Em 11 de maio de 2018, escrevi um artigo intitulado “Chega de Hipocrisia, o Rio de Janeiro Está em Guerra”.
Naquele texto, alertei — o que todos já sabiam e ainda sabem — sobre a violência que assolava e continua assolando os morros cariocas, fazendo dezenas de vítimas inocentes.
Ressaltei que a grande maioria dos moradores daquelas comunidades (favelas) vive refém do crime organizado, que impõe, pelo uso da força e do medo, a lei do silêncio; determina como os moradores podem entrar e sair das comunidades; obriga motoristas a abaixarem os vidros, motociclistas a retirarem os capacetes (sob pena de serem alvejados); e ergue barricadas para dificultar a entrada do Estado policial.
Apresentei, à época, dados estarrecedores da violência: até o dia 10 de maio de 2018, somente na favela da Rocinha haviam sido contabilizados 93 tiroteios naquele ano (um a cada 36 horas). A comunidade da Praça Seca registrava 117 e a Cidade de Deus, 121. Somente nessas três comunidades, ocorria um tiroteio a cada 10 horas, em média.
Hoje, a realidade não é diferente — pior: agrava-se a cada ano que passa.
Em 21 de julho deste ano, relatório do Instituto Fogo Cruzado revelou uma alta histórica nos confrontos armados na região metropolitana do Rio de Janeiro: foram 154 registros apenas no primeiro semestre de 2025, um aumento de 48% em relação ao mesmo período de 2024.
O Brasil contabilizou 39 mil assassinatos em 2024, segundo dados do Ministério da Justiça.
Ressalte-se que o número inclui apenas homicídios dolosos — não considerando as mortes decorrentes de ações policiais. Isso representa uma taxa de 18,2 mortes para cada 100 mil habitantes.
Na terça-feira, 28 de outubro de 2025, uma megaoperação policial foi realizada no Complexo do Alemão e na Penha, conforme amplamente divulgado pela imprensa. O saldo foi trágico: 121 mortos, entre eles dois policiais civis e dois militares.
Durante a operação, o que se viu foram cenas de guerra: narcotraficantes fortemente armados com fuzis de longo alcance, barricadas bloqueando acessos e até drones lançando granadas e explosivos contra policiais e moradores.
Foram apreendidos, entre outros armamentos, 91 fuzis de uso restrito das Forças Militares.
Segundo lista divulgada pelo governo do Rio de Janeiro, entre os mortos havia pelo menos nove chefes do tráfico e 78 indivíduos com antecedentes criminais.
É evidente que não se comemora a morte de criminosos, mas algo precisa ser feito. Se o Estado for omisso, os moradores dessas comunidades continuarão reféns dos narcotraficantes e das “leis” por eles impostas.
As facções criminosas e a escalada da violência cresceram justamente pela inércia das autoridades em reprimi-las.
O enfrentamento eficaz — com incursões, operações constantes e presença permanente do Estado policial nas comunidades — deve prevalecer, mesmo diante dos inevitáveis efeitos colaterais desta guerra contra o tráfico.
Caso contrário, veremos apenas o aumento da criminalidade e a expansão territorial das facções.
Tomemos como exemplo El Salvador, país da América Central que, até poucos anos atrás, era dominado por gangues e considerado um dos mais violentos do mundo, com taxa superior a 100 homicídios por 100 mil habitantes.
Com a posse do presidente Nayib Bukele, o país adotou uma política firme de combate à criminalidade, substituindo discursos vazios por ações concretas. O resultado foi uma redução drástica da taxa de homicídios — de 100 para menos de 2,3 por 100 mil habitantes — transformando El Salvador em um dos países mais seguros do planeta.
A população, antes refém da violência, reelegeu Bukele com mais de 80% dos votos.
Não cabe mais, diante do avanço do narcotráfico, sustentar discursos falaciosos sobre “dignidade humana” que defendem bandidos e não os cidadãos de bem — as verdadeiras vítimas desse sistema.
É inconcebível ouvir do chefe da nação que “traficantes são vítimas dos usuários”.
É desproporcional exigir que policiais, ao entrarem em comunidades e serem recebidos a tiros de fuzil e granadas lançadas por drones, reajam com “moderação”.
Não se combate o crime organizado com discursos e flores.
Cobrar “proporcionalidade” de uma força policial atacada com armamento de guerra é o mesmo que esperar que morram tantos policiais quanto criminosos.
O bandido que atira contra um policial, representante do Estado, não hesitará em atirar contra um cidadão comum.
A exemplo do governo do Rio de Janeiro, o enfrentamento à criminalidade precisa deixar a retórica e se transformar em ações efetivas e permanentes.
Tenho dito!!!

