Alegria, luz do dia!
Envolvem-me em seus cantos
os profetas do esperanto.
Abro ventanas e portas,
ouço sibilares cantos.
São sabiás e bem-te-vis
esvoaçando pelos jardins,
enquanto o trinca-ferro
bica e bica a janela,
sob o bailado das cortinas,
a procura de sementes …
O beija-flor beija as flores
com elegância e galanteria.
A vida assim cativante
palpita gentil e constante
no espaço urbano em que habito.
Isso me faz lembrar daquele que partiu,
na semana ora em curso,
o arquiteto das cidades esponjas – Kongjian Yu.
Partiu cedo em inesperado sobrevoo.
Deixou sua marca,
gravou sua fala na alma dos brasileiros:
“Vejo o Brasil como a última esperança para consertar o planeta”.
Fez eco a inúmeras vozes .
Vozes de amor ao Brasil.
O paterno verso de D. Pedro II:
“Criança, não verás nenhum país como este”.
O angustiante apelo de Gonçalves Dias:
“Minha terra tem palmeiras, onde canta o Sabiá.
Não permita Deus que eu morra, Sem que eu volte para lá…”
Que se faça ouvir o grito da Terra.
A urgência impera.
Cuidados requer o campo e a cidade,
o solo sagrado, o ar puro da sustentabilidade
revigora a vida e o frescor da alegria.