Fernando Nascimento – CRM-AP 642
Medico formado pela UEPA 1994. Residência Médica em Cirurgia Geral 1996-1998. Hospital Jaraguá-SP. Especialização em Endoscopia Digestiva na Escola Paulista de Medicina-Unifesp 1998-2000. Membro Titular da Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva -SOBED. Título de Especialista em Gastroenterologia pela Federação Brasileira de Gastroenterologia-FBG
O refluxo afeta aproximadamente 25 milhões de brasileiros, segundo o Colégio Brasileiro de Cirurgia Digestiva (CBCD).
O refluxo gaastroesofágico é o retorno do conteúdo gástrico, como alimentos e/ou ácidos, e que pode ocorrer em até 60% dos lactantes, tendo seu início em cerca de 7 semanas de vida. “A condição pode se intensificar dos 3 meses aos 4 anos de idade. Esse refluxo fisiológico geralmente não leva a sintomas ou consequências”,
O refluxo gastroesofágico acontece quando o ácido do estômago retorna para o esôfago, causando sintomas como azia, queimação no peito e gosto amargo na boca. Ocasionalmente, isso pode acontecer com qualquer pessoa(refluxo fisioógico), mas se os episódios são frequentes, é importante investigar.
A forma de mastigar o alimento, se há tosse ou pigarro e a sensação de queimação são alguns dos questionamentos que um especialista faz para investigar se o paciente tem a doença do refluxo gastroesofágico (DRGE). pois há uma diferença entre a enfermidade e o refluxo gastroesofágico considerado fisiológico.
Sintoma e sinais da doença do refluxo gastroesofágico
Os principais sintomas de refluxo são:
- Azia;
- Sensação de estômago cheio e pesado;
- Sensação de queimação no estômago e/ ou na garganta;
- Dor no peito;
- Tosse após a refeição;
- Mal-estar geral;
- Arroto;
- Sensação de bolo na garganta;
- Sensação que o alimento consumido voltou para a garganta;
- Gosto desagradável na boca.
Diagnóstico da doença do refluxo gastroesofágico
A pHmetria esofágica tem firme fundamentação. Não é método de verificação pura e simples de pH esofágico casual, mas sim capaz de quantificar o refluxo ácido durante tempo prolongado, identificar a capacidade do esôfago em “devolver ao estômago” o volume refluído (observando-se a duração dos episódios de refluxo), verificar a freqüência, em que período e com que postura o fenômeno ocorre e ainda correlacionar o sintoma referido com os momentos em que realmente existe redução do pH esofágico.
A endoscopia digestiva alta é utilizada para avaliar o esôfago quanto ao grau de esofagite provocada pelo refluxo gastroesofágico, assim como na evolução pós tratamento.
Principais Complicações da DRGE
• Esofagite Erosiva: Inflamação da mucosa esofágica com potencial para ulceração, sangramento e anemia.
• Estenose Esofágica: Estreitamento luminal do esôfago resultante do processo cicatricial crônico, causando disfagia progressiva.
• Esôfago de Barrett: Metaplasia intestinal do epitélio esofágico, condição pré-neoplásica com risco aumentado de adenocarcinoma.
• Hemorragia Digestiva Alta (HDA): Sangramento agudo ou crônico decorrente de lesões erosivas ou ulceradas no esôfago.
• Complicações Pulmonares Aspirativas: Micro ou macroaspiração do conteúdo gástrico, levando a pneumonite química, pneumonia aspirativa e exacerbação de doenças pulmonares crônicas.
TRAATAAMENTO
ESOFAGITE E DOENÇA DO REFLUXO – A principal causa de esofagite é a Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE). A DRGE é uma doença crônica – a recorrência de sintomas com a interrupção do tratamento chega a 80%. A presença de esofagite à endoscopia pode predispor ao surgimento de estreitamento esofágico ou esôfago de Barrett.
TRATAMENTO INICIAL – Uma revisão sistemática e quatro ensaios clínicos randomizados (ECRs) adicionais levam à conclusão de que há evidência de que os inibidores da bomba de prótons (IBPs) aumentam a cicatrização de esofagite na comparação com o placebo e com antagonistas de receptor H2. (GRAU A). Assim, um tratamento de 1 mês com IBP em dose plena, como o omeprazol, 20mg em jejum, deve ser prescrito a todas as pessoas com esofagite comprovada endoscopicamente ou mesmo àquelas pessoas com sintomas de DRGE com endoscopia negativa.
MODIFICAÇÃO DE ESTILO DE VIDA: Além disso, alguns fatores de risco que podem afetar os sintomas de DRGE devem ser abordados, como:
• Interrupção de desencadeantes identificados da dieta (álcool, café, chocolate, alimentos gordurosos ou apimentados, tomate);
• Fracionamento das refeições;
• Perda de peso em obesos ou pessoas com sobrepeso;
• Cessação do tabagismo;
• Elevação da cabeceira da cama
• Avaliação de estresse e ansiedade.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Várias medidas podem ser tomadas para aliviar o refluxo gastroesofágico:
• Erguer a cabeceira da cama
• Evitar medicamentos e alimentos que causam sintomas ou o acúmulo de ácido
• Não comer três horas antes de ir para cama
• Perda de peso
Levantar a cabeceira da cama aproximadamente 15 centímetros colocando blocos de 15 a 20 centímetros de altura sob as pernas na cabeceira da cama, usando um travesseiro em cunha ou colocando uma cunha sob o colchão pode ajudar a evitar que o ácido flua para o esôfago enquanto a pessoa dorme.
Medicamentos que causam sintomas devem ser evitados, assim como fumar.
Cafeína, bebidas alcoólicas, alimentos gordurosos, chocolate, bebidas ácidas como suco de laranja, refrigerantes, temperos para salada à base de vinagre e outras substâncias que estimulam intensamente o estômago a produzir ácido ou que retardam o esvaziamento do estômago também devem ser evitados. A pessoa deve evitar comer três horas antes de dormir.
As pessoas com sobrepeso e as que ganharam peso recentemente devem perder peso.