Na era das distopias, 2025,
László Krasznahorkai, desde a Hungria,
o Nobel da Literatura, as anuncia.
Seus romances são eivados de temas
das agonias da humanidade sufocada
pelos golpes e contragolpes dos sistemas.
Não li sua obra, muitos não leram.
O que se sabe vem das leituras de críticos.
Basta, no entanto, ler os títulos e um vislumbre está dito:
Sátántango, A Melancolia da Resistência.
Sua obra foi classificada como “convincente e visionária”.
Obra que, “em meio ao terror apocalíptico,
reafirma o poder da arte ”.
Arte dos artesãos, das rendeiras,
arte das cozinhas enfumaçadas,
dos operários perfilados, das jardineiras,
dos musicistas, dos pintores e arrumadeiras.
Arte dos aromas e dos chás nas cuias e chávenas.
Arte do café coado e torrado, de tudo que é colhido e plantado.
Arte da trindade da erva-cidreira.
Na primavera ela floresce
flores lilases, pequeninas,
são os brincos da ramada verdejante,
buque de aroma inebriante,
ERVA-CIDREIRA BRASILEIRA,
A lippia alba relaxante.
A insônia voa lépida, desaparece,
em busca de outro viajante.
ERVA-CIDREIRA é tão bem-quista,
que há até uma irmã bendita,
a melissa officinalis,
solução para inúmeros males.
Ela embala com essências antigas
a ansiedade dos tempos presentes,
elimina a indigestão em suaves goles:
o inchaço abdominal, cólicas e gases…
Cidreira, cidreira, cidreira,
beberagem ou enfermeira?
Uma jarra, um copo, uma caneca
do jardim ou da horta para a mesa
traz em teu aroma cítrico a alma,
o sabor múltiplo da erva-príncipe
ou capim-limão, ou CAPIM-CIDREIRA,
o Cymbopogon citratus,
as finas folhas verdes em uma touceira
aromática com fruição analgésica,
anti-inflamatória, calmante sintomática,
sudoríferas, expectorantes e diuréticas.
A arte de curar alma e corpo com um abraço,
um beijo na testa, um banho quente, um afago,
um chá fumegante entregue entre amenas palavras.
Um Nobel da Paz,
todas as vezes que a ternura disser “presente”.