O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, enviou à Polícia Federal (PF) nesta quarta-feira (16) o pedido de investigação sobre o apagão registrado na última terça-feira (15) em 25 estados e no Distrito Federal. A solicitação foi feita pelo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira. Após mais de 24 horas da falta de energia elétrica que afetou cerca de 29 milhões de brasileiros, o governo ainda não conseguiu identificar o motivo que fez com que quase todo o Brasil ficasse sem luz.
No ofício enviado ao diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, Dino afirma que as causas para o “grave e anômalo corte de carga” ainda são desconhecidas e que o Ministério de Minas solicita esforços para que o órgão investigue o episódio. “E caso constatado algum ato ilícito, adote as providências cabíveis”, diz o documento, obtido pela reportagem.
Nas redes sociais, Dino comentou a medida. “A providência é necessária em face da ausência de elementos técnicos, até o momento, que expliquem o que ocorreu. Assim, é prudente uma análise mais ampla, inclusive quanto à possibilidade de atos ilícitos”, afirmou o ministro.
Mais de 24 horas depois do apagão, o governo federal ainda não conseguiu identificar o motivo que fez quase todo o Brasil ficar sem luz. Até o momento, o Executivo cita apenas que houve sobrecarga em parte do sistema nacional de energia e falha técnica, sem explicar como isso teria acontecido. Integrantes dizem também que o episódio não tem relação com a segurança energética brasileira e classificam como “extremamente raro”.
O Ministério de Minas e Energia afirmou em nota que, a partir de dados do Operador Nacional do Sistema (ONS), registrou uma ocorrência às 8h31 na rede de operação do Sistema Interligado Nacional (SIN) que provocou a “separação elétrica das regiões Norte e Nordeste das regiões Sul e Sudeste do país”, com a interrupção de pelo menos 16 mil megawatts de carga.
Após esse episódio, o ONS decidiu, por conta própria, fazer uma “ação controlada” nas regiões Centro-Oeste, Sul e Sudeste. Isso foi necessário para “evitar propagação da ocorrência”, de acordo com o órgão. Houve corte de carga controlado de 2.900 megawatts, o que evitou um desligamento maior nessas regiões. O fornecimento de energia foi normalizado em todo o país cerca de seis horas após o início do apagão. Segundo o Ministério de Minas e Energia, o Sistema Interligado Nacional voltou a funcionar totalmente às 14h49.
Nesta quarta-feira (16), o ministro da Casa Civil, Rui Costa, disse que o apagão foi consequência de “erro técnico, falha técnica”. “Precisa identificar o que foi que aconteceu, e espero que o mais rápido possível nós consigamos dizer à sociedade”, afirmou em entrevista à Empresa Brasil de Comunicação (EBC).
Ele ressaltou que o Brasil tem “sobra de energia” e que, portanto, não há razão para o episódio ocorrido na terça. “Não há razão para esse apagão. A gente viveu alguns apagões no Brasil em períodos onde nós tínhamos crise de geração de energia, ou seja, reservatórios de água estavam em baixa. Você tinha mais demanda que oferta, o que levava ao colapso no sistema”, comentou.
Durante coletiva de imprensa, o ministro de Minas e Energia criticou a privatização da Eletrobras, mas evitou fazer ligação com o apagão. Silveira ainda insinuou que o episódio possa ter dolo e, por isso, pediu a investigação da PF. O titular ainda pediu inquérito para a Agência Brasileira de Inteligência (Abin).
“Como eu tenho absoluta convicção de que a ONS, até pela sua característica técnica, não vai ter condição de dizer textualmente se esses eventos foram eminentemente técnicos ou se houve falha humana, ou até dolo, eu estou oficializando o Ministério da Justiça para que seja encaminhado à Polícia Federal o pedido de instauração de inquérito para que apure com detalhes o que poderia ter ocorrido, além de diagnosticar apenas onde ocorreu. Tanto a Polícia Federal quanto a Abin, para apurar eventuais dolos no ocorrido de hoje”, disse Silveira.
Com informações do R7