As equipes médicas que atendem da UPA da Zona Sul e do anexo do Hospital de Emergências resolveram paralisar as atividades às 07h da manhã de segunda-feira (20) e suspenderam os atendimentos.
A paralisação é uma forma de cobrar do governo que paguem os 20 médicos que não receberam o mês de março e a equipe médica inteira que não recebeu o mês de abril. O governo alega que pagou todos os médicos no mês de março e que fez o repasse ao Instituto Brasileiro de Gestão Hospitalar (IBGH) sobre o mês de abril.
A informação não é correta, nenhum médico recebeu e a empresa terceirizada responsável por enviar os pagamentos, relata que o governo pagou menos de 50% do que devia ser repassado a eles. “O que ocorre é que o governo ainda possui uma dívida com a IBGH e eles poderiam muito bem subtrair desta dívida e pagar a mão de obra médica, porém não fizeram questão”, dizem.
Os médicos dizem que, atualmente, o Anexo do HE e a UPA da Zona Sul estão sendo geridos pela Fundação de Saúde Amapaense (Fundesa), que ao iniciar as atividades em 15/02, informou aos médicos que manteriam os valores salariais que o IBGH pagava, “nós recebíamos R$ 1.500 mil líquido por 12h de plantão, e pediu que a equipe médica continuasse a trabalhar. Quando terminou o mês de fevereiro, a Fundesa informou que não faria o pagamento nesse valor, informou que pagaria somente R$ 1.300 bruto, o que correspondente a R$ 942,50 líquido por 12h de plantão”, dizem os profissionais.
Além de ter reduzido os salários os médicos dizem que não são tratados com respeito, “a equipe da Fundesa intimida os colegas e sobrecarrega de trabalho. No anexo, durante a gestão IBGH, ficavam 5 médicos em plantões diurnos para 100 pacientes, agora com a Fundesa, são 3, no máximo 4 médicos por plantão para 86 pacientes”, afirmam.
Os médicos contam ainda que não foram avisados sobre a mudança no contrato de gestão, “em 13/05 soubemos de um decreto que saiu em diário oficial do governo, informando que a Fundesa assumiria também a gestão do Hospital de emergências matriz, e iniciaria a transição em 30 dias. No dia 16 a equipe da Fundesa já adentrou o HE em diversos setores, informou que todos os contratos administrativos seriam extintos, que todos perderíamos nossos direitos de décimo, férias e afastamento por doença. Informaram que a forma de contratação médica seria via PJ ou PF, a forma de contratação da equipe de enfermagem, fisioterapia e multiprofissional seria via empresa terceirizada. Informaram que os profissionais efetivos seriam devolvidos a secretaria de saúde, que quem não estivesse de acordo com as regras deles que estava convidado a se retirar”, contam.
Segundo a equipe desde que a Fundesa assumiu a Unidade Estadual de Internação (UEI) e o Anexo tem acontecido vários problemas, “na sexta feira o HE Matriz estava no corredor com 55 pacientes internados, sem ter para onde serem transferidos, porque a retaguarda, que deveria ser a UEI e no anexo os médicos estavam com sobrecarga de trabalho absurda e sem condições até de avaliar todos os 86 pacientes lá internados”.
Os profissionais questionaram a equipe Fundesa para saber qual seria seu plano de trabalho no HE matriz, mas ninguém sabia de nada, só que que iriam demitir todos.
“É necessário que as autoridades investiguem mais a fundo, vão descobrir como eles estão agindo intimidando a equipe do anexo, com demissões, excluindo de grupos de WhatsApp quem reclama das condições de serviço e retirando da escala. A questão é, como esta fundação fará a gestão de todas as unidades hospitalares se eles não estão conseguindo gerir nem o que já assumiram que são ambientes controlados? Como eles farão a gestão se iniciam já reduzindo os salários, retirando os direitos trabalhistas, intimidando as equipes?”
Com a paralisação os trabalhadores reivindicam o pagamento de salários atrasados de março e abril, reajuste salarial, melhores condições de trabalho e que parem com o assédio moral constante.
Os profissionais finalizaram dizendo que se o governo não entrar em acordo sobre essa possível gestão da Fundesa, o HE matriz paralisará também. “Todas as classes estão unidas e demonstram descontentamento com essa forma de trabalho que será imposta, esperamos que o governador Clécio e a secretária Silvana Vedovelli sentem para negociar e mostrem respeito pela nossa classe”.