Bem! Hoje volta à minha adorada praça para apreciar a natureza e aqueles belos personagens caninos que tanto me inspiram e me dão alegria. Sento-me no banco de sempre e antes de apreciar os meus amados amigos, eu abro o jornal para ler as novidades. Então me deparo com uma notícia que ora me fez rir, ora me deixou preocupado, e dizia assim:
“Então eles votaram para construir um muro… pois bem, meus queridos americanos, mesmo que vocês não
entendam muito de geografia, já que para vocês a América é seu país se não um continente, é importante
que antes de vocês colocarem os primeiros tijolos, vocês descubram o que eles estão deixando do lado de
fora desse muro. Existem cerca de 7,7 bilhões de pessoas por aí do lado de fora do muro; Mas como vocês
não conhecem bem o termo pessoas, vamos chamá-las de consumidores”
Posso pensar que os caninos loiros dos olhos azuis( arianos puros) não sabem ou não conseguem entender que esses bilhões de consumidores que ficarão do lado de fora do seu conjunto unitário, aqueles que estudamos no ensino fundamental, de estar contigo e não estar contigo , de pertence e não pertence podem facilmente, em pouquíssimo tempo, substituir seus iPhones por Samsung ou Xiaomi, assim como suas roupas Levi’s por Zara ou Gucci, como também parar de comprar Ford, Chevrolet e substituí-los por um Toyota, Renault, Honda, Hyundai etc., que são carros tecnicamente superiores aos carros que eles produzem.
Como sobreviveriam os megas empresários da Sky, Direct Tv, Netflix sem os assinantes do outro lado do muro? Eles precisam entender que Hollywood não é a única que faz megaproduções da sétima arte, podemos trocá-la pelas produções latino-americanas, europeias ou coreanas que têm qualidade, mensagens e conteúdos superiores, assim como grandes atores e atrizes. E o que dizer dos parques temáticos? Não tenho dúvida que eles não conhecem o Park Xcaret em Cancun, México e Canadá. Há outros lugares excelentes na América do Sul, no oriente e na Europa e, por que não no Brasil?
Eu não trocaria os hambúrgueres Brasileiros e os do México, especialmente os outros lanches mexicanos como Taco, Chile e Burrito, que são famosíssimos nos States, pelos hambúrgueres do Tio San, e muito menos um doce de cupuaçu por um pedaço de “apple pie”.
As sete maravilhas do mundo não estão locadas nos Estados Unidos. Lá, eu desconheço haver Pirâmides, eu sei que no Egito, México, Peru e Guatemala existem e com culturas incríveis. Onde estão as maravilhas do mundo antigo e moderno? Quem disser: Nos Estados Unidos. Errou feio, pois nenhuma delas está lá. Mas se lá estivessem, Dog Trump as teria comprado e revendido.
Talvez os Arianos Norte-americanos precisem saber que meus pés não calçam Nike há muito tempo. Eu os substituí pela Adidas, Puma, Mizuno etc., assim também como meu corpo não se cobre mais com as roupas da Nike, New Balance. Há coisas muito melhores que se pode usar.
Strawberry, Grape fruit, Apple pie, Icecream etc. Jamais seriam melhores que Açaí, tucumã, Cupuaçu, Bacuri, Pupunha, Taperebá e outras coisas que ao aqui tem. Nem mencionei as maravilhas Nordestinas: Umbu, Côco Catolé, entre outros.
Se todos esses consumidores, que estão fora desse muro racista, deixarem de comprar seus produtos, haverá desemprego e sua economia entrará em colapso a ponto de eles terem que implorar para que derrubassem o muro fatídico.
Fiquei imaginando o que o egoísmo e a soberba são capazes de produzir e quão perversas são as atitudes desses dois maléficos substantivos. Eles só constroem muros e atrapalham a boa visão, enquanto a Humildade só constrói pontes e clareia a boa visão.
Será que eles sabem o que significa estar isolado? Que o termo “Globalização”, filha e menina dos olhos do capitalismo, significa aproximação tanto comercial quanto cultural e social? Eles não aprenderam com o muro de Berlim? O quão sofredor foi aquilo? Que na prática, formou uma ilha capitalista, cercada de um regime totalitário por todos os lados? Será que eles sabem que o Muro de Berlim nunca separou as duas Alemanhas. Ele nem se quer foi construído na fronteira entre os dois países? Não vamos confundir alho com bugalhos.
Será que existe alguma técnica que torne possível dosar a falta que faz um abraço, um colo, um carinho? A experiência de estar distante dos seus e de quem você ama, vivida e repetido dia após dia, vai provocando o surgimento de sinais muito bem conhecidos de todos nós: O coração, de vez em quando, acelera. Os olhos, ávidos, se avivam. A respiração, vez por outra, vai se tornando irregular, ansiosa, desritimada. Solidão e insegurança parecem tomar conta do pensamento.
Submerso nessa trama castigante de falta de convivência, nosso personagem, aos poucos e de forma paradoxal, vai perdendo o interesse pelo dia que vive lá fora, inalcançável.
Eu espero que eles possam rever essa sandice, pois eles sabem, de certo, que não se pode viver isolado do mundo, criando barreiras para que outros não participem do seu conjunto unitário. Lembro da minha professora de Matemática repetindo: – Pertence, não pertence. Está contido ou não está contigo.
Ah, esses pobres caninos. Não consigo imaginar até onde isso irá nos levar. E não pense que tenho a solução, eu só observo, angustio-me e escrevo. Quem sabe alguém pode me apresentar uma solução que não estou conseguindo enxergar daqui do meu banco de praça.
Eu só sei que nada sei, e o pouco desse nada que sei, é que a vida não é planejada, o cão não espera a vontade do homem, por isso o vira-lata defeca onde bem quiser. Ao humano, resta lhe recolher as fezes.
HÁ UM MURO DE BERLIM DENTRO DE MIM
