O gás natural tornou-se importante à medida que cresce a demanda por eletricidade acessível e confiável.
Tenho batido e rebatido há muito quanto a classificação da ‘fontes fósseis’ de combustíveis fosseis, até porque não servem apenas como combustíveis. Até me atrevo a afirmar que o combustível é apenas uma pequena parte da utilidade das fontes fosseis que alimentam a criação de, pelo menos, 6.500 produtos que são utilizados pela humanidade.
Porém em defesa do gás natural o site RealClear Energy publicou, em 9 de setembro de 2025, a matéria “O gás natural não é uma ponte para o amanhã. É a superestrada do futuro”, assinada por Gary Abernathy, editor, repórter e colunista de jornal de longa data. Foi colunista colaborador do Washington Post de 2017 a 2023 e analista convidado frequente em diversas plataformas de mídia, que transcrevo trechos.
“Ao longo dos anos, à medida que se tornava mais poderoso, o ataque do culto climático aos combustíveis fósseis normalmente não deixava espaço para concessões. Acabar com toda a dependência de qualquer coisa que não fosse as chamadas energias renováveis era a posição que se esperava que a indústria energética e o governo adotassem, com várias datas de término arbitrariamente definidas para enterrar a indústria de combustíveis fósseis de uma vez por todas. Mas para os fanáticos pelas mudanças climáticas, uma mosca na sopa tornou tais objetivos claramente irracionais: o gás natural. Em vez de diminuir sua chama lenta e cooperativamente até que se apagasse, o gás natural, por necessidade, continuou a florescer.
A tecnologia de fraturamento hidráulico tornou a extração de gás natural mais fácil e acessível do que nunca. Sua relativa pureza, em comparação com outros combustíveis fósseis, tornou mais difícil para extremistas ambientais se oporem a ela. E as indústrias perceberam que não havia fonte de energia mais eficaz, confiável e acessível para a rede elétrica do que o gás natural.
É claro que os ambientalistas mais extremistas não se deixaram influenciar pelos fatos, continuando a exigir o fim imediato de todos os combustíveis fósseis. Mas os defensores de uma mudança em direção à energia ‘verde’, interessados em manter um certo nível de credibilidade, começaram a suavizar um pouco sua posição. Demonstrando pelo menos uma leve compreensão da realidade, começaram a se referir ao gás natural como uma ‘ponte’ para um futuro renovável.
Um exemplo desse pensamento veio do Yale Climate Connections, uma iniciativa do Centro de Comunicação Ambiental de Yale, sediado na Universidade de Yale. Em um artigo de 2016 apresentando os prós e os contras do gás natural, o jornalista climático Bruce Lieberman aconselhou: ‘Considere o gás natural como um combustível ‘ponte’ para uma economia de energia renovável em crescimento’ e citou um relatório do Joint Institute for Strategic Analysis que observou que o gás natural e a energia renovável ‘podem contribuir para uma rede elétrica de baixo carbono, resiliente e confiável, diversificando a matriz elétrica e protegendo contra riscos associados às incertezas do mercado e das políticas públicas’.
Lieberman, porém, parecia cético quanto à possibilidade de o gás natural acompanhar o ritmo das energias renováveis para, em conjunto, representar a futura geração de eletricidade. Ele apontou para a Califórnia, onde ‘o atual excesso de oferta de gás natural e o boom nos setores de energia solar, eólica e outras energias renováveis deprimiram os preços da energia e ameaçaram a viabilidade das usinas de gás natural’, como observou em reportagem da Reuters na época.
As previsões sobre o fim do gás natural se juntam a uma longa lista de previsões energéticas imprecisas de uma década ou mais atrás. Como sabemos agora, o gás natural tornou-se ainda mais importante à medida que cresce a demanda por eletricidade acessível e confiável. No Texas, por exemplo, a expansão iminente de data centers de IA levou a planos para desenvolver usinas a gás privadas e dedicadas para contornar as redes existentes e garantir que a geração de eletricidade seja confiável e ininterrupta. É comovente que sejam esses mesmos programas de IA – alimentados por eletricidade de gás natural – que ajudarão a conceber novas tecnologias energéticas do futuro.
Cada vez mais, os estados e as comunidades locais estão percebendo que o gás natural será por muito tempo a fonte de energia mais confiável e acessível disponível, especialmente com as ‘energias renováveis’ como a eólica e a solar muitas vezes se mostrando incompatíveis com as redes elétricas existentes – um conflito que leva ao risco de apagões, como aconteceu no início deste ano na Espanha e em Portugal, que dependem fortemente da eólica e da solar, mas tiveram que recorrer ao gás natural para restaurar a energia (e têm dependido mais do gás nos meses desde o apagão).
A queima de gás natural de fato contribui para alguma poluição. Mas, como até mesmo o artigo do Yale Climate Connections admitiu há nove anos, ‘é relativamente limpo em comparação com outros combustíveis fósseis’ e, crucialmente, há ‘suficiente disponível para durar o resto deste século’, uma estimativa geralmente aceita por análises mais recentes.
O que está ficando claro para todos, exceto para os ideólogos mais cegos, é que o gás natural não é uma ponte para o amanhã. É a superestrada do futuro. O gás natural continuará a liderar o aumento de energia do século XXI e, pelo menos nas próximas décadas, as ‘energias renováveis’ irão, na melhor das hipóteses, complementar o gás natural ou, às vezes, servir como reserva.
Nenhum plano para atender às demandas futuras de energia que exija a eliminação ou mesmo a minimização do gás natural pode ser considerado uma proposta séria. Energia eólica, solar e, especialmente, nuclear são bons complementos para o gás natural. Mas já cruzamos a ponte para o amanhã, com o gás natural liderando o caminho e alimentando um futuro mais limpo, mais brilhante e cheio de promessas.”
Como ficou bem claro no artigo que o gás natural é a única das fontes fosseis capaz, ao lado das hidrelétricas e usinas nucleares, de suprir de eletricidade a humanidade no seu processo evolutivo sem grandes danos ao meio ambiente. O gás natural é encontrado em formações rochosas subterrâneas ou em reservatórios de hidrocarbonetos em camadas de carvão através de jazidas de petróleo, por acumulações em rochas porosas, isoladas do exterior por rochas impermeáveis, associadas ou não a depósitos petrolíferos. A maior parte do gás natural foi formado pelo tempo por dois mecanismos: os gases biogênicos e termogênicos.
Antes do gás natural poder ser utilizado como combustível, ele deve passar por um tratamento para retirar impurezas, inclusive a água, para satisfazer as especificações de um gás natural comercializável. São retirados nesse processo de tratamento etano, hidrocarbonetos de peso molecular superior, dióxido de carbono, hélio e nitrogênio, isto é um fato bem conhecido.
“Não há ideais, mas somente fatos, nem verdades, mas somente fatos, não há razão nem honestidade, nem equidade etc., mas somente fatos. Palavras não mudam a realidade dos fatos”. Moniz Bandeira, historiador e pesquisador.