição daquele nunca mencionada por ninguém, epadu, que eles carregam na boca entre os dentes e lábios. Uma poderosa droga que lhes permite horas mato adentro sem sentir fome, mas cujo males estão aí a olhos vistos. Continuando, ao abandonarem seus costumes, em busca do “civilizado”, eles se aproximaram de águas paradas, se arrancharam em lugares que acreditaram lhes serem melhor pela vizinhança. Só que nessas águas paradas já com problema de não prover nada, eles encontraram a parceira do sacana mosquito anofelino, que lhes deram a malária. Tivessem eles ficado em lugares de hábito, “as mosquitas” não os encontrariam.
Quanto a isso Lula, se vale a experiência, deixe-me lhe dizer, sabe por que os americanos não gostariam de ocupar a Amazônia? Porque diferentemente dos franceses eles adoram, banho e abonado com bastante sabonete, tornando-se assim, deliciosos manjares para a picada do transmissor, defensor amazônico de primeira linha.
Algumas observações têm que ser feitas para evitar a doença, não para curá-la, embora eu que já tive seis, prefiro a malária à dengue ou chikungunya. Malária uma vez identificado o tipo contraído, tomou o remédio, a cloroquina (não é a do governo passado), a doença se acaba, embora você fique com alguns ovos dela inertes na corrente sanguínea.
Assim algumas coisas têm que ser observadas para se viver naquele lugar, volto a repetir, pergunte aos milicos: nunca construa habitações próximas a águas e procure uma boa elevação ao fazê-las. Preguiçosos, esses mosquitos não sobem morros. Não vá as águas entre seis e oito horas da manhã e de jeito nenhum entre as 16 e as 18:30, estarão em orgia voadora. Não vou dizer que estará imune, mas observados esses preceitozinhos, você não chegando ao vagabundo voador, ele não chega a você.
Agora Lula, se você quer realmente debelar o problema, malária, na indiaiada até como um todo, lembre-se: a Amazônia não possui sapos; por cá são uma raridade. É um aqui, outro acolá. Aí é só você mandar no Ceará, no Sobral, onde no passado andei com a mesma missão e apanhar um bocado de sapos e de avião levá-los para a região que deseja na Amazônia. Mas, vou te dizer, avisa a tripulação, esses bichos não dormem dentro do avião, seguem pulando e até transando lá, mas uma coisa posso lhe dizer, apesar de todo crédito e confiança que sempre tive na SUCAM, a saparia trabalha melhor do que ela. De uma só linguada nas larvas, eles devoram um bocado bom de malfeitores que não nascerão. A merda, é que provoca um pequeno desequilíbrio na natureza, porque aí o lugar enche de cobra, porque sapo é delicioso. O único sapão de Sobral duro de engolir, vou avisando, é aquele que foi candidato a presidente três ou quatro vezes.
Um outro problema muito divulgado como papo de arara baleada é a questão do mercúrio usado pela mineração garimpeira e outras empresas. Isso está se transformando em uma histeria nacional. Quem muito usava deste expediente na década de 80 eram as empresas de mineração que ao disputarem as áreas com os garimpeiros descobridores e ocupantes, induziam a que a sociedade, em pânico, a eles tivesse ótica de má vontade.
Quanto a isso, relembro sua ministra que mostrou no exterior levantando o braço a saúde que possuía por estar contaminada por mercúrio de garimpeiros, isso em um foro internacional. Lula, pela formação que essa senhora tem, só posso acreditar em uma busca maldosa de publicidade. A bem da verdade, podemos sugerir a ela, proceder exames noutro lugar, que não seja aquele do cientista doidão da Fiocruz, que também diz haver encontrado muita gente contaminada do mesmo problema. O que posso garantir a você é que se ela estiver contaminada por esse metálico de garimpo, podem me enterrar numa curva de rio, fora da Amazônia, e numa boa troca, se eu estiver certo, ela pede demissão do cargo e vai reciclar seus estudos, não deixando de levar em conta que normalmente o metil mercúrio prejudica o cérebro, causando certas demências.
Quanto ao cientista inconcluso da Fiocruz, perguntem a ele se quando constatou a contaminação mercurial dos duzentos índios, crianças ainda, pelo mercúrio de garimpo, se mandou fazer o teste de que tipo de mercúrio os contaminou, para comprovação da “ciência” dada a sociedade nacional. Este cidadão, incauto especialista, pela gravidade e difusão de suas afirmações deveria ser chamado pelo Ministério da Saúde para esclarecimento do que afirma, se é mesmo mercúrio metálico (garimpeiro) ou metil mercúrio, dos rios, da natureza ou aquele liberado por plantas ao “metilarem” nos rios contaminando peixes. No rio Negro, de nenhuma extração mineral, o mercúrio se apresenta dezoito vezes acima do normal.
Por sinal Lula, lhe direi uma coisa, não só na Amazônia, mas em todo o Brasil, não haverão de encontrar cidadão contaminado pelo produto garimpeiro durante sua aplicação e uso para concentração pós extração. Procure nos registros da história; até coisa de praticamente após quatro séculos o país não apresentou sequer um caso. Encontrarão sim, aqueles irresponsáveis descuidados, que ao processarem a queima da amálgama, sem os indispensáveis cuidados e equipamentos, aspiraram ou levam outros a aspirar o mercúrio liberado em forma de vapor, que indo a corrente sanguínea, dela nunca mais sairá. Este incauto queimador, e/ou inocentes atingidos, irão pagar pelo resto da vida por esta ação, originada na ignorância. Alguns de forma grave, outros nem tanto.
Mas, é isso aí, te falei, resultado de diplomado não dialogar com quem não diploma, mas aprende, conhece e aplica com honestidade e propósitos. Engraçado é que você também paga o mesmo preço que eu, muita gente não nos tem mesmo em boa conta por conta disso.
Mas, consolados ficamos, se até macaco é sabido, nós dois também somos, eu por estar matraqueando vivo e lúcido até hoje e você aí, com sua Janja, a saborear poder e glamour de palácios.
Jose Altino Machado
Macapá, 12 de março de 2023.
PS: Hoje é meu aniversário, mas tem gente que não me deseja vida longa.