A fibromialgia é uma síndrome clínica que se manifesta com dor no corpo todo. Junto com a dor, a fibromialgia cursa com sintomas de fadiga (cansaço), sono não reparador (a pessoa que acorda cansada) e outros sintomas como alterações de memória, ansiedade, depressão e alterações intestinais.
2. A fibromialgia é mais frequente em que público?
De cada 10 pacientes com fibromialgia, sete a nove são mulheres. A idade de aparecimento da fibromialgia é geralmente é entre 30 e 60 anos, porém existem casos em pessoas mais velhas e também em crianças e adolescentes.
3. Como se faz o diagnóstico de fibromialgia?
O diagnóstico da fibromialgia é clínico, isto é, não necessita de exames para comprovar que ela está presente. Se o médico fizer uma boa entrevista clínica, pode fazer o diagnóstico de fibromialgia na primeira consulta e descartar outros problemas.
4. Qual os critérios para o diagnóstico clínico?
Os critérios de diagnóstico da fibromialgia são:
a) dor por mais de três meses em todo o corpo
b) presença de pontos dolorosos na musculatura (11 pontos de 18 que estão pré-estabelecidos).
Deve-se salientar que muitas vezes, mesmo que os pacientes não apresentem todos os pontos, o diagnóstico da doença é feito e o tratamento iniciado.
Provavelmente o médico pedirá alguns exames de sangue, e isso acontece não para comprovar a fibromialgia, mas para afastar outros problemas que possam simular esta síndrome. Não é incomum pacientes com Lupus, Sjögren, espondilite, hipo ou hipertireoidismo e artrite reumatoide evoluírem para fibromialgia.
5. Quais os sintomas da Fibromialgia?
A alteração do sono na fibromialgia é frequente, afetando quase 95% dos pacientes. Esta má qualidade do sono aumenta a fadiga, a contração muscular e a dor.
A fadiga leva os pacientes a apresentar baixa tolerância ao exercício, o que é um grande problema, já que a atividade física é parte do tratamento.
A depressão está presente em 50% dos pacientes com fibromialgia. Isto quer dizer duas coisas: 1) a depressão é comum nestes pacientes e 2) nem todo paciente com fibromialgia tem depressão. A depressão, por si só, piora o sono, aumenta a fadiga, diminui a disposição para o exercício.
6. O que causa essa doença?
Não existe ainda uma causa única conhecida para a fibromialgia. Os estudos mais recentes mostram que os pacientes com fibromialgia apresentam uma sensibilidade maior à dor do que pessoas sem fibromialgia. Na verdade, seria como se o cérebro das pessoas com fibromialgia estivesse com um “termostato” ou um “botão de volume” desregulado, que ativasse todo o sistema nervoso para fazer a pessoa sentir mais dor. Desta maneira os nervos, a medula e o cérebro permitem que qualquer estímulo doloroso seja aumentado de intensidade.
A fibromialgia pode aparecer depois de eventos graves na vida de uma pessoa, como um trauma físico, psicológico ou mesmo uma infecção grave. O mais comum é que o quadro comece com uma dor localizada crônica, que progride para afetar todo o corpo.
7. Como se faz o tratamento da Fibromialgia?
O tratamento da fibromialgia deve ser individualizado para cada paciente e se baseia no tratamento medicamentoso e não medicamentoso.
As medicações mais utilizadas são os relaxantes musculares com ação analgésica, anti-depressivos que atuam na dor e drogas que diminuem impulsos nervosos dolorosos como os anticonvulsivantes. Os anti-depressivos e anticonvulsivantes são seguros quando prescritos por médico habituado com tratamento da fibromialgia. Deve ser explicado aos pacientes os efeitos colaterais. Essas medicações podem ser utilizados por meses ou anos com segurança pelo médico habilidoso com as substâncias. Opióides fracos como o tramadol e a codeína podem ser utilizados. Opióides fortes como a morfina e o fentanil não devem ser utilizados pelo grande risco de dependência dessas drogas. Também são utilizados por curtos períodos os analgésicos comuns, tanto os simples quanto os fortes em alguns casos, porém devemos evitar esses medicamentos, já que os mesmos sobrecarregam os rins e o fígado quando utilizados por longos períodos.
O Tratamento não medicamentoso é o pilar para a melhora sustentada do paciente e pode incluir fisioterapia , hidrocinesioterapia , acupuntura, massagens e acompanhamento psicológico. O exercício físico com orientação profissional é fundamental para a melhora do paciente a longo prazo.
*Texto adaptado da cartilha de fibromialgia da Sociedade Brasileira de Reumatologia.
Marco Túlio Franco.
Médico Reumatologista.
CRM 994 / RQE 204
Área de atuação em Dor. Conselheiro Suplente do Conselho Federal de Medicina.