1. Qual o motivo do guia de atividade física do Ministério da saúde?
Em 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou suas novas diretrizes sobre atividade física e comportamento sedentário, com direcionamentos para a população mundial, enfatizando que qualquer pessoa, em qualquer idade pode ser fisicamente ativa e de que todo e qualquer movimento conta para a melhora da saúde!
Catalogou-se a prática de atividade física em intensidades de forma leve, moderada a vigorosa. Recomendando a prática de atividade física para a população adulta de 150 a 300 minutos de atividades aeróbicas de intensidade moderadas a vigorosas por semana, incluindo as pessoas com doenças crônicas, já para as crianças e adolescentes deve-se ter uma média de 60 minutos por dia de atividade física moderada a vigorosa.
Com as novas diretrizes recomendadas pela OMS, o Ministério da Saúde do Brasil, criou o seu guia nacional.
Nota-se que esse Guia serve para divulgar a importância da prática de atividade física em todos os momentos da vida. É uma forma de incentivar e divulgar que o sedentarismo pode ser combatido através de uma vida mais ativa, tendo em foco que todo e qualquer movimento conta para se tornar uma pessoa menos sedentária, toda atividade física é benéfica e pode ser realizada como parte do trabalho, esporte e lazer ou transporte (caminhada, andar de bicicleta), mas também por meio da dança, brincadeiras e tarefas domésticas cotidianas, como jardinagem e limpeza de casa por exemplo.
2. O que o guia preconiza para as crianças e adolescentes?
Primeiramente é necessário explicar que a Atividade Física é qualquer comportamento que envolve os movimentos voluntários do corpo, com gasto de energia acima do nível de repouso, promovendo interações sociais e com o ambiente, podendo acontecer no tempo livre, no deslocamento, no trabalho ou estudo e nas tarefas domésticas, diferente do Exercício Físico, que é direcionado e envolve planejamento, com intuito de manter e melhorar as capacidades físicas.
Aconselha-se para as crianças até 1 ano atividades de estímulos motores simples por pelo menos 30 minutos (distribuídos ao longo do dia), utilizando-se de brincadeiras e atividades que estimulem a criança a se movimentar.
Já para crianças de 1 à 2 anos, deve-se buscar fazer atividade física de qualquer intensidade por pelo menos 3 horas distribuídas ao longo do dia, através de brincadeiras e jogos com estímulos motores como correr, saltar escalar, arremessar, dentre outros.
Para as crianças de 3 à 5 anos devem fazer atividade física de qualquer intensidade pelo menos 3 horas por dia, sendo 1 hora com intensidade moderada e vigorosa, que pode ser acumulada ao longo do dia, por meio do deslocamento ativo, como andar a pé ou de bicicleta.
Já para a segunda infância e adolescência (6 à 17 anos de idade) recomenda-se atividade física de no mínimo 60 minutos por dia, tendo preferência para as que fazem a respiração e os batimentos do coração aumentarem (moderadas a vigorosas), nessa faixa etária busca-se estimular as atividades no tempo livre para lazer, assim como utilizar-se dos instrumentos de deslocamento (bicicleta, skate, patins) para a prática de atividade física, como também fazer com que a criança e adolescente já ajude nas tarefas domésticas para se movimentar, como levar o animal de estimação para passear e dar banho. Deve-se incentivar a reduzir o tempo em comportamentos sedentários, limitando o tempo de permanência na frente do computador, celular, tablet, vídeo game e televisão. Assim como estimular a interação entre outras crianças e adolescentes, para o desenvolvimento da questão psicossocial.
3. Qual a recomendação para as grávidas?
A prática de atividade física durante a gestação e no período pós-parto é segura, traz diversos benefícios para a saúde da mãe e a do seu bebê, além de reduzir os riscos de algumas complicações relacionadas à gravidez, como: diminuição do risco de pré-eclâmpsia, hipertensão gestacional, diabetes gestacional, dentre outros. Recomenda-se fazer pelo menos 150 minutos de atividade física com intensidade moderada ao longo da semana e incorporar atividades aeróbicas e musculares, adicionada a alongamentos. Caso a mulher já seja ativa antes da gravidez, podem realizar atividades vigorosas durante e após o parto, tomando a devida precaução e com orientação adequada de um Profissional de Educação Física.
