Ah, esta praça, como eu me sinto bem aqui! Sento-me e aprecio as pessoas, seus cães, a paisagem e todos esses outros cães. Alguns sem dono, sem lar e sem a mínima expectativa de ascender à classe social dos outros nobres caninos, esses pobres que fazem da praça um lugar para todos, além de fazê-la o habitat deles.
Venho aqui todos os dias e percebo que alguns cachorros não frequentam mais este democrático lugar, o qual abriga todos os tipos de cachorros: Os nobres, os vira-latas, os héteros os homoafetivos, os de esquerda, os de direita, centro e por aí vai.
Acredito que muitos emigraram para outros países. Devem ter achado esta praça não mais necessária ou de pouca qualidade para se viver. Acho que isso é típico de alguns animais que dependendo da estação do ano, eles migram para os lugares em busca de alimentos e abrigo, mas acho que não foi o caso desses pobres caninos. Cada um tem seus sonhos, suas escolhas e em uma praça democrática, as escolhas devem ser respeitadas.
Porém algo novo e espantoso estava acontecendo naquele momento. Olhei e vi muitos cães correndo em direção ao aeroporto que ficava bem próximo daquela praça. Então, fui ver o que estava acontecendo, pois a movimentação era grande.
Vi alguns cachorros rindo, zombando e dizendo:
- Muito bem-feito. É isso aí mesmo. Prometeu e está cumprindo.
Enquanto outros lamentavam o ocorrido. Muitos cães começaram a descer daquele avião, todos com suas cabeças baixas, tristes e com os pés e as mãos acorrentados, mas pareciam aliviados por estarem de volta ao lar, o lar que eles deixaram por acreditarem que não seria tão bom quanto viver no exterior. Muitos se queixavam do tratamento desumano que lhes foram atribuídos, como: Humilhação, violência e terror.
Fiquei pensando de onde eles estavam vindo, por que eles estavam acorrentados? Qual o crime que eles cometeram para estarem presos? Foi quando um canino, bem esperto e politizado, falou: - Eles foram deportados dos Estados Unidos como imigrantes ilegais. Dog Trump falou em campanha que iria varrer esses imigrantes dos Estados Unidos.
Eu fiquei perplexo com tamanha desumanidade, pois muitos desses animais se dispuseram a deixar tudo para trás: seus bens, familiares, amigos etc. venderam tudo que tinham em prol de um sonho de viver melhor em um país que para eles seria promissor.
Concordo que seja necessário estar legalmente em um país para morar ou trabalhar lá. Para isso, é preciso obter um visto ou autorização de residência, além de apresentar uma série de documentos. Cada país tem suas próprias exigências e isso requer que o cidadão leve consigo alguns documentos exigidos por eles. É importante planejar com antecedência e se organizar para garantir que todos os documentos necessários sejam apresentados.
Embora eu tenha essa opinião, não podemos esquecer que os deportados têm que ter seus direitos garantidos, pois são seres-humanos e nada pode ferir esses direitos. Conversando com alguns deles, ouvi que eles eram trabalhadores autônomos, os quais trabalhavam por diárias, e entraram nos Estados Unidos nos últimos anos, a maioria pela fronteira do México, e não possuíam os documentos necessários para as suas permanências em solo Americano. Porém nenhum deles era foragido da justiça ou procurados pela Interpol, nem condenado. (como alguns “Dogsonaristas” que para lá se refugiaram)
O mais triste de tudo, foi ver alguns caninos brasileiros apoiando essa ação desumana e descabível do Dog Trump. Não é de se admirar toda essa babação que alguns cães brasileiros de quinta categoria têm para com este ser de raça ariana. Este ser que mas parece querer construir um muro que separe seu povo dos demais.
Bajuladora contumaz dos Estados Unidos, a família vira-lata conseguiu, desde o primeiro mandato de Donald Trump, reunir um verdadeiro exército de vira-latas para trabalhar contra a soberania do Brasil. Subservientes aos interesses norte-americanos, apoiadores do Dog mito celebram a máxima de Trump, “make America great again”, às custas da submissão dos Estados nacionais ao imperialismo. Enquanto parlamentares apoiadores deste ser opaco festejavam a vitória do extremista nesta semana, brasileiros começaram a ser deportados dos Estados Unidos, vítimas de uma política anti-imigração que desumaniza e humilha povos latinos como mexicanos e brasileiros, seus próprios conterrâneos.
Esses brasileiros deixaram o seio da pátria mãe e partiram para serem adotados por outra. Em meados a tantos sofrimentos, talvez tenham pensado que fome, pobreza e corrupção esmagassem só as pessoas do Brasil, mas não sei de certo se foi isso que os fizeram emigraram daqui para a longínqua América do Sul com “a amarga constatação e a esperança de encontrar algo melhor do que eles tinham ou poderiam ter aqui”. Vamos pensar que a comédia se transformou neste drama que para eles, será inesquecível.
Lembrei do longa-metragem de Edgar Reitz, intitulado “A outra pátria, crônica de uma saudade”: Dois irmãos que achavam que só os seus sonhos os poderiam salvar. Lógico que não é errado você viver em outro lugar, pois sonhar faz parte da vida e ir em busca da realização de seus sonhos é uma atitude nobre, pois requer coragem acima de tudo.
Mas como estamos falando de filme, eu nunca tinha presenciado uma cena tão triste, lamentável e desumana. Nem Edgar Allan Poe, quanto Alfred Hitchcock seriam capazes de construir uma cena tão chocante, triste, medonha e real quanto aquela, a qual aqueles pobres caninos brasileiros eram protagonistas e antagonistas ao mesmo tempo.
Depois da farsa, à tragédia. A volta de Trump à Casa Branca, com truculência redobrada para semear conflitos globais e deportar imigrantes. Algo extremamente obscuro e perverso. É “tempo de olhos fechados e punhos cerrados”, mas a grande interrogação que paira neste céu obscuro é: “Quem semeará um ponto de luz?”