Sentado e olhando em silêncio para o tempo, comecei a pensar sobre o tempo e logo várias indagações me adentraram a mente. E naquele momento, eu estava com todo tempo do mundo para pensar no tempo. O tempo estava em todo o lugar, no banco daquela praça, o qual estava ali há tempo, onde eu sempre me sento para olhar tudo ao meu redor, observando atento todos os acontecimentos deste inspirador cotidiano.
Há um tempo existente em nós O tempo que desafia os tempos, o tempo de antes, o tempo de após, este que reveste lúcido uma inquietude que sopra antes e depois de si mesmo dentro do pulmão de um tempo enfermo. Tempo que discorre sobre o passado, que ecoa passos da própria memória e assim se torna um tempo presente ao longo de um corredor que não seguimos em direção àquela porta que jamais abriremos e sobre folhas mortas nos movemos todos nesse calor atemporal, no chão de outono, no ar de flores que tinham as rosas vivas.
Em tempos de voltas ou em tempos de partidas, as palavras se movem no seu próprio tempo na coexistência do tempo entre o fim e o princípio e todo instante é o tempo do agora. não se aquieta, anda, tropeça, coexiste.
O tempo do fim é o tempo do início e assim, no seu tempo, resiste. O amor calcula as horas por meses, e os dias por anos; e cada pequena ausência é uma eternidade. Não há disfarce que possa esconder por muito tempo o amor quando este existe, nem o simular quando este não existe. E assim aprendemos que o amor é o espaço e o tempo tornados sensíveis ao coração.
Muitos acham que é errado pensar que o amor vem do companheirismo de longo tempo ou do cortejo perseverante. O amor é filho da afinidade espiritual e a menos que esta afinidade seja criada em um instante, ela não será criada em anos, ou mesmo em gerações.
Aprendemos que o amor passa, a amizade volta, mesmo depois de ter adormecido um certo tempo. Vimos que Natal quer dizer espírito de amor… um tempo quando o amor de Deus e o amor dos seres humanos deveriam prevalecer acima de todo o ódio e amargura… um tempo em que nossos pensamentos, ações e o espírito de nossas vidas manifestam a presença de Deus.
A saber que perdido é todo o tempo que em amor não se gasta, pois só existem dois dias no ano que nada pode ser feito. Um se chama ontem e o outro se chama amanhã, portanto hoje é o dia certo para amar, acreditar, fazer e principalmente viver. Muitas vezes, queremos parar o tempo ou parar no tempo para termos tempo para amar, mas precisamos saber que a saudade é o que faz as coisas pararem no tempo.
Muitos se perguntam: Amar? Para quê? E depois afirmam: Por um tempo, não vale a pena. E, para sempre, é impossível. Muitos amam muito tempo antes de confessá-lo; outros têm já deixado, há muito tempo, de amar, quando continuam a confessá-lo ainda. Diferente da paixão, o amor é um sentimento que está acima da razão e do passar do tempo. Não importa quanto tempo já se passou: eu sou o mesmo, o amor é o mesmo, como também é a esperança.
O tempo existe para não ser desperdiçado e para fazer com que o amor não fracasse e a vida não seja inútil. E viver um grande amor requer um certo tempo para ser construído, e as que dão certo são aquelas vividas com paciência, com o espírito aberto e geralmente com qualquer um que consiga romper nossas defesas e nos fazer feliz.
Então nós nos perguntamos: Quanto tempo custa para amar? Quanto tempo custa um olhar? Quanto tempo custa um beijo, um abraço, um carinho, um afago de um cheiro, um desejo. Quanto tempo custa esse tempo alheio? Quem o define e/ou quem o pode mensurar.
Quantas horas, minutos, segundos, dias, meses, anos e quem sabe quanto tempo uma vida inteira leva para esse amor aflorar? Quem define essa espera? Ou essa falta que constrói esse cruel vazio e suas cicatrizes? Quem pode desafiar o tempo? Ou propriamente o próprio amor e suas feituras?
Ele chega em sussurros e, de forma silenciosa, nos refina os ouvidos. Ele é um corpo dentro de nosso corpo, com mais arte e mais alma. A escrita perfeita sem alguma rasura. Quem o pode definir? Quanto tempo custaria para tal?
O problema não é o tempo que custa, que passa ou se alarga, mas sim o peito que sente, ou diz que ama, e que por muitas vezes afoga e não afaga. Veja! Não cabe a mim dar a solução a esta questão, ou propriamente objetivá-la. Porque há peito que é um horto sombrio e sem paixão, onde ninguém ou nada, lá, habita ou floresce.
Quanto tempo custa para amar? Quanto tempo custa para sabermos que: O amor é a arte criada cheia de alma embebedada de vida, um lugar onde o meu ser se abisma e se alimenta. É a substância mais nobre e viva, cheia de inquietudes e tudo mais. Me tornando um amante do desejo, que sobre minha carne, há tempo ele traz.
E sabemos que o verdadeiro amor é exigente, implacável, e, ao mesmo tempo, infinitamente delicado. Apesar de tudo, o amor é muito simples do que ele julgava. É mais forte do que o tempo. O amor, no fim das contas, é feito de inquietações, de renúncias, de pequenas tristezas que surgiam a todo tempo.
O TEMPO E O AMOR
