Como atua o estelionatário emocional? Saiba o que fazer para não cair no golpe!
O golpe do amor, também conhecido como estelionato sentimental, ganhou volume durante a pandemia. Na maioria das vezes, os bandidos se passam por brasileiros que moram no exterior, constroem uma relação afetiva com a vítima para ganhar confiança e, depois, pedir dinheiro.
O mais recente argumento que os estelionatários vêm usando é o envio de um presente para o parceiro ou de algum item de sua mudança de volta para o Brasil. Eles alegam que a encomenda ficou retida na alfândega e, para passar mais credibilidade, até forjam documentos da Receita Federal.
Outra situação comum é pedir nudes.
Mesmo que esteja muito apaixonada, a pessoa não deve mandar, desconfie. O crime de estelionato é a porta de entrada para muitos outros como o de extorsão. O criminoso, de posse dessa foto pessoal, pode ameaçar e pedir dinheiro para não publicar essa imagem na internet.
Atualmente, existem rede de apoios para as vítimas tanto nas redes protetivas, como nas redes sociais, em que são disponibilizados apoio e suporte psicológico e jurídico para as vítimas dessas situações como essas.
Eles são falsários, pilantras, bandidos, criminosos como os demais ao pé da lei, mas a diferença é que praticam a fraude com requinte sentimental. E, para tanto, se valem de uma lábia vigarista que impressiona, por vezes, os mais criativos roteiristas de cinema.
Mas, no mundo real, no ambiente passional, os golpistas se envolvem nos problemas da vítima, e, ombro a ombro, colo a colo, choram com os fragilizados as lágrimas de sarcasmo.
Ele tem no seu repertório emocional a arte de estabelecer relações com o dó, a caridade, a piedade ou, no outro sentido, pela ganância. Ou seja, o estelionatário ou é o coitadinho ou é o esperto. Mas o ponto em comum desses tipos sentimentais é que ele sensibiliza fácil a vítima para ter vantagem.
Ele enxerga com facilidade a vítima que tem o perfil de uma pessoa boa, ingênua por ser boazinha, sem maldade. Ele tira proveito fácil. A questão crucial no comportamento do estelionatário sentimental, em sua visão, é que ele se coloca na condição da vítima e dessa forma a sensibiliza.
Ele é muito companheiro e compreensivo e, quando vê que sua conversa está gerando resultado, ele cria uma crise e chora no ombro da pessoa que está fragilizada. Ele se identifica e se iguala ao sofrimento da vítima, que busca auxiliar.
O vigarista também consegue êxito sobre pessoas tidas como experientes e seguras, embora suas vítimas prediletas, escolhidas com sagaz observação, seja de quem enfrenta problemas em seus relacionamentos ou esteja sofrendo com perdas. O estelionatário, mesmo leigo em ciências como a sociologia, psicologia, ou questões comportamentais do ser humano, é uma espécie de autodidata em observação do “coração”.
Eles demonstram habilidade certeira em localizar pessoas maltratadas, deprimidas e que estão sofrendo. Ao definir como age e pensa o falsário cruel podemos concluir que normalmente apresenta o que chamamos de transtorno de personalidade antissocial, mais comumente conhecido como psicopata ou sociopata.
Ou seja, tais indivíduos tendem a apresentar um padrão invasivo de desrespeito e violação aos direitos dos outros, fracassam em conformar-se com as normas sociais com relação a comportamentos legais e mostram propensão para enganar, usar nomes falsos ou ludibriar os outros para obter vantagens pessoais ou prazer.
Também demonstram irresponsabilidade consistente e repetido fracasso em manter um trabalho e de honrar obrigações financeiras. Tendem a ser frios, indiferentes e a não apresentar qualquer remorso por ter ferido, maltratado, enganado ou roubado alguém”, complementa.
O curioso na abordagem da terapeuta é que alguns desses psicopatas ainda se consideram vítimas da sociedade por, por exemplo, terem sofrido abusos ou maus tratos.
Em geral essas pessoas veem a si mesmas como independentes e fortes. E, por se acharem vítimas da sociedade, se veem no direito de fazer o mesmo com os outros. Outros adotam mesmo a premissa de que numa sociedade injusta o mais forte tem o direito de engolir o mais fraco.
Crime do camaleão
O estelionato talvez seja o crime que tem o código mais conhecido nas ruas. O famoso 171, artigo do Código Penal (CP) que o identifica como crime doloso de natureza patrimonial realizado com o emprego de fraude. O advogado e professor de Direito Cláudio Bahia explica que o agente criminoso se vale do engano ou se serve deste para que a vítima, sem a adequada reflexão, se deixe dilapidar em seu âmbito patrimonial.
O vocábulo stellio é derivado do latim e significa camaleão. Nem que se diga que a ação da vítima é consentida, considerando que o verdadeiro consentimento só se mostra apto para produzir efeitos jurídicos quando baseado sobre informações idôneas, verdadeiras e não sobre ilusões, mentiras e enganações.
A personalidade antissocial manifesta atacará, roubará e enganará os outros abertamente. O tipo mais sutil, também conhecido como ‘artista da trapaça’ ou estelionatários, tentará ludibriar os outros por meio de uma hábil e sutil manipulação. Esses trapaceiros se esmeram continuamente na arte da sedução e tornam-se expert neste oficio. Como bons predadores, estudam muito bem o ambiente e tendem a ser certeiros nos seus ataques.
Pessoas que foram vítimas da ação de estelionatários tendem a assumir a culpa total pelo infortúnio o que resulta também em grandes prejuízos emocionais. Este é um grande erro de julgamento. O controle absoluto é uma grande ilusão. Somos todos vulneráveis e armadilhas existem por toda parte.
De outro lado, é preciso observar que, por medo e vergonha, muitas das vítimas preferem não procurar ajuda, pois temem as críticas e possíveis chacotas.
É muito importante que as vítimas saibam que não estão sozinhas.
Golpe do amor
