Cresci lendo Mario Vargas Llosa (1936-2025) e Gabriel García Márquez (1927-2014), 2 gênios. Com eles aprendi muito, especialmente que escrever é antes de tudo um ato de disciplina e determinação. Esta semana fiquei com o coração apertado ao saber da morte de dom Mario, a quem tive o privilégio de conhecer quando morava em Madri (Espanha) e frequentava algumas reuniões da sua Fundação Internacional para a Liberdade, cujos encontros eram realizados na sede do Instituto Cervantes, na Calle de Alcalá 49, perto da Gran Via.
Cresci lendo Mario Vargas Llosa (1936-2025) e Gabriel García Márquez (1927-2014), 2 gênios. Com eles aprendi muito, especialmente que escrever é antes de tudo um ato de disciplina e determinação. Esta semana fiquei com o coração apertado ao saber da morte de dom Mario, a quem tive o privilégio de conhecer quando morava em Madri (Espanha) e frequentava algumas reuniões da sua Fundação Internacional para a Liberdade, cujos encontros eram realizados na sede do Instituto Cervantes, na Calle de Alcalá 49, perto da Gran Via.
Cresci lendo Mario Vargas Llosa (1936-2025) e Gabriel García Márquez (1927-2014), 2 gênios. Com eles aprendi muito, especialmente que escrever é antes de tudo um ato de disciplina e determinação. Esta semana fiquei com o coração apertado ao saber da morte de dom Mario, a quem tive o privilégio de conhecer quando morava em Madri (Espanha) e frequentava algumas reuniões da sua Fundação Internacional para a Liberdade, cujos encontros eram realizados na sede do Instituto Cervantes, na Calle de Alcalá 49, perto da Gran Via.
Faz pouco tempo, li o livro póstumo de García Márquez, “Em agosto nos vemos”, que ele não queria publicar, mas a família o fez num gesto inconveniente –para dizer o mínimo. O livro é ruim, mostra um Gabo claudicante, sem a mesma energia dos livros anteriores.
Vi Gabriel García Márquez numa festa de Ano Novo em Cartagena, em 2012 ou 2013, não tenho certeza. Ele já estava caidinho e morreu logo depois em 2014. O Gabo do livro póstumo era aquele do tabulado da festa de Ano Novo.
Eu ficava esperando sair o último livro de Mario Vargas Llosa e logo comprava na Amazon. Sua obra derradeira, “Le dedico mi silencio”, também não tem aquela vibração de antes. Não vou falar de “Conversa no Catedral”, disparado o melhor livro dele, mas de “Tiempos Récios” ou “Travessuras de la niña mala”, que saíram nos últimos anos.
Com Javier Marías se passou o contrário: seu último romance, “Thomás Nevison”, continuação do incrível “Berta Isla”, é extremamente instigante. Marias morreu jovem, com 70 anos, enquanto García Márquez chegou aos 87 e Vargas Llosa se foi aos 89. Marías, um recluso, tão diferente de Gabo e dom Mario. Quase celibatário.
Um dia, lá se vão uns 50 anos, Mario e Gabriel se encontraram. O colombiano saudou o peruano com um “hermanito!”. Em seguida, foi nocauteado pela direita precisa de Mario Vargas: “Como você tem coragem de se dirigir a mim depois do que fez com Patrícia em Barcelona!”. Gabo cometera a imprudência de assediar dona Patricia e ganhou o troco dolorido.
Mario e suas mulheres. Foram essencialmente 3 na sua movimentada vida de escritor, Nobel de Literatura e marquês, nomeado pelo rei Juan Carlos de Espanha. Sua tia Julia, transformada em personagem do livro “Tia Julia e o escrivinhador”, Patrícia, sua prima, e, a última, a amiga Isabel Preysler, o romance do homem maduro transformado em adolescente. Cheguei a cruzar um par de vezes com dom Mario desfilando com Isabel a tiracolo, ela linda, ex-modelo, seduzida ainda garota por Julio Iglesias, com quem foi casada anos.
Ele trocara mais de 50 anos de vida com Patrícia para mergulhar naquele romance adolescente com Isabel. Em 2022, a relação chegou ao fim depois de 8 anos.
Mario sabia que tinha uma doença incurável, tentava manter o ritmo de vida o mais normal possível, com exercícios físicos e escrevendo 6 ou até 8 horas por dia. Proibiu que os mais íntimos revelassem sua enfermidade. Isabel cumpriu o trato e ele voltou para a família, no Peru, e passou os últimos dias da sua vida no apartamento do bairro Barranco, um dos mais boêmios de Lima, joiazinha, encravada naquela capital de céu cinzento na maioria dos dias.
Dom Mario cumpriu um ritual, visitou os lugares que inspiraram seus livros, como o prédio onde funcionou o bar e restaurante Catedral e a Escola Militar, onde teve a inspiração para “La ciudad de los perros”. Quando já estava pronto para partir, a presidente peruana Dina Boluarte foi até sua casa, abraçou Álvaro, o filho mais velho, e solidarizou com a família.
Em 13 de abril, dom Mario partiu para sempre. Cremado, foi transformado em cinzas que couberam em 2 potes. O escritor, encantador de palavras e sonhos, agora é poeira a se misturar com o ar salgado de Lima, os aromas, os sabores e os tempos eternos impressos nos livros que deixou de herança para a humanidade….
Don Mário virou poeira
