Professora de português, redação e oratória, comunicadora nata, escritora, palestrante, influenciadora, presidente do Instituto Felipe Cabocão Colares, mãe, esses são alguns dos papéis assumidos por Jacqueline Amaral que, aos 32 anos, carrega uma bagagem de experiências e de superação.
Com uma carreira consolidada na educação do Amapá, a musa dos palcos de pré-vestibulares e pré-concursos concedeu uma entrevista exclusiva ao Gazeta e contou um pouco da sua trajetória.
Passando por várias escolas e cursinhos de Macapá, a professora Jacqueline Amaral cativou os alunos com seu jeito único de fazer aula. “Funk dos porquês”, “Crase para quê?”, são algumas das músicas que a própria professora criou para ensinar as regras de português na sala de aula. Em 2018, na sua despedida das salas de aula de Macapá, lotou uma sala de cinema da capital, com o Revizaço de Redação, um dia antes da prova do Enem, com direito a refrigerante e pipoca para os alunos.
Após isso, mudou-se para o Rio de Janeiro para viver um grande amor e novas experiências. Foi nesse mesmo ano que conheceu Felipe Colares (in memorian), atleta do UFC, também amapaense e que passaram a construir uma nova história. Ao chegar à cidade maravilhosa, ainda desempregada, resolveu empreender e passou a vender açaí raiz para os cariocas, de porta em porta, até inaugurar seu restaurante Empório do Norte, onde vendia comidas típicas da nossa região. Contudo, em 2021, precisou fechar as portas devido à pandemia.

“Naquele mesmo ano, Felipe me perguntou se eu já estava pronta para ser mãe, pois o sonho dele era ser pai. E assim veio a tão sonhada maternidade. Rhavi nasceu em junho de 2022, no Rio de Janeiro, depois de um trabalho de parto de mais de 20h”. Contou Jacqueline, que além de professora, empreendedora, acabara de se tornar mãe.
Além dos desafios da maternidade, nova rotina, dedicação exclusiva e integral ao pequeno Rhavi, ainda veio à tona a depressão pós-parto, pois, num misto de sentimentos, entre a alergia de viver ao lado dos amores da sua vida, sua família, também uma mudança brusca no seu corpo e na vida ativa que sempre teve.
“Logo que meu bebê nasceu, não conseguia me olhar no espelho. Passei alguns meses para voltar a me reconhecer. Foram dias difíceis, porque, ao mesmo tempo em que estava feliz por carregar nos braços o amor da minha vida, me sentia estranha naquele corpo que ganhou 20kg com a gravidez. Sem contar a mudança na minha rotina, não podia mais fazer academia, correr e fazer funcional na praia, por exemplo, porque naquele momento meu bebê precisava de mim 24h por dia. Entende?”.
Ainda em 2022, a professora foi convidada a integrar o Programa Empoderadas do Governo do Estado do Rio de Janeiro, o qual levanta a bandeira na luta da violência contra a mulher. Como professora do curso de Oratória e Comportamento em Público, alçou voo a mais uma nova experiência.
“O Empoderadas é um programa do governo do Rio que luta pela prevenção e enfrentamento à violência contra a mulher, e tem como superintendente a Erica Paes. Fazer parte disso foi uma experiência incrível para mim, pois além de ser professora do curso de Oratória e poder compartilhar o conhecimento que tenho, também pude vivenciar e aprender muito com as histórias de superação de outras mulheres, que sofreram com algum tipo de violência.” Conta.

Sem saber o que 2023 lhe reservava, a professora, empreendedora, mãe, jamais imaginara que sua história também seria de superação e motivação para outras mulheres. Foi no dia 01 de maio desse ano que sua vida mudou completamente, da noite para o dia.
“Felipe saiu de casa para treinar, já estávamos com luta prevista para junho, numa disputa de cinturão em Paris, então ele treinava dia e noite, todos os dias da semana. Naquele feriado não foi diferente. Ele saiu para treinar e, quando estava voltando para casa, para irmos almoçar fora, simplesmente, não voltou”. Relembra Jacqueline.
Desde então, sua história, compartilhada nas redes sociais diariamente, tem sido motivo de orgulho para seus seguidores e inspiração pela força que transmite. Após o falecimento de seu esposo, Jacqueline precisou voltar para Macapá junto ao pequeno Rhavi e, dia após dia, tem transformado sua dor em superação por trabalhar incansavelmente para tirar do papel os projetos de Felipe Cabocão.
Final de 2023 foi oficializado o Instituto Felipe “Cabocão” Colares – Pedrinhas de Ouro, sonho do atleta que sempre desejou dar oportunidade, por meio das artes marciais, às crianças da comunidade em que nasceu. Jacqueline Amaral, como esposa, mãe do filho do lutador e com sua bagagem de vida, foi eleita Presidente do Instituto.
“Hoje, tudo o que eu puder fazer para eternizar o Felipe na história do Estado e do esporte nacional e mundial, eu farei. Lutarei incansavelmente pelas nossas crianças que estão à margem da sociedade para que elas, assim como Felipe, também se tornem grandes campeãs mundiais e possam mudar a realidade de suas famílias. Uso a minha dor como motivação para seguir em frente e ajudar outras pessoas. Compartilho meus dias felizes e meus dias depressivos na internet para mostrar a minha vida real às pessoas que também tem suas dores, medos e anseios. Carrego comigo a ideia de que preciso ser luz no mundo. Felipe me ensinou isso e sei que é isso que ele quer que eu faça”. Finaliza.