Depende, atendo diversas pacientes que têm as mamas muito grandes o que chamamos de gigantomastia, o que causa bastante incomodo, variando desde o desconforto até a dor nas mamas e nas costas devido ao grande peso mamário. Além disso, estas mulheres apresentam perda da autoestima, dificuldade de convívio social e consequências emocionais. A própria Organização Mundial de Saúde defende que a gigantomastia é uma condição que pode causar problemas físicos e emocionais graves para as mulheres afetadas. Este aumento mamário pode ocorrer na puberdade, na gravidez ou se a mulher aumentar muito o peso corporal.
Respondendo à pergunta: nestes casos de gigantomastia o tratamento é a cirurgia de redução mamária ou mamoplastia redutora que neste caso não é estética, mas funcional pois visa melhoria da saúde da mulher. Evidentemente que temos benefício estético associado, mas este não é o objetivo foco da cirurgia. Os danos físicos e emocionais da gigantomastia podem ser permanentes na coluna sendo muito importante que a redução mamária seja feita antes que estas lesões se tornem definitivas e este é um procedimento que deve ser ofertado até pelo SUS.
O problema se encontra na dificuldade de salas cirúrgicas disponíveis pelo SUS ficando estas cirurgias em grande fila de espera e acabam nunca sendo realizadas pois não são priorizadas. Mesmo as mulheres que possuem um plano de saúde apresentam dificuldade para conseguir a cirurgia uma vez que são exigidos vários laudos, como por exemplo, do ortopedista referindo o acometimento da coluna vertebral causado pelo peso das mamas. Mesmo assim os planos de saúde tentam negar a cirurgia, entendendo que o objetivo é somente estético, muitas mulheres conseguem somente judicialmente o direito de realizar o procedimento.
Esta cirurgia era prática quase que exclusiva do cirurgião plástico, atualmente, o mastologista tem sido treinado para realização da mamoplastia redutora e tem realizado com resultados muito bons em todo Brasil.
Acredito que devamos aumentar a oferta deste procedimento para as portadoras de mamas grandes e sintomáticas que tem a qualidade de vida afetada buscando desburocratizar as cirurgias na saúde suplementar e priorizar no SUS. No Amapá a Associação Médica junto com a Sociedade de Mastologia está elaborando um projeto para buscar recursos parlamentares no sentido de viabilizar estas cirurgias pelo SUS.
As mulheres portadoras de gigantomastia necessitam de uma atenção especial para que possam prevenir lesões cervicais e de coluna futuras bem como melhorar sua qualidade de vida. É desumano aguardar que a lesão se instale para somente então através de exames de imagem demonstrar para a operadora de saúde que esta mulher necessita de uma redução mamária.