Nesta época em que a mentira domina as comunicações nas redes e fora das redes está em moda falar de Platão e seu Mito da Caverna. Diga-se, trata-se de forma brilhante de o filósofo explicar os delírios e enganos que as sombras ou a ignorância provocam nos seres humanos.
Os fantasmas das mentiras, diria eu, aprisiona-os, os humanos, em seus subterrâneos intrínsecos e nos subterrâneos coletivos em que algum cataclisma climático ou ético, ou moral, ou religioso, ou econômico e social os soterrou.
Mas não vou falar de Platão e sua caverna. Caverna que por si só simboliza uma condição de privação da visão de amplos horizontes, de ausência de sol, de vida…
É na Odisseia de Homero, o poeta historiador grego, que se encontra um dos relatos mais dramáticos e contundentes sobre o imbróglio que é para nós seres humanos enfrentarmos o que é falso ou enganador ou o aspecto bajulador da mentira através de, literalmente, o desafio da travessia de Ulisses.
É ela, a mentira ou engano que, se utilizando de encantos vindos do som e das imagens, dança magistralmente com o intuito de desviar Ulisses de seu destino, de seus objetivos, de seus propósitos para mergulhá-lo no abismo oceânico dos desejos ocultos – das ilusões. Ah, as ilusões…
Foi longa e dolorosa a “peleia” de Ulisses para se livrar das sereias, exigiu astúcia e determinação. Não menos longa e constante é a nossa luta para nos desviarmos dos petardos de falsidades e desinformações lançados em nosso espaço cognitivo e emotivo.
Chamaram-lhes de sereias.
Neste período Quaternário da era Cenozóica, podemos nomeá-las fake News. Prefiro o termo “mentira”. Este se adequa de forma consistente, sem desvio de entendimento, a qualquer situação onde o egoísmo prevaleça sobre a equidade e a beleza luminosa da essência da vida – a verdade transparente.
O CANTO DAS SEREIAS
