A exploração de petróleo na chamada margem equatorial brasileira, que abrange a costa do Amapá, surge como uma das maiores oportunidades econômicas da história recente do estado. Com potencial de reservas estimadas em bilhões de barris, a região começa a despertar a atenção de investidores nacionais e estrangeiros, posicionando o Amapá no centro de uma geopolítica energética que vai muito além da Amazônia. Trata-se de uma nova fronteira petrolífera com características semelhantes às já exploradas com sucesso na Guiana e no Suriname — países vizinhos que vivem um boom econômico inédito após a confirmação de suas reservas. No caso amapaense, a promessa vai além do petróleo: é a possibilidade de redesenhar sua infraestrutura, gerar milhares de empregos diretos e indiretos, dinamizar sua economia e reduzir sua histórica dependência do setor público.
A discussão, no entanto, não está isenta de controvérsias. Movimentos ambientalistas e ONGs internacionais têm se posicionado contra a exploração, evocando riscos ao ecossistema marinho e aos compromissos climáticos assumidos pelo Brasil. Contudo, como afirma o senador Randolfe Rodrigues, “não se pode admitir que a miséria continue sendo o destino do homem amazônida em nome de uma agenda ambiental desenhada fora do território”. De fato, a maioria da população do Amapá vive sob forte vulnerabilidade social, com taxas elevadas de desemprego e baixa escolaridade, cenário que contrasta com a riqueza natural do estado. O debate precisa, portanto, levar em conta a justiça socioambiental: como compatibilizar preservação com desenvolvimento e garantir que os frutos do petróleo não escapem das mãos do povo local?
Economistas como Adriano Pires e Elena Landau têm destacado que o Brasil não pode abrir mão de explorar seu potencial energético de forma soberana e planejada. Segundo Pires, “o petróleo da margem equatorial pode ser um passaporte para o desenvolvimento do Norte do país, desde que as riquezas geradas sejam canalizadas para políticas públicas de longo prazo”. Além do aspecto fiscal, a presença da indústria petrolífera no Amapá pode impulsionar a construção de portos, rodovias, escolas técnicas, universidades, hospitais e centros de inovação. É fundamental que o estado se antecipe com marcos regulatórios e planejamento estratégico, para que não se repitam erros de outras regiões onde a exploração de recursos naturais resultou em desigualdades e dependência econômica.
Ao mesmo tempo, a questão carrega um simbolismo profundo: é o momento em que o Amapá deixa de ser apenas uma fronteira preservada e se afirma como uma potência estratégica para o país. O petróleo, se tratado com seriedade, transparência e compromisso com as futuras gerações, pode ser a chave para garantir ao povo amapaense aquilo que lhe foi historicamente negado: dignidade, protagonismo e um lugar no centro das decisões nacionais. A margem equatorial, antes invisível nos mapas da economia, agora é vista como margem de futuro. E o futuro do Amapá depende da coragem de investir, negociar e planejar com os pés no chão e os olhos no horizonte. Quem diverge, como diz o humilde tucuju, “que arrede”.
Petróleo na Margem Equatorial: a chance histórica de transformação para o Amapá
