Volta e meia surgem pessoas que ‘raciocinam fora da caixa’, não são reconhecidas como geniais apesar de serem, como nos mostra Brian Balfour, vice-presidente sênior de pesquisa da John Locke Foundation, em seu artigo “Concentrar-se exclusivamente na criação de empregos pode fazer mais mal do que bem”, publicado pelo site AIER – AMERICAN INSTITUTE for ECONOMIC RESEARCH, em 21/04/2023, que transcrevo alguns trechos.
“Somos constantemente bombardeados por políticos que declaram a importância de ‘gerar empregos’ na economia. Vemos regularmente iniciativas do governo, como projetos de obras públicas, programas de ‘estímulo’ e subsídios do governo sob o pretexto de criar empregos. Simplificando, no entanto, as políticas com o único objetivo de maximizar empregos erram o alvo. A verdadeira ênfase deve estar na maximização da produção. Por que focar na maximização da produção e não nos empregos? Porque aumentar a produtividade é o que aumenta a riqueza e melhora o padrão de vida de todos.
Adam Smith descreveu a riqueza como ‘o produto anual da terra e o trabalho da sociedade’. Este ‘produto’ é, na sua forma mais simples, aquilo que satisfaz as necessidades e desejos humanos. Em suma, a riqueza pode ser descrita como uma abundância de itens de valor econômico. Observe que riqueza não é abundância de dinheiro ou empregos. O dinheiro é uma ferramenta de troca, ter ‘muito’ dinheiro é apenas relativo à quantidade de bens disponíveis para troca por esse dinheiro. Se você tem uma montanha de dólares, mas mal há ‘produção’ suficiente disponível na sociedade para evitar que você morra de fome, você não é rico.
Além disso, uma sociedade pode estar em ‘pleno emprego’ e ser extremamente pobre. Pense nas nações do terceiro mundo ou em tempos mais primitivos da história, onde praticamente todo mundo tinha que trabalhar de sol a sol apenas para produzir o suficiente para sobreviver no dia seguinte. O objetivo, em vez de focar exclusivamente em empregos, é focar na produtividade e na geração de riqueza que ela traz. Steven Horwitz, o falecido economista da St. Lawrence University, certa vez escreveu: ‘Criar empregos é fácil, mas não é motivo de orgulho. Na verdade, destruir empregos é o verdadeiro caminho para a riqueza.’ Esta citação do Prof. Horwitz esclarece como pode ser equivocado se concentrar exclusivamente em empregos. Devemos ter em mente que um emprego é uma renda para o trabalhador, mas é um custo para o empregador.
Empregar, por exemplo, dez trabalhadores para realizar um trabalho que poderia ser feito por cinco, desperdiça recursos escassos. Muitos programas governamentais destinados a ‘criar empregos’ fazem exatamente isso. Seu objetivo é maximizar o número de trabalhadores em um projeto, em vez de produzir bens e serviços da forma mais eficiente possível. É fácil para os políticos usar o dinheiro dos contribuintes para financiar ‘programas de empregos’ que dão empregos às pessoas, mas isso não ajuda a economia e pode, na verdade, desacelerar o crescimento econômico.
Além disso, empregar mais pessoas do que o necessário reduz a produtividade. Produtividade mais baixa significa que menos bens e serviços de valor econômico estão sendo produzidos com uma determinada quantidade de recursos. O simples foco em ‘criar’ o máximo de empregos pode prejudicar a produtividade, o que diminui a abundância de bens de valor econômico.
Apesar da aparência de mais pessoas ocupadas, se o foco for o emprego e não a produtividade, nosso padrão de vida fica prejudicado. A destruição de todos os tratores do país ‘criaria’ talvez milhões de empregos agrícolas. Mas exigir muito mais trabalhadores para produzir a mesma quantidade de produto seria muito menos eficiente e, como tal, seria um empecilho para a economia. E menos trabalho estaria disponível para satisfazer outras necessidades e desejos sociais.
Como acrescentou Horwitz, ‘as economias mais saudáveis são aquelas que consistentemente destroem empregos, inventando novas e melhores maneiras de satisfazer os desejos humanos existentes com cada vez menos trabalho, enquanto liberam outro trabalho para satisfazer desejos novos e ainda não sonhados’. Outro fator importante a ser lembrado é que os desejos humanos superam em muito os escassos recursos disponíveis para satisfazê-los. Mesmo quando as pessoas perdem seus empregos para ganhos de produtividade, sempre há mais desejos do consumidor para satisfazer. Mesmo aqueles que os consumidores ainda não conhecem.
Se muitos trabalhadores estiverem sendo empregados nos atuais modos de produção como resultado de políticas governamentais para ‘criar empregos’, não haverá trabalhadores disponíveis para descobrir e produzir produtos novos e inovadores. Uma geração atrás, praticamente ninguém poderia imaginar um maquinário que coubesse na palma da mão, pudesse tirar fotos, enviar mensagens instantâneas para o mundo todo e permitir que você navegasse na internet.
Em seu livro Economics in One Lesson, o economista Henry Hazlitt resumiu a noção de que pleno emprego não significa prosperidade e que o verdadeiro impulsionador da prosperidade são os ganhos de produtividade, levando a uma maior abundância de bens e serviços para satisfazer os fins dos indivíduos. ‘As tribos primitivas estão nuas’, escreveu ele, e miseravelmente alimentadas e abrigadas, mas não sofrem com o desemprego.”
Hoje, se todos observarem bem, a tecnologia não é uma geradora de empregos em ‘massa’ e sim geradora de produtividade, liberando as pessoas para inventar novas e melhores maneiras de satisfazer os desejos humanos existentes com cada vez menos trabalho. Assim, mais uma vez, sou obrigado a recorrer às lembranças de passado: quando resolvi ingressar na universidade me deparei com, no máximo, uma dúzia de cursos superiores.
As profissões oferecidas pelas universidades eram limitadas, Medicina, Direito, engenharia e algumas poucas outras. Quantos cursos universitários e profissões existem hoje?
O poder público e as universidades, desculpem todos, sempre andaram ‘a reboque’ da inciativa privada. As novas profissões surgem, contrariando o que muitos pensam, na iniciativa privada. Lembro, como se fosse hoje, quando exerci cargo executivo de uma instituição vinculada à governo federal resolvi promover o ‘1° Seminário de Informática do Pará’ me defrontei com uma dificuldade, o curso universitário era focado em hardware, para conseguir especialistas em software tive que recorrer ao mercado.
“A imaginação é o início da criação. Você imagina o que deseja, deseja o que imagina e, por fim, cria o que deseja”, George Bernard Shaw, 1856 a 1950, dramaturgo, escritor e jornalista.