A China continua seu trabalho para se manter no topo. A novidade agora é que além da busca de alimentos para sua enorme população continua atrás de conhecimentos. Enquanto alguns países exportam suas mentes brilhantes a China abre as portas e os braços para recebe-las. Afinal quem tem os conhecimentos tem poder e é isso que a China busca, aumentar o seu poder na geopolítica e no comercio mundial. Hoje são pouquíssimos países que alguma forma não utilizam a tecnologia importada da China.
Os dois países que mais exportam tecnologia são os Estados Unidos e a China. Muitas vezes alguns países fabricam produtos de forma hibrida como é o caso do Iphone que é fabricado em vários países com tecnologias americanas e chinesas. Os dois países usam estratégias diferentes para cooptar talentos baseadas nas suas culturas e objetivos.
Reuters publicou, em 29 de setembro de 2025, a matéria “Novo visto K da China atrai talentos estrangeiros em tecnologia enquanto EUA aumentam taxa H-1B”, assinada por Eduardo Baptista, que transcrevo trechos para que o leitor possa entender, acompanhar e, quem sabe, se sentir encorajado a migrar para países que valorizem seus conhecimentos.
“O novo programa de vistos da China, que visa atrair talentos estrangeiros em tecnologia, começa esta semana, uma medida que deve impulsionar a sorte de Pequim em sua rivalidade geopolítica com Washington, já que uma nova política de vistos dos EUA leva os possíveis candidatos a buscar alternativas.
Embora a China não tenha escassez de engenheiros locais qualificados, o programa faz parte de um esforço de Pequim para se apresentar como um país que acolhe investimentos e talentos estrangeiros, já que as crescentes tensões comerciais devido às tarifas dos EUA obscurecem as perspectivas econômicas do país.
A China tomou uma série de medidas para impulsionar o investimento estrangeiro e as viagens, abrindo mais setores para investidores estrangeiros e oferecendo isenções de visto para cidadãos da maioria dos países europeus, Japão e Coreia do Sul, entre outros.
‘O simbolismo é poderoso: enquanto os EUA aumentam as barreiras, a China as diminui’, disse o advogado de imigração Matt Mauntel-Medici, de Iowa, referindo-se à nova categoria de visto da China, chamada de visto K, que será lançada na quarta-feira.
O visto K, anunciado em agosto, tem como alvo jovens estrangeiros formados em ciências, tecnologia, engenharia e matemática (STEM) e promete permitir entrada, residência e emprego sem oferta de emprego, o que pode atrair trabalhadores estrangeiros que buscam alternativas às oportunidades de emprego nos EUA.
No início deste mês, o governo Trump disse que pediria às empresas que pagassem US$ 100.000 por ano por vistos de trabalho H-1B, amplamente usados por empresas de tecnologia para contratar trabalhadores estrangeiros qualificados.
‘Os EUA definitivamente deram um tiro no próprio pé com os vistos H-1B, e o momento é perfeito para o visto K da China’, disse Michael Feller, estrategista-chefe da Geopolitical Strategy.
Outros países, incluindo Coreia do Sul, Alemanha e Nova Zelândia, também estão flexibilizando as regras de visto para atrair migrantes qualificados.
Especialistas em imigração dizem que a principal atração do visto K é a ausência de exigência de um empregador patrocinador, o que é considerado um dos maiores obstáculos para quem busca vistos H-1B.
O visto H-1B exige patrocínio do empregador e está sujeito a um sistema de loteria, com apenas 85.000 vagas disponíveis anualmente. A nova taxa de US$ 100.000 pode desencorajar ainda mais os candidatos de primeira viagem.
Apesar de promissor, o visto K enfrenta obstáculos. As diretrizes do governo chinês mencionam requisitos vagos de ‘idade, formação educacional e experiência profissional’.
Também não há detalhes sobre incentivos financeiros, facilitação de emprego, residência permanente ou patrocínio familiar. Ao contrário dos EUA, a China não oferece cidadania a estrangeiros, exceto em casos raros.
O Conselho de Estado da China não respondeu a um pedido de comentário solicitando mais detalhes sobre a logística e a estratégia subjacente do visto K.
O idioma é outra barreira: a maioria das empresas de tecnologia chinesas opera em mandarim, limitando as oportunidades para quem não fala chinês.
As tensões políticas entre Déli e Pequim também podem se tornar um fator que pode limitar o número de requerentes de visto K indianos que a China está disposta a aceitar, disseram especialistas.
‘A China precisará garantir que os cidadãos indianos se sintam bem-vindos e possam realizar um trabalho significativo sem o mandarim’, disse Feller.
O recrutamento de talentos na China tradicionalmente se concentra em cientistas nascidos na China no exterior e em chineses no exterior.
Esforços recentes incluem subsídios para compra de imóveis e bônus de assinatura de até 5 milhões de yuans (US$ 702.200). Esses incentivos têm atraído talentos chineses em STEM (ciências, tecnologia, engenharia e matemática) radicados nos EUA, especialmente em meio ao crescente escrutínio de Washington sobre os laços com a China.
‘O esforço de recrutamento visando talentos tecnológicos indianos na China está crescendo, mas continua moderado em comparação às iniciativas mais intensivas, bem estabelecidas e bem financiadas que visam repatriar talentos chineses em STEM’, disse Das, da Universidade de Sichuan.
Um graduado chinês em STEM que recentemente recebeu uma oferta de emprego de uma empresa de tecnologia do Vale do Silício também se mostrou cético quanto às perspectivas do visto K.
‘Países asiáticos como a China não dependem da imigração e os governos locais chineses têm muitas maneiras de atrair talentos nacionais’, disse ele, recusando-se a ser identificado por motivos de privacidade.
Os EUA têm mais de 51 milhões de imigrantes — 15% de sua população — em comparação com apenas 1 milhão de estrangeiros na China, menos de 1% de sua população.
Embora seja improvável que a China altere significativamente sua política de imigração para permitir a entrada de milhões de trabalhadores estrangeiros, analistas dizem que o visto K ainda pode impulsionar a sorte de Pequim em sua rivalidade geopolítica com Washington.
‘Se a China conseguir atrair ao menos uma fração dos talentos globais em tecnologia, ela será mais competitiva em tecnologia de ponta’, disse Feller.”
Creio que não é hora de criticar ou supervalorizar qualquer dos dois países. Os EUA sempre trabalhou com seus próprios talento além de cientistas estrangeiros como Einstein, Von Braun e muitos outros. O grande diferencial americano são suas universidades que produzem talentos do mundo inteiro.
“Em meados do século dezenove, tornou-se abundante, pela primeira vez nesta nossa terra, uma classe de homens, em sua maioria já tendendo para a velhice, conhecidos como ‘cientistas’, embora eles detestem extremamente essa classificação. Detestam tanto a palavra que ela foi cuidadosamente excluída das colunas de Natureza, publicação particular e representativa da classe desde o início, como se fosse… aquela outra palavra que serve de base a toda linguagem realmente indecente deste país. Mas o grande público e a imprensa sabem o que fazem, e ‘cientistas’ ficou.” – da obra ‘Alimento dos Deuses’ de H.G. Wells