Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES)
O que é o lúpus?
O lúpus é uma doença autoimune crônica, o que significa que o próprio sistema imunológico — que normalmente defende o corpo contra infecções — passa a atacar órgãos e tecidos saudáveis.
Ele pode afetar diversos órgãos, como pele, articulações, sangue, rins, pulmões, coração e até o cérebro.
O que causa o lúpus?
A causa exata ainda não é totalmente conhecida. Acredita-se que seja uma combinação de diversos fatores:
Genéticos: pessoas com histórico familiar de doenças autoimunes têm maior risco.
Hormonais é mais comum em mulheres, especialmente em idade fértil, o que sugere influência dos hormônios femininos.
Ambientais: exposição solar intensa, algumas infecções, uso de certos medicamentos e situações de estresse podem desencadear ou agravar a doença.
O lúpus não é contagioso e não passa de uma pessoa para outra. Ele resulta de um desequilíbrio no próprio sistema imunológico do paciente.
Quem pode ter lúpus?
É mais comum em mulheres entre 15 e 45 anos. Afeta mais pessoas de pele morena e negra, mas pode ocorrer em qualquer pessoa.
Observação importante:
Na região amazônica, especialmente no Amapá, a radiação solar intensa durante todo o ano e algumas infecções comuns da região podem estar relacionadas a uma maior incidência ou agravamento dos sintomas do lúpus.
Formas de apresentação do lúpus
O lúpus não se apresenta da mesma forma em todas as pessoas. Existem vários fenótipos clínicos, ou seja, diferentes tipos de apresentação da doença, que variam conforme os órgãos atingidos e os sintomas predominantes.
Forma clássica (mais comum):
Ocorre geralmente em mulheres jovens, em idade fértil. Os sintomas podem iniciar durante ou após a gestação. Os primeiros sinais costumam ser dores articulares, manchas avermelhadas na pele (especialmente no rosto), úlceras na boca (aftas) e queda de cabelo.
Forma hematológica:
Alguns pacientes desenvolvem alterações no sangue, como plaquetas baixas (plaquetopenia), anemia ou leucócitos baixos. Também pode haver risco de tromboses, como AVC e trombose nas pernas.
Forma neuropsiquiátrica:
Em alguns casos, o lúpus afeta o sistema nervoso central, causando confusão mental, convulsões, mudanças de humor, depressão ou alterações de comportamento.
Forma renal (a mais grave):
A nefrite lúpica pode surgir logo no início da doença ou se desenvolver ao longo do tempo. Exige tratamento rigoroso para evitar a progressão para insuficiência renal e hemodiálise.
Sintomas mais comuns
Cansaço extremo
Febre baixa
Dores e inchaço nas articulações
Manchas vermelhas no rosto (asa de borboleta)
Queda de cabelo
Feridas na boca ou nariz
Sensibilidade ao sol
Inchaço nas pernas e urina escura
Mudanças de humor, dor de cabeça ou convulsões
Critérios para o diagnóstico
O diagnóstico é feito com base nos sintomas e em exames laboratoriais. Os critérios incluem:
Autoanticorpos (FAN, anti-DNA)
Alterações no sangue
Inflamação nas articulações
Envolvimento da pele, rins ou sistema nervoso
Histórico clínico compatível
Manifestações articulares
Semelhantes à artrite, afetam mãos, punhos e joelhos. Causam dor, inchaço e rigidez, mas geralmente não levam a deformidades graves.
Manifestações cutâneas (na pele)
Mancha em asa de borboleta
Feridas na boca ou couro cabeludo
Manchas que pioram com o sol (fotossensibilidade)
Uso de protetor solar é essencial diariamente
Manifestações hematológicas e risco de trombose
Anemia
Queda dos glóbulos brancos ou plaquetas
Anticorpos que aumentam o risco de trombose (AVC, trombose nas pernas, embolia pulmonar)
Nefrite Lúpica: complicação grave
Afeta os rins, causando inchaço nas pernas, pressão alta e perda de proteína na urina. Pode levar à insuficiência renal e necessidade de hemodiálise.
Exames de urina e sangue são essenciais no acompanhamento.
Tratamento do lúpus
Hidroxicloroquina: base do tratamento, usada continuamente.
Corticoides (prednisona): para controlar inflamações.
Imunossupressores (azatioprina, micofenolato, ciclofosfamida): indicados para casos graves.
Anticoagulantes: em casos de risco de trombose.
O acompanhamento com reumatologista é fundamental.
Cuidados no dia a dia
Usar protetor solar diariamente.
Evitar o cigarro.
Dormir bem e reduzir o estresse.
Realizar exames regularmente.
Não interromper medicações sem orientação médica.
Apesar de ser uma doença crônica, o lúpus pode ser controlado com tratamento adequado e mudanças no estilo de vida. O diagnóstico precoce e o acompanhamento médico são essenciais para garantir qualidade de vida ao paciente.