• Na sociedade nem todos os cidadãos têm tempo ou interesse para estudar assuntos complexos. Assim “os temas menos relevantes para a vida real das pessoas são os que obtêm audiência e terminam por pautar o mundo político.” É o caso de pautas de costumes ou declarações de celebridades.
• Nesse cenário, “O líder populista é o tipo que aprendeu mais rápido a administrar este universo caótico e não por acaso está em alta nas democracias. Sua lógica parece clara: vivemos em uma sociedade polarizada, sem consenso possível, e a estratégia política viável é dobrar a aposta na própria polarização.” O populista moderno considera ótimo que “tudo vire um bate-boca na internet.” O objetivo é mobilizar a opinião pública para “a última futrica do dia”. « A responsabilidade é sua, presidente ». Coluna de Fernando Luís Schüler. Folha de S.Paulo, 25 de julho de 2017
• Assim, o contexto parece facilitar ou abrir os caminhos para os extremistas convencerem os eleitores. Além disso, julgamentos históricos, decididos por tribunais populares, demonstram que o povo aprecia riscos em que é movido por adrenalina manipulada pelos donos de poder, como condenar Sócrates acusando-o de “corromper a mocidade a não crer nos deuses do estado, mas em outros seres espirituais” e, também, condenar Jesus Cristo, libertando em troca, um criminoso, um ladrão chamado Barrabás.
• Adicione-se outro ingrediente, as mortes por Covid-19, decorrentes das comorbidades e da ausência de oferta de saúde. E, além dessas, também as que decorreram da ignorância, de parte da população e de nossos governantes. Podemos citar como exemplo a má administração na oferta de saúde, disputa no protagonismo político no convencimento de questões de natureza científica, demonização da pandemia, pelos populistas, e abusos das próprias vítimas e seus familiares.
• Neste momento, o atual presidente, com os bolsa-votos, herdados do presidente anterior; e este, com apoio do sistema de educação que comandou por duas décadas e de grande parte do Judiciário e Congresso Nacional, comandam a maioria do eleitorado. Como terceira via, temos o ex-juiz, que comandou a Lava Jato, operação que evidenciou o uso do dinheiro público no interesse privado e detém o discurso de combate a corrupção, caracterizando-se como o meio entre os extremos.
• Os debates entre os candidatos serão fundamentais para definir os rumos da eleição. É certo que há grupos de pessoas que apoiam incondicionalmente um dos três. É certo que há pessoas que se reconhecem extremistas e jamais apoiarão o meio. Também é certo que há grupos de pessoas que experimentaram os que já governaram e somente votarão em alguém que ainda não cometeu as falhas reconhecidas naqueles. Mas, também é certo que a maioria dos brasileiros está à espera de alguém que apresente soluções para problemas que os atingem no dia a dia, sejam eles apresentados por qualquer dos 3 candidatos.
• Essa disputa se refletirá nos candidatos às 513 vagas de deputados federais e 27 vagas de senadores em disputa. E, infelizmente, terá como tempero 5 bilhões e 700 milhões de reais, que poderiam estar destinados a resolver problemas de segurança pública, a oferecer oportunidades de trabalho ou mesmo tratamento de saúde para pessoas que se encontram à beira das mortes nos sucateados hospitais do Brasil.
• A esperança reside na compreensão, pelo eleitor, de que a governança está nas mãos dos que serão eleitos. A decisão sobre quem será eleito é do sofrido povo do Amapá e do Brasil, pois, a escolha está em nossas mãos, ou melhor, em nossos dedos: digitar o número do que comprou seu voto – seja com dinheiro vivo, favores, cargos ou qualquer outro benefício pessoal – ou digitar o número daquele que pode melhorar seu futuro e de sua família com uma ação eficiente e voltada para resolver os problemas da sociedade, eis a questão. Em outubro de 2022 saberemos se tudo fica como está ou se a esperança renasce. Tudo depende de nós eleitores.