Algumas semanas atrás, fui ao comércio com minha mulher para fazermos algumas compras para casa. Assim que chegamos lá, eu percebi que o clima estava diferente, não o clima, tempo, mas sim o ambiente. O comércio estava com as ruas e as lojas abarrotadas de pessoas, algumas comprando, outras observando e outras tentando comprar, foi aí que percebi que tinha chegado a época natalina, esse período maravilhoso.
Uns falavam em presentes, outros sobre os enfeites que ornamentam suas casas ou tudo que terá na ceia natalina. Porém dava para escutar algumas pessoas dizendo que não iriam na casa de fulano ou ciclano, porque estavam brigados com alguém que ali morava, outros não se sentiam preparados para perdoar o amigo que lhe causara mágoas. O mais engraçado era que essas pessoas estavam falando sobre as luzes que compraram para enfeitar suas casas e como elas dariam brilho ao ambiente natalino. Isso me fez refletir sobre luz, escuridão e ambiente. Pensei comigo mesmo: – De que luz e ambiente eles estão falando?
Não pude pensar em outra coisa a não ser sobre o ambiente interior do ser humano, o seu coração, a sua alma e a importância da luz de Cristo para estes interiores do ser. Uns não iriam à casa de fulano ou de ciclano por estarem brigados com alguém e outros que não estavam preparados para perdoar. Bem, ninguém precisava ter o olhar de raio x do Superman para ver que aquelas pessoas estavam com uma escuridão profunda na alma, a qual irradiava para o coração. Não há ambiente externo tão brilhante se o interno está em escuridão. Não há brilho nos olhos, se a alma está em profunda penumbra.
Talvez, muitas pessoas vejam o Natal como um momento de consumismo pela correria das compras dos presentes natalinos, por querer ver a casa enfeitada, decorada etc. Não, isso não se chama consumismo, mas sim espírito natalício, o qual é, na sua essência, o amor em ação. É a prática da bondade e da generosidade e ambas não têm religião. São valores universais, que devem ser cultivados por cada pessoa porque contribuem para o mundo se tornar um lugar melhor, porque contribuem para iluminar o ser humano.
Olhem só! ” Iluminar o ser humano”. O que tem a capacidade de iluminar o ser humano a não ser a luz de Cristo? ou seja, todos os atributos cristãos inseridos nos ensinamentos de Cristo.
Olhava a meu redor toda aquela correria, aqueles sorrisos nas compras, aquelas pessoas à espera de se reunirem com seus familiares. Entendi que alguns poucos deixavam transparecer, por meio de seus olhos, aquele brilho real da luz do Salvador, mas a maioria não, pois estavam presos ao espírito consumista do Natal e não ao espírito natalino.
Observava que o perdão era a luz que estava a faltar naqueles ambientes obscuros no interior de alguns que ali estavam. Então comecei a refletir sobre o termo “Perdão” do ato “Perdoar” que vem de “Doar” que é uma derivação prefixal com o prefixo “Per”. Foi então que lembrei das palavras do músico e Pianista brasileiro Álvaro Siviero, as quais clarearam a minha visão sobre o perdão, a doação em seu nível máximo.
“Para se formar uma molécula é necessário colocar átomos lá dentro, porém existe um limite máximo de átomo que se pode colocar, senão a molécula colapsa. É por isso que temos o hipoclorito, o cloreto, clorito, clorato, hipocloreto, nós temos o permanganato, o peróxido. Assim, se está no nível máximo de átomo de oxigênio dentro daquela molécula. E quando se está no limite máximo, usa-se o prefixo “PER”, Permanganato, Perclorato, Peróxido. Sendo assim, uma coisa pode estar FEITA e pode estar PERFEITA, você pode seguir ou pode PERSEGUIR, você pode fazer ou pode PERFAZER, você pode PERMANECER. então o termo PER indica o nível máximo. Falamos que o amor é o oposto do egoísmo e no egoísmo, você só recebe, porém no amor, você doa. Então se você quer doar em grau máximo você PERDOA”. Perdoar é um ato de fé, é o grau máximo da doação.
A fé é uma armadura.
É acreditar no amanhã.
E ninguém tem a promessa
do amanhã.
Por isso, temos que colocar a
nossa fé nas mãos daquele
que tem todos os amanhãs.
PERDÃO. DOAR EM GRAU MÁXIMO
