Marco Túlio Cícero (106 a.C. – 43 a.C.), senador romano, foi um dos maiores oradores de todos os tempos, autor de diversos discursos — entre eles As Catilinárias — e de frases que ecoam até hoje entre os atuais oradores, como o célebre “Ó tempos, ó costumes!”.
O famoso filósofo, jurista e senador romano, se vivo fosse, diante das incoerências e dos discursos falaciosos do atual presidente, certamente iniciaria seu pronunciamento, desta feita, denominando-o “As Lularias”, dizendo:
“Até quando, ó Lula, abusarás de nossa paciência?
Por quanto tempo ainda há de zombar de nós essa loucura?
A que extremos se há de precipitar tua audácia sem freio?
Ó deuses imortais! Em que país do mundo estamos nós, afinal?
Que governo é o nosso? Em que cidade vivemos nós?”
Digo isto em razão das incoerências entre as promessas de campanha e as ações de governo — várias não cumpridas e outras, simplesmente, contrárias ao que o próprio candidato afirmara.
Apenas para citar alguns exemplos:
- Transparência pública
Lula prometeu acabar com o sigilo de documentos públicos. Ao contrário, negou 1.339 pedidos de informação apenas no ano de 2023, sob a justificativa de conterem dados pessoais, segundo reportagem do jornal Estadão (21/03/2024, por Tárcio Lorran).
Há diversos temas sob sigilo, desde as agendas da primeira-dama, a lista dos militares do Batalhão de Guarda Presidencial que estavam de plantão durante o ataque à Praça dos Três Poderes, os gastos com o cartão corporativo, e, pasmem, até dois telegramas diplomáticos que tratam dos irmãos Joesley e Wesley Batista e dos negócios da JBS nos Estados Unidos, em meio às negociações do Brasil para tentar reverter o tarifaço de 50% imposto pelo então presidente norte-americano Donald Trump à carne brasileira e outros produtos. - Meio ambiente
Lula prometeu acabar com o desmatamento da Amazônia até 2030. Ao contrário, o desmatamento bateu recordes.
Segundo dados do Instituto Imazon, a degradação atingiu uma média equivalente a 10 mil campos de futebol por dia, entre janeiro e outubro de 2024 — o pior índice dos últimos 15 anos. - Corrupção
Lula afirmou em campanha (UOL, 25/08/2022) que, se eleito, acabaria com a corrupção:
“Qualquer hipótese de alguém cometer qualquer crime, por menor ou maior que seja, essa pessoa será investigada, será julgada e punida ou absolvida. Assim você combate a corrupção no país. Corrupção só aparece quando você permite que ela seja investigada.”
Ao contrário, o que se vê — conforme noticiado pela imprensa e pela CPI do INSS — é que o sindicato do qual o irmão de Lula é vice-presidente foi apontado como um dos possíveis envolvidos em fraudes contra o instituto. - Indicações ao STF
Lula prometeu que não indicaria amigos pessoais ao Supremo Tribunal Federal, afirmando textualmente:
“Mexer na Suprema Corte para colocar amigo é um retrocesso.”
Ao contrário, indicou e nomeou seu advogado pessoal, o atual ministro Cristiano Zanin — sem aqui se adentrar no mérito de suas competências jurídicas. - Saúde pública
Lula prometeu “zerar as filas” do Sistema Único de Saúde (SUS).
Ao contrário, apesar de alguns programas implementados, segundo reportagem da BBC News Brasil (15/10/2025), estatísticas oficiais e estudos independentes demonstram que o tempo de espera para consultas e procedimentos especializados atingiu recorde em 2024.
Apenas por esses exemplos já se pode parafrasear a célebre frase de Cícero:
“Até quando, ó Lula, abusarás de nossa paciência?”
As declarações sobre o narcotráfico
Em relação ao enfrentamento aos narcotraficantes, durante coletiva de imprensa em Jacarta, capital da Indonésia, ao ser questionado sobre a ação dos Estados Unidos que destruiu embarcações próximas à Venezuela transportando drogas e traficantes, Lula afirmou que os traficantes são “vítimas dos usuários”.
O presidente, em sua conhecida “incontinência verborrágica”, declarou:
“Toda vez que a gente fala de combater as drogas, possivelmente fosse mais fácil a gente combater os nossos viciados internamente. Os usuários são responsáveis pelos traficantes, que são vítimas dos usuários também. Você tem uma troca: gente que vende porque tem gente que compra […]. Então é preciso que a gente tenha mais cuidado no combate à droga.”
Ora, dizer que é preciso “ter cuidado” no combate às drogas é, por vias oblíquas, um permissivo ao tráfico de entorpecentes.
O enfrentamento ao tráfico, seja nacional ou internacional, deve ser feito com o máximo rigor e firmeza.
Talvez seja por discursos e políticas “cuidadosas” como essa, permitem que 20% dos brasileiros convivam em territórios dominados por facções criminosas, como o PCC (Primeiro Comando da Capital), o Comando Vermelho e as milícias, segundo pesquisa do Instituto Datafolha, publicada em 16/10/2025.
Termino o artigo, novamente plagiando Cícero:
“Em que país do mundo estamos nós, afinal?
Que governo é o nosso?
Por quanto tempo ainda há de zombar de nós essa loucura?”
Tenho dito!