4. As doenças crônicas estão enquadradas em que tipo de atividades físicas?
Pessoas com doenças crônicas devem praticar qualquer tipo de atividade física de forma regular para a melhoria do seu quadro clínico. Doenças como Hipertensão arterial, diabetes tipo 2, pessoas com HIV, tratamento de Câncer, dentre outras, apresentam uma melhora substancial na saúde e qualidade de vida quando fazem atividade física de forma contínua. Todos os adultos e idosos em condições de doenças crônicas devem fazer pelo menos 150 a 300 minutos de atividade física com intensidade moderada; ou pelo menos 75 a 150 minutos de atividade física vigorosa; ou uma combinação com intensidade moderada e vigorosa ao longo da semana. Essas atividades devem conter atividades de fortalecimento muscular que envolvam os principais grupos musculares em dois ou mais dias por semana, pois estas proporcionam benefícios adicionais.
5. Quais os benefícios para o idoso e qual as atividades físicas ideais?
Para os Idosos, assim como para os adultos com alguma deficiência, aconselha-se a começar fazendo pequenas quantidades de atividade física e gradualmente aumentar a frequência, intensidade e duração ao longo do tempo, levando em consideração sempre a sua situação atual de condicionamento. Deve-se buscar atividades que lhe sejam prazerosas, como danças, passeios ao ar livre, hidroginástica, natação, musculação, dentre outras, mas sempre lembrando que o ganho de massa muscular é um fator preponderante para a melhora da saúde nessa fase da vida!
Em idosos, a atividade física proporciona benefícios como: o aumento da longevidade, diminuição da mortalidade das doenças cardiovasculares, da hipertensão, de alguns tipos de cânceres, do diabetes tipo 2; além de melhorar a saúde mental (redução dos sintomas de ansiedade e depressão), a saúde cognitiva e o sono. A adiposidade corporal também pode melhorar. Em idosos, a atividade física ajuda a prevenir quedas e lesões relacionadas; o declínio da saúde óssea e da capacidade funcional.
6. Quais os prejuízos que a pandemia da COVID 19 trouxe para a população nessa área tão importante para a saúde da população?
A pandemia ocasionou muitos prejuízos para a população, um deles foi o aumento do número de pessoas sedentárias devido o confinamento e reclusão nos ambientes domésticos, muitas pessoas deixaram de realizar as tarefas diárias nas quais estavam acostumados e passaram mais tempo de maneira ociosa em casa. Pessoas deixaram de se exercitar e passaram a comer mais desregradamente e ainda tem o dano a saúde mental pelo isolamento social. Nota-se em muitos estudos o aumento da inatividade física durante esse período, o que pode causar danos à saúde se não mudarmos esse quadro. Percebe-se que podemos ser ativos mesmo em limitação de ambientes, aumentando nossa movimentação com as tarefas diárias de casa, como lavar o carro, limpar a casa, brincar com os filhos, pois como a OMS já preconiza, o importante é termos um comportamento ativo.
Fazer alguma atividade física é melhor de que nenhuma.
Lembrando que é sempre necessário antes de iniciar qualquer tipo de exercício ou mesmo atividade física, de procurar uma avaliação médica para saber como está a sua saúde, assim como procurar um Profissional de Educação Física credenciado pelo CREF para montar um cronograma e direcionar o melhor tipo de atividade e intensidade deve ser indicada a você. Não inicie nenhuma atividade sem passar por uma avaliação prévia por um profissional de saúde!
7. Como a população pode ter acesso ao guia?
O guia está disponibilizado na Internet de forma livre, procurando pelo nome ou no site da OMS e Ministério da Saúde!
Guia da OMS traduzido para o português
https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/337001/9789240014886-por.pdf?sequence=102&isAllowed=y
Guia do Ministério da Saúde
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_atividade_fisica_populacao_brasileira.pdf
Convidado
Rodrigo Coutinho Santos
Professor de Educação Física
Pós graduado em Fisiologia do Exercício e Educação Física Escolar
Mestre em Ciências da Saúde pela Unifap