Estou aqui no arcabouço
a mergulhar em um fosso
para encarar destroços
de conceitos e preceitos
ou talvez preconceitos
sobre dogmas e substratos
do esqueleto ambulante do fazer literário.
Escrevo crônicas poéticas
e estas somente são possíveis
por um acordo ecumênico, profético,
feito entre meu eu poético e o poetar eclético
que rompeu não apenas com a métrica,
mas também com colunas simétricas
e andaimes pós dialéticos de escolas
e sacolas de embargos claudicantes
carimbados em rótulos acadêmicos
ou submersos nas tradições de trasanteontem.
Libertei-me de amarras, saltei forra das agruras.
Escrevo em sintonia com emoções e razões
conectadas em sinfonia de dores e alegrias,
expressas nas fogueiras das horas,
nas garoas dos dias de amor e vilanias.
São textos intensos, repletos de vivências,
tapetes voadores tecidos por palavras,
onde a paleta de cores redimensiona as imagens
nascidas a flor d’água da sensibilidade expandida
em reminiscência de sábios de saberes ocultos,
ou que habitam em gestos prosaicos do cotidiano:
oferecer uma bebida ao sedento,
um calçado e um cobertor ao mendigo,
um prato de bom cardápio ao faminto,
um olhar de ternura ao distante humano,
um abraço fraterno ao estranho sofrido
ou ao próximo conhecido ou amado.
Ou, o mais contagiante, um poema destilado
do meu coração esmagado nos moinhos da vida.