Na medicina, muitas vezes são utilizadas metáforas — ou seja, formas de nomear doenças, estruturas anatômicas e fenômenos clínicos com base em elementos da natureza, animais, entre outros.
Essas metáforas vêm sendo cada vez menos usadas na medicina acadêmica moderna, mas continuam presentes na medicina clássica e têm utilidade, principalmente ao transmitir informações de maneira mais compreensível para o paciente leigo.
Por exemplo, na anatomia do joelho, existe a chamada “pata de ganso”, que é a união de três tendões musculares. Quando há inflamação nesse ponto, chamamos de tendinite da pata de ganso.
No lúpus, a sensibilidade à luz causa uma mancha característica no rosto dos pacientes, conhecida como lesão em asa de borboleta. Já em outra doença reumática, a dermatomiosite, a vermelhidão no busto recebe o nome de sinal do xale.
Mas, afinal, o que é o bico de papagaio?
O famoso “bico de papagaio” é a forma popular de se referir ao osteofito, uma das manifestações radiográficas da artrose (ou osteoartrite), a doença reumática mais comum. A artrose é uma importante causa de afastamento do trabalho e de sofrimento físico e psicológico para os pacientes.
Ela pode acometer diversas articulações — que são estruturas anatômicas de união entre ossos — e se caracteriza por:
- redução do espaço articular,
- alterações na qualidade do osso sob a cartilagem,
- formação de osteofitos, que são esses “bicos” anômalos de osso.
Esses osteofitos são chamados de “bico de papagaio” por sua aparência na radiografia da coluna: formam uma espécie de prolongamento ósseo que, quando observado em conjunto (superior e inferior), lembra o bico curvo dessa ave tão comum no Brasil.
Artrose na Coluna
A artrose da coluna pode apresentar diferentes graus: leve, moderado ou severo.
- Casos leves: tratamento com analgésicos, perda de peso, fisioterapia e exercícios leves.
- Casos graves: os osteófitos podem comprimir raízes nervosas (radiculopatia por osteofitose) ou até a medula espinhal (estenose do canal medular). Nessas situações, além dos cuidados conservadores, pode ser necessário recorrer à cirurgia.
A artrose também pode acometer joelhos, quadris, mãos, ombros, entre outras articulações. Muitas vezes há um componente familiar e genético, e infelizmente ainda não há um medicamento eficaz para evitar sua progressão.
Como prevenir?
A prevenção da artrose envolve o controle de fatores de risco, como:
- obesidade,
- diabetes,
- alimentação inadequada,
- sedentarismo,
- abuso de álcool e cigarro,
- atividades com impacto excessivo sobre as articulações.
O uso de colágeno via oral ainda não tem comprovação científica robusta quanto à eficácia na prevenção. Por outro lado, um estilo de vida saudável faz toda a diferença.
A artrose é mais comum em pessoas com mais de 50 anos. Quando atinge articulações mais superficiais, como joelhos ou mãos, pode causar sinais visíveis de inflamação: vermelhidão, calor, inchaço e até derrame articular.
Nesses casos, o reumatologista pode realizar uma punção articular, com agulha, para aspirar o líquido e aliviar os sintomas. Em alguns casos, são necessárias infiltrações, principalmente em joelhos, ombros, quadris e até na coluna.
Diagnóstico precoce faz a diferença
O diagnóstico precoce e o tratamento adequado, principalmente nas fases iniciais, podem evitar a perda de função das articulações acometidas. Em estágios avançados, pode ser necessário o encaminhamento para cirurgia de prótese articular, especialmente em joelhos e quadris — com grande impacto positivo na dor e na mobilidade.
Em todos os estágios da doença, o fisioterapeuta tem papel na redução da dor e na preservação da função articular
Lembre-se: reumatismo é coisa séria!
Se você sente dores nas articulações ou nas costas, procure um reumatologista.