O Brasil tem potencial para estar entre as cinco maiores reservas globais de uranio.
Com a mudança das políticas ambientais em termos de produção de energia e o reconhecimento que a nuclear é uma fonte limpa as demais alternativas como a eólica e solar, devido seus altos custos e efeitos colaterais mal estudados e sérios começam a perder a corrida. As novas estrelas da energia limpa são as usinas nucleares e por isso mesmo o uranio está na ‘crista’ da nova onda. Os países com maior potencial de recursos de urânio são: Austrália, Cazaquistão, Canadá, Rússia, Namíbia, África do Sul, Brasil, Niger e China (fonte: World Nuclear Association). Atualmente, três países são responsáveis por mais da metade da produção de Urânio, sendo o Canadá o maior produtor mundial com 9,8 mil ton/ano, seguido pela Austrália com 7,6 mil ton/ano e Cazaquistão com 5,2 mil toneladas/ano.
Recentemente o site RT publicou matéria assinada por Pierre Verdy “O que significa o urânio para África e porque é que o urânio africano se tornou crucial para os mercados energéticos mundiais?”, transcrevo trechos.
“Petróleo, gás e carvão são extraídos em África há mais de 100 anos e os principais depósitos foram explorados, desenvolvidos e minados. No entanto, com o urânio, as coisas são bem diferentes. Em primeiro lugar, as reservas de urânio de África não foram completamente exploradas. Em segundo lugar, devido à crise energética mundial, a procura de energia nuclear está a crescer, o que garante uma procura de urânio a longo prazo. Em Novembro de 2023, cerca de 60 reatores nucleares estavam a ser construídos em todo o mundo, e 14 deles deverão entrar em operação comercial em 2024.
Finalmente, a Taxonomia da UE para Atividades Sustentáveis – o principal documento que rege a Comissão Europeia sobre recursos energéticos – classificou (com certas exceções) o urânio como amigo do clima, o que ajudará a atrair investimentos de empresas e instituições financeiras ocidentais, bem como de empresas não- Estruturas ocidentais orientadas para critérios de avaliação e conhecimentos ocidentais.
De acordo com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) e a Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), os países africanos representam 22% dos recursos recuperáveis de urânio identificados do mundo (1,3 milhões de toneladas de urânio). A maior parte das reservas de urânio está localizada na Namíbia, no Níger e na África do Sul. O urânio também foi descoberto em Botswana, Tanzânia, Zâmbia, Mauritânia, Malawi, Mali, Gabão e Egito.
Antes do início da Segunda Guerra Mundial, o urânio da RDC era enviado para a Bélgica, que já foi o maior produtor mundial de rádio. Durante a guerra, os Estados Unidos utilizaram urânio de Shinkolobwe para o Projecto Manhattan – o programa de armas nucleares dos EUA durante a Segunda Guerra Mundial – e para a criação de armas atómicas. Entre as décadas de 1940 e 60, a RDC representava cerca de 60% do mercado global de urânio. Quando o país conquistou a independência em 1960, a Bélgica selou a mina subterrânea de Shinkolobwe despejando concreto na sua entrada principal e inundando a mina. Desde então, a produção comercial foi interrompida.
Em 1980, no contexto da Guerra Fria, a produção de urânio aumentou para 70.000 toneladas, e África foi responsável por 21% dela; 15% foram extraídos na África do Sul e na Namíbia – então ocupada pela África do Sul – para as necessidades do programa nuclear sul-africano. O urânio também foi fornecido ao Reino Unido, Israel, Japão e outros países ocidentais. Outros 6% foram extraídos no Níger para as necessidades da França. Desde então, a quota de África na produção mundial de urânio não mudou muito. A África envia urânio principalmente para a Europa e a América do Norte, e cerca de um terço dele é enviado para a Ásia, principalmente para a China. A geografia não mudou muito ao longo dos anos.”
Talvez seja o momento do Brasil pensar mais na energia produzida por usinas nucleares. Em 30 de maio de 2023 o site do Serviço Geológico do Brasil publicou a matéria “Brasil tem potencial para ter uma das cinco maiores reservas de urânio do mundo”, trechos transcritos abaixo:
“A necessidade de diversificação da matriz energética aumenta investimentos para o desenvolvimento de tecnologias seguras, e a geração nuclear retorna ao planejamento da política energética mundial. Diante da perspectiva de retomada do crescimento da energia nuclear como fonte de energia, o mercado mundial de urânio ganha relevância e coloca o Brasil em posição de destaque.
Atualmente, o país detém a oitava maior reserva de urânio do mundo, com cerca de 280.000 tU. No entanto, existe potencial para estar entre as cinco maiores reservas globais. O Serviço Geológico do Brasil (SGB) tem papel determinante para identificar e avaliar a extensão das reservas brasileiras, bem como a análise de entraves e alternativas para a produção do urânio nacional e, por isso, fornece informações pertinentes à gestão estratégica da Política Nuclear Brasileira.
Por meio do Programa Avaliação do Potencial de Minerais Radioativos no Brasil, o SGB tem identificado novas áreas para prospecção do urânio, além de propor critérios de prospecção para os diferentes distritos e províncias minerais. A iniciativa também contribui para estimar com mais embasamento os recursos de minérios nucleares não descobertos e avaliar a viabilidade de aproveitamento econômico. A atuação está alinhada com o Plano Nacional de Energia (PNE) 2050, que recomenda a retomada da prospecção de recursos minerais para o desenvolvimento da energia nuclear no Brasil.”
Fiz questão de citar a África em razão do perfil de exploração das suas riquezas minerais e florestais por países europeus como vem ocorrendo no Brasil há muitos anos com a conivência e proteção das maiores ONGs que se intitulam protetoras do meio ambiente. Recentemente um dos líderes da UE fez questão de visitar a Amazônia sob falso pretexto quando na realidade está de olho no uranio amazônico.
Para quem tem dúvidas é bom que saiba Em plena floresta Amazônica, a 300 quilômetros de Manaus, estão localizadas as principais jazidas de cassiterita, tântalo, nióbio, urânio do Brasil, talvez as maiores do planeta.
Mas, sempre há um mas, não se tem notícia de nenhum movimento de governo para o aproveitamento do nosso uranio e participarmos do mercado internacional do minério, talvez em razão do temor propalado pela grande mídia que nos fez parar de desenvolver novas usinas nucleares. Talvez fosse o momento de parar de temer e passar a compreender porque os países ricos implementem novas usinas nucleares o que nos deixa, mais uma vez, na contramão da história.
“Nada na vida deve ser temido, somente compreendido. Agora é hora de compreender mais para temer menos”, Marie Curie, foi uma física e química polonesa naturalizada francesa, que conduziu pesquisas pioneiras sobre radioatividade.