Eu tenho muitas amigas e amigos que amo de coração.
Eu sou uma sinfonia em redes de conexão com seus diferentes diapasões.
São tão diversas suas características quanto a generosidade da criação.
Uma das amigas chama-se Fay. Fay D’amico. Aqui o “amigo” em estado substantivo, alia-se nesta artista do humano humanizar-se à expressiva condição de adjetivo.
Amigos (as) são assim, abrem frestas para o sol lançar seus raios em dias nebulosos.
Abrem as janelas para a brisa entrar dançante e nos alegrar em dias confusos.
Plantam árvores para os caminhos sombrear e nos proteger do sol escaldante.
Regam os jardins para nosso olhar florescer feliz e cantarolar tempos edificantes.
Choram no nosso ombro para depois gargalhar em dueto do problema angustiante.
Pois bem… nesta semana em que em Brasília, capital de nosso país, sede do Congresso, local dos representantes do povo trabalharem pelo povo, viu-se algo além do inimaginável, mas lá está, factual, nem Kafka suspeitaria de tal acontecimento:
A INTELIGÊNCIA OU O BOM SENSO COLAPSOU – Não há dúvidas.
Um projeto para a segurança geral, bem elaborado, sendo transformado em remendos para proteger traficantes e toda sorte de bandidos, tirando das instituições federais a condição de atuar e investigar corruptos.
Foi nesse entrevero, sufocada diante da sociedade dos absurdos que minha amiga sugeriu a música “The return to innocence”, sucesso do grupo Enigma, cujo refrão diz:
“Esse não é o começo do fim
Esse é o retorno a você mesmo
O retorno à inocência”.
Bálsamo. A arte restaurando a vida viva. Um alento, um desassombrado
lembrete ou borracha para apagar fantasmas dos senhores da ganância e dos medos.
Apegam-se, tais senhores fantasmagóricos, a narrativas, factoides lendários, à espera do apocalipse, como um condenado frente à guilhotina sem história e sem destino.
Nesse transe ilusório esquecem de abençoar o ar recebido em fluxo contínuo, segundo a segundo, o dom da vida, o dom de fazer a diferença simplesmente com um sorriso… Ou uma palavra suave ou ríspida, mas que seja uma palavra verdadeira, leal, despida de falsidade – amiga.

