O tema da suposta existência dos “Corais da Amazônia” na região da Foz do Rio Amazonas tem gerado intensos debates, especialmente no contexto da exploração petrolífera na Margem Equatorial Brasileira. Com base nos dados do Serviço Geológico do Brasil (SGB) e nos estudos conduzidos pelos professores Luiz Ercílio Faria Junior e Maamar El-Robrini, ambos da Universidade Federal do Pará (UFPA), é possível afirmar que não há evidências científicas sólidas que sustentem a presença de recifes de corais vivos na área em questão. Abaixo, apresento uma análise detalhada que corrobora essa conclusão.
O Serviço Geológico do Brasil (SGB), responsável por mapear e fornecer dados geológicos oficiais do país, não registra em seus mapas geológicos oficiais da plataforma continental brasileira a existência de recifes de corais vivos na região da Foz do Amazonas. Esses mapas, elaborados com base em décadas de levantamentos sistemáticos, incluindo o Projeto REMAC (iniciado nos anos 70) e outros estudos subsequentes, indicam que a área é caracterizada por estruturas geológicas como rochas carbonáticas e calcárias, formadas há milhares de anos, e não por ecossistemas recifais ativos. O SGB destaca que as condições ambientais da região — alta turbidez devido ao aporte de sedimentos do Rio Amazonas, baixa luminosidade e variações de salinidade — são incompatíveis com o desenvolvimento de corais vivos, que requerem águas claras, estáveis e bem iluminadas para prosperar.
O professor Luiz Ercílio Faria Junior, doutor em Ciências Naturais pela UFPA, reforça essa posição com base em mais de 50 anos de pesquisas na plataforma continental da região Norte. Em entrevistas e declarações, como as publicadas pelo Petronotícias em 2023 e 2024, ele afirma que os supostos “Corais da Amazônia” propagados por ONGs como o Greenpeace são, na verdade, rochas carbonáticas antigas, e não recifes vivos. Ercílio participou de projetos como o AMAS-SEDS (Amazon Shelf Sedimentary Studies), uma colaboração internacional que envolveu mais de 100 pesquisadores e gerou dados detalhados sobre a geologia e biologia da área. Segundo ele, os mapas geológicos oficiais do SGB, validados por esses estudos, não mostram evidências de corais vivos, e as imagens divulgadas pelo Greenpeace em 2017 — que alegadamente retratariam tais corais — não correspondem às características da Foz do Amazonas, sugerindo manipulação ou uso de fotos de outras regiões, como o Caribe.
Por sua vez, o professor Maamar El-Robrini, doutor em Geologia Marinha pela Université de la Sorbonne e especialista em oceanografia e geologia costeira, corrobora essa visão. Com vasta experiência em projetos como o REVIZEE (Recursos Vivos da Zona Econômica Exclusiva) e o REMPLAC, El-Robrini argumenta que as condições físico-químicas da Foz do Amazonas — marcadas por águas turvas, forte sedimentação e ausência de luz suficiente — tornam inviável a formação de recifes de corais vivos. Em eventos como o seminário promovido pela Federação das Indústrias do Pará (FIEPA) em 2018, ele destacou que os estudos oficiais, respaldados por instituições como a UFPA e a Marinha do Brasil, mostram apenas a presença de algas calcárias mortas, rodolitos e rochas carbonáticas, e não ecossistemas recifais ativos. Ele também questiona a validade científica das alegações do Greenpeace, apontando que elas carecem de respaldo nos dados consolidados pelo SGB.
Além disso, ambos os pesquisadores enfatizam que os mapas geológicos oficiais do SGB, que servem como base para decisões ambientais e econômicas, são resultado de décadas de trabalho sistemático e contínuo, incluindo colaborações com a Marinha do Brasil, que ainda hoje embarca cientistas para pesquisas na região. Esses mapas mostram que as formações carbonáticas da Margem Equatorial, embora possam ter sido recifes há 10 mil anos ou mais, estão hoje consolidadas como rochas, sem sinais de vida coralínea atual. Ercílio, em particular, critica o uso de estudos não oficiais, como o de Rodrigo Moura (publicado em 2016 na Science Advances), que foi amplamente divulgado pelo Greenpeace, mas que, segundo ele, não foi validado pelos dados geológicos oficiais e contém interpretações especulativas.
Portanto, com base nas informações do SGB e nas análises dos professores Luiz Ercílio Faria Junior e Maamar El-Robrini, pode-se concluir que não existem corais vivos na região da Foz do Amazonas. O que há são vestígios geológicos de antigas formações carbonáticas, erroneamente apresentados como recifes ativos por narrativas que, segundo os pesquisadores, carecem de rigor científico e podem estar motivadas por interesses externos contrários à exploração petrolífera na área. Essa posição é sustentada por mais de cinco décadas de dados acumulados, que continuam sendo atualizados e confirmam a ausência de ecossistemas recifais vivos conforme descrito pelo Greenpeace.