Um vídeo mostra as chamas subindo no momento da explosão. O acidente aconteceu exatamente uma semana depois de o presidente Lula (PT) visitar a refinaria e anunciar a retomada de obras na unidade (entenda mais abaixo).
Segundo a Petrobras, a explosão aconteceu durante uma manutenção no tanque e foi causada por “um fagulhamento seguido de chama, rapidamente controlada”.
Os quatro trabalhadores feridos foram atendidos na refinaria e encaminhados para avaliação médica externa. Equipes internas da Rnest foram acionadas e atuaram para o controle da ocorrência.
Segundo funcionários que não quiseram se identificar, o acidente aconteceu num tanque cujo tipo é conhecido como “maracanã”.
Um dos feridos, um homem de 41 anos, foi levado pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) para o Hospital Hapvida do Cabo de Santo Agostinho. A reportagm tentou, mas não obteve informações sobre o estado de saúde dele, porque a família não autorizou a divulgação.
Os outros três feridos foram transportados por ambulâncias da refinaria. O Sindicato dos Trabalhadores na Indústria do Petróleo e Gás Natural (Sindipetro-PE/PB) afirmou que eles foram levados para o Hospital Dom Helder Câmara, também no Cabo de Santo Agostinho, e para o Hospital da Restauração (HR), no Centro do Recife.
Dois deles, levados para o HR, deram entrada na Unidade de Queimados, onde ficaram internados com quadro de saúde estável.
Outro funcionário, identificado como Fábio Rodrigues, deu entrada no Hospital Dom Helder Câmara em estado estável, com queimaduras em 10% do corpo. De acordo com a unidade hospitalar, ele foi atendido pela equipe multidisciplinar de plantão e, após ser estabilizado, foi transferido para o HR.
A Rnest disse que um dos trabalhadores feridos já havia recebido alta da unidade de saúde, ainda no início da noite da quinta, mas não informou qual.
A Petrobras, por meio de nota, afirmou que “as causas serão investigadas e as unidades de produção da Refinaria operam normalmente, sem outros impactos”.
Retomada de investimentos
O presidente Lula esteve em Pernambuco no dia 18 de janeiro, quando participou da cerimônia de retomada das obras da Rnest.
O retorno das obras, paralisadas desde 2015 — desde o início das investigações da Operação Lava Jato — fazem parte do novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
A Petrobras pretende gerar 30 mil empregos e mais que dobrar a produção de óleo diesel no local, com investimento de até R$ 8 bilhões apenas na unidade pernambucana.
A previsão do governo federal e da Petrobras é aumentar a capacidade de processamento de barris de petróleo de 100 mil para 260 mil. Isso deve ocorrer em três grandes etapas. A primeira, já em 2025, vai aumentar a capacidade em 30 mil barris. As outras vão acrescentar mais 130 mil barris até 2028.
Em seu discurso, Lula fez duras críticas à Operação Lava Jato, classificando como uma operação orquestrada por “alguns juízes e procuradores desse país subordinados ao Departamento de Justiça dos Estados Unidos, que não queriam e nunca aceitaram que o Brasil tivesse uma empresa como a Petrobras”.
Construção e Lava Jato
Até o ano de 2015, a Petrobras havia investido US$ 18,9 bilhões na Rnest, o que, na época, equivalia a R$ 66,5 bilhões. O custo previsto inicialmente era de US$ 2,3 bilhões;
O projeto foi anunciado em 2005, com a presença dos presidentes Lula e do então presidente da Venezuela Hugo Chávez;
Dois anos depois, em 2007, Chávez reclamou do atraso no cronograma, mesmo sem ter enviado recursos financeiros da Venezuela. Em setembro do mesmo ano, Lula foi até Ipojuca para acompanhar a terraplanagem do terreno e a previsão de inauguração era agosto de 2010;
Em 2010, o Tribunal de Contas da União recomendou a paralisação dos serviços, pois encontrou indícios de sobrepreço. Já a Petrobras disse que os gastos não eram abusivos;
Em 2013, a Venezuela desistiu da parceria. No final do mesmo ano, a então presidente Dilma Rousseff veio a Pernambuco e garantiu a conclusão da obra em 2014;
Em março de 2014, a Operação Lava Jato começou investigar um esquema de corrupção na Petrobras, atingindo as obras. As construtoras atrasaram os salários de 45 mil operários, houve protestos e várias demissões;
Em dezembro de 2014, a Refinaria Abreu e Lima começou a funcionar parcialmente;
Em 2016, mais de oito anos após o início das obras, apenas uma das duas unidades de refino ficou pronta;
No mesmo ano, o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa foi condenado por fazer parte de organização criminosa e por lavagem de dinheiro, crimes ligados a desvios de recursos na construção da refinaria;
Em março de 2017, a Polícia Federal indiciou o ex-gerente da refinaria, Glauco Legatti, por corrupção passiva. De acordo com o indiciamento, ele recebeu vantagens indevidas para obter benefícios e concessões no âmbito do contrato da Rnest , nos anos de 2013 e 2014.
Em 18 de janeiro de 2024, as obras da Refinaria Abreu e Lima foram retomadas, durante cerimônia com a presença do presidente Lula (PT), em Pernambuco, como parte de um investimento total de US$ 17 bilhões da Petrobras até 2028.
Com informações G1
