Talvez Diógenes tenha se inspirado em BANUS, eremita que viveu no deserto da Judéia em meados do século I. Banus vestia-se de folhas secas e cascas de árvore e se banhava com água gelada o tempo todo. Tinha um pequeno grupo de seguidores, a quem anunciava que o apocalipse estava próximo e era preciso abandonar qualquer apego por prazeres mundanos.
Ao lado do amigo Anaxarco, filósofo seguidor de Demócrito, acompanhou Alexandre Magno na expedição ao Oriente de 334 a 324 a.C. Na Índia teve oportunidade de conhecer os filósofos gimnossofistas – termo que literalmente significa que alcançam a sabedoria por meio do corpo -, hoje conhecidos como mestres de yoga.
Algumas perguntas de Diógenes: como se deve viver? A cultura é importante? Em que consiste a virtude? Diógenes tinha o seguinte estilo de vida: vivia em um tonel; rejeitava qualquer comodidade; vestia apenas uma túnica e bebia água das poças, como um cão, por isso o filósofo também foi taxado de, o cão.
Em função de que andava pelas ruas de Atenas, em pleno dia, levando uma lanterna na mão, também o apelidaram de “Sócrates, o Louco”. Ele era sem cidade, sem teto, banido da pátria, mendigo, errante e em cotidiana buscar por um pedaço de pão. Costumava dizer que opunha à fortuna a coragem, à convenção a natureza, à paixão a razão.
Em sua vida cotidiana Diógenes possuía apenas seu tonel que era sua casa, e uma tigela para beber água. Certa vez viu uma criança bebendo água na concha das mãos e jogou a tigela dizendo: – Um menino me deu uma lição de simplicidade.
Certo dia quando tomava sol diante do seu tonel se deparou com a figura de Alexandre Magno que, por ter ouvido sobre a sua famosa forma de viver, resolveu visitá-lo. Alexandre que estava acompanhado de sua guarda governamental falou: – Grande filósofo Diógenes, sobre tudo o que há no meu reinado, pede-me o que desejas que eu concretizarei o teu pedido. Diógenes olhou para Alexandre e simplesmente disse: – Gostaria que o senhor afastasse um pouco e devolvesse o meu sol. Todos os guardas caíram na gargalhada. Alexandre pediu para que eles calassem e assim falou: – Seu eu não fosse Alexandre gostaria de ser Diógenes.
Romualdo Palhano
Arque com Arte – Professor Titular da Universidade Federal do Amapá, pós-doutor em teatro pela Universidade Federal da Paraíba – UFPB, doutor em teatro pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro