Em um mundo cada vez mais marcado por tensões geopolíticas e divisões ideológicas, a recente ascensão de Donald Trump ao poder em 20 de fevereiro de 2025 não apenas reacendeu debates acalorados sobre a política interna dos Estados Unidos, mas também reformulou o delicado jogo de xadrez da diplomacia internacional. Como escreveu o historiador Eric Hobsbawm: “A guerra não determina quem está certo, mas quem resta”. Este pensamento ecoa de forma perturbadora ao analisarmos a potencial escalada de um conflito de proporções globais, envolvendo não apenas os EUA e seus aliados da OTAN, mas também um emergente “eixo do mal” composto por potências autocráticas como Rússia, China, Irã, Venezuela e Coreia do Norte.
O conflito Russo-Ucraniano: um ponto de ruptura global
Desde fevereiro de 2022, a invasão russa à Ucrânia desestabilizou profundamente a segurança europeia e global. Dados recentes do Banco Mundial indicam que a economia ucraniana encolheu 30% em 2024, enquanto sanções ocidentais drenaram aproximadamente 15% do PIB da Rússia. Contudo, longe de se intimidar, Vladimir Putin intensificou sua retórica antioeste, alinhando-se cada vez mais com Pequim e Teerã, criando uma coalizão que desafia abertamente a hegemonia ocidental.
A OTAN, por outro lado, reforçou sua presença no Leste Europeu. Em 2024, um aumento de 40% nos gastos militares dos países membros foi registrado, segundo o Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS). A Europa se tornou, novamente, um campo minado diplomático, onde cada movimento pode desencadear uma reação em cadeia de proporções catastróficas.
O retorno de Trump: uma nova era de incertezas
Com Donald Trump retomando o cargo mais poderoso do mundo, sua postura protecionista e seu histórico de confrontos com aliados da OTAN levantam questões sobre o futuro da aliança transatlântica. Durante seu primeiro mandato, Trump criticou abertamente os países europeus por não contribuírem adequadamente com os gastos militares da OTAN. Agora, em meio a uma crise global, sua posição é vista com ceticismo.
Em seu discurso inaugural de 2025, Trump reafirmou a importância da “América Primeiro”, mas também surpreendeu ao mencionar uma possível aproximação com a Rússia, desde que esta aceitasse condições favoráveis aos interesses americanos, o que dificilmente pode acontecer. Essa ambiguidade, no entanto, pode ser interpretada como um sinal de fraqueza por Pequim, que recentemente consolidou sua influência sobre o Indo-Pacífico através da Iniciativa do Cinturão e Rota. É certo que a chegada de Trump vai enfraquecer os investimentos bilionários que o governo Biden vinha fazendo para a Ucrânia, o que pode fazer que a Rússia se consolide na conquista de parte significativa do território ucraniano. De qualquer forma a maioria dos analistas afirmam que o avanço da Rússia não vai parar na Ucrânia. Há uma incerteza global sobre o que vai acontecer a partir de agora e qualquer previsão não passa de especulação.
A aliança do “eixo do mal”: realidade ou retórica?
A expressão “eixo do mal” foi popularizada por George W. Bush, mas assume novas dimensões à luz dos acontecimentos atuais. A China, com seu poderio econômico e avanços tecnológicos, tornou-se o principal pilar deste bloco. Recentemente, relatórios da ONU apontaram que os investimentos chineses na África e na América Latina cresceram 25% em 2024, estreitando laços com regimes como a Venezuela e o Irã.
Ao mesmo tempo, a Coreia do Norte intensificou seus testes balísticos, enquanto o Irã se aproximou do limiar nuclear. Em discurso na Assembleia Geral da ONU, o Secretário-Geral alertou: “Estamos mais próximos de uma guerra nuclear do que em qualquer momento desde a Crise dos Mísseis de 1962”. Essa sombria advertência ressalta a gravidade do momento.
Riscos e consequências
Caso a polarização atual evolua para um confronto direto, as consequências serão devastadoras. Estima-se que um conflito envolvendo armas nucleares poderia causar mais de 90 milhões de mortes imediatas, seguidas de uma fome global causada pelo colapso das cadeias de suprimentos alimentares.
Ademais, obras como “Destiny Disrupted”, de Tamim Ansary, oferecem um contexto histórico sobre como conflitos culturais e políticos entre o Oriente e o Ocidente se desenvolvem e se perpetuam. O impacto de uma terceira guerra seria, sem dúvida, um ponto de não retorno para a civilização moderna.
O papel do Brasil: neutralidade ou escolha errada?
Em meio às crescentes tensões internacionais, o Brasil enfrenta um dilema político e diplomático crítico. Historicamente, o país tem adotado uma posição de neutralidade, mas sinais recentes de aproximação do Governo Lula com regimes autoritários como a China, Rússia, Coreia do Norte e Irã levantam preocupações. Caso o Brasil escolha alinhar-se ao lado errado neste confronto global, as consequências podem ser devastadoras.
A dependência de parceiros como China e Rússia em setores estratégicos é um fator de risco, mas também um ponto de pressão. No cenário de sanções multilaterais, a economia brasileira, já fragilizada, poderia enfrentar um colapso sem precedentes. Além disso, o alinhamento com um bloco considerado hostil pela comunidade internacional isolaria o Brasil diplomaticamente e comprometeria seu papel histórico de mediador.
Hoje, líderes globais devem buscar inspiração em exemplos como esse para evitar que o mundo caia em um abismo. O Brasil, em particular, deve reforçar sua tradição de diplomacia ativa, essa seria a postura ideal, promovendo o diálogo entre nações e buscando soluções multilaterais que garantam a paz, mas infelizmente a discurso de Lula tem caminhado no sentido contrário, como quando ele afirmou que o BRIC’s deveria criar sua própria moeda, abandonando o dólar. Isso gerou uma resposta imediata de Trump, que postou em sua conta pessoal na plataforma X (antigo Twitter) que qualquer país que tomar essa decisão de criar outra moeda e abandonar o dólar, será taxado com impostos que podem chegar a 100%.
Como dizia Winston Churchill: “A diplomacia é a arte de dizer ‘bom cachorro’ até que você encontre uma pedra”. Que essa pedra nunca precise ser utilizada — esse deve ser o objetivo maior de todos os envolvidos neste delicado jogo de xadrez mundial. A Rússia de Putin, por sua vez, demonstra uma crescente disposição para desafiar a ordem internacional estabelecida. A anexação da Crimeia em 2014 e a invasão da Ucrânia em 2022 são claros sinais de que o Kremlin busca restaurar uma esfera de influência na Europa Oriental e desafiar a hegemonia americana. A aliança estratégica entre Moscou e Pequim, cada vez mais profunda, representa uma ameaça direta aos interesses dos Estados Unidos e de seus aliados.
A China, por sua parte, emerge como uma superpotência econômica e militar, com ambições globais cada vez mais assertivas. A Iniciativa cinturão e rota, a militarização do Mar da China Meridional e a crescente influência chinesa na África e na América Latina demonstram a ascensão da China como uma nova potência mundial.
Nesse contexto, a possibilidade de um conflito direto entre os Estados Unidos e a China não pode ser descartada. A disputa por Taiwan, um território autônomo reivindicado por Pequim, é um ponto de atrito potencialmente explosivo, e Xi Jinping, Presidente da China, já disse que é só questão de tempo para que isso ocorra. Um conflito no Estreito de Taiwan poderia desencadear uma guerra generalizada com implicações globais.
A formação de um “eixo do mal”, composto por Rússia, China, Irã, Venezuela, Coreia do Norte e outros regimes autoritários, representa um desafio sem precedentes para a ordem internacional liberal. Essa coalizão de países, unidos por interesses comuns e por uma visão alternativa da ordem mundial, busca minar a influência americana e promover um mundo multipolar.
A guerra na Ucrânia é apenas o primeiro ato de um drama geopolítico que se desenrola em tempo real. As consequências desse conflito são imprevisíveis, mas é possível antever alguns cenários. Uma escalada do conflito poderia levar à utilização de armas nucleares, com consequências catastróficas para a humanidade. Além disso, a guerra na Ucrânia está tendo um impacto profundo na economia global, com a alta dos preços das commodities, a interrupção das cadeias de suprimentos e o risco de uma recessão global.
“A guerra é sempre a solução dos desesperados”, afirmava Albert Einstein. A crise ucraniana demonstra que a humanidade ainda não aprendeu a resolver seus conflitos por meio do diálogo e da negociação. A escalada da tensão entre as grandes potências e o retorno de lideranças populistas e autoritárias aumentam o risco de um conflito global que poderia colocar em risco a civilização.
É urgente que a comunidade internacional encontre soluções pacíficas para os desafios globais. A diplomacia, o multilateralismo e o respeito ao direito internacional são os únicos caminhos para evitar um novo conflito mundial. A história nos ensina que a guerra nunca é a resposta.
Diplomacia: A única saída
Diante da iminência de uma guerra nuclear, a diplomacia não é apenas uma ferramenta útil, mas uma necessidade imperativa. A história ensina que soluções negociadas, embora complexas, são preferíveis à destruição mútua. Em 1962, a Crise dos Mísseis de Cuba foi resolvida por meio de um delicado ato de equilíbrio diplomático entre Estados Unidos e União Soviética.
O caminho a seguir
Em “A Guerra do Fim do Mundo”, Mario Vargas Llosa descreve como a irracionalidade pode levar sociedades inteiras ao abismo. Cabe aos líderes globais, hoje, demonstrar sabedoria e resistir à tentação da guerra. Mas, como dizia Albert Einstein: “Eu não sei com que armas a Terceira Guerra Mundial será lutada, mas a Quarta será com paus e pedras”.
Resta-nos torcer para que a humanidade aprenda com os erros do passado antes que seja tarde demais. Em um tabuleiro global onde cada jogada tem consequências incalculáveis, a verdadeira vitória será evitar que o jogo termine em ruínas.
Trump e o tabuleiro mundial geopolítico: O caminho para a escalada de uma terceira Guerra Mundial ou para a paz?
