Existem atualmente vários tipos de exames laboratoriais para auxílio no diagnóstico da COVID-19 (SARS CoV-2). Vamos falar dos testes virais e de anticorpos que mais estão sendo utilizados.
Testes virais:
Utilizado para descobrir se você está infectado com o SARS CoV-2, o vírus que causa a COVID-19. Neste grupo está o teste molecular (RT-PCR), que detecta a presença do material genético do vírus em amostras de nasofaringe. O ideal é realizar o teste nos primeiros dias de sinais e sintomas.
Testes de anticorpos (sorologia):
Procuram anticorpos das classes IgA, IgM e IgG para determinar se você entrou em contato com o vírus que causa a COVID-19. Neste grupo temos os “testes rápidos” com sensibilidade e especificidade inferior a outras metodologias disponíveis no mercado. Lembrando que os anticorpos são proteínas produzidas pelo sistema imunológico logo após você ter sido infectado ou vacinado.
2. No início da pandemia existiam muitos resultados de exames falso positivos e falso negativos. O que mudou de lá para cá?
Quase nenhum teste diagnóstico é perfeito, mas
com o maior entendimento de como o vírus se comporta, conseguimos verificar que o coronavírus produz carga viral tardia, portanto positiva o IGM em uma fase em que o paciente poderá não está mais transmitindo o vírus, isso varia de organismo ou seja cada pessoa reage de uma forma diferente ao coronavírus.
3. Atualmente qual o teste mais confiável e qual o melhor período pra fazer?
Atualmente o exame padrão ouro para detectar a COVID-19 é o de RT-PCR. O teste mostra se o paciente apresenta carga viral no momento. É um teste de biologia molecular para detectar diretamente o material genético do SARS-CoV-2 na secreção respiratória. O teste é recomendado para o diagnóstico de COVID-19 em pacientes sintomáticos e está melhor indicado entre o 1º e 10ºdia de sintomas. É um teste que possui alta especificidade e dentre os testes disponíveis possui a melhor sensibilidade.
4. Quais os outros exames que ajudam o médico assistente nas tomadas das decisões?
Além do RT-PCR para COVID-19, a Agência Nacional de Saúde (ANS) incluiu no Rol, com vigência a partir de 29/05/2020, outros seis exames que auxiliam no diagnóstico e tratamento do novo Coronavírus. O Dímero D, Procalcitonina, Pesquisa rápida para Influenza A e B, PCR em tempo real para os vírus Influenza A e B, Pesquisa rápida para Vírus Sincicial Respiratório e PCR em tempo real para Vírus Sincicial Respiratório. Esses exames buscam ampliar as possibilidades de diagnóstico da Covid-19, especialmente em pacientes graves com quadro suspeito ou confirmado. Dessa forma, auxiliam no diagnóstico diferencial e no acompanhamento de situações clínicas que podem representar grande gravidade, como por exemplo, a presença de um quadro trombótico ou de uma infecção bacteriana. Depois do dia 14/08/2020, também foram incluídos os testes sorológicos (Pesquisa de Anticorpos IgG ou Anticorpos Totais).
Temos também os exames laboratoriais complementares como: Hemograma, gasometria arterial, coagulograma (TP, TTPA, fibrinogênio, proteína C-reativa sérica (de preferência ultra sensível); perfil metabólico completo (TGO, TGP, GGT, creatinina, uréia), albumina, glicemia, ferritina, desidrogenase lática, biomarcadores cardíacos (troponina, CK-MB, Pró-BNP), 25 OH-Vitamina D, íons (Na/K/Ca/Mg), hemoculturas, culturas de escarro e exames de imagens como a tomografia. É importante saber que todos os exames inclusos no rol da ANS, o convênio médico tem obrigatoriedade de autorizar.
5. Como você tem observado o acompanhamento médico laboratorial do paciente pós-covid?
Pesquisas mostram que pacientes após a recuperação continuam a ter sintomas como fadiga e falta de ar, além do impacto emocional. As complicações mais comuns e conhecidas são as que acometem o sistema respiratório, especificamente o pulmão, em que o paciente pode apresentar dificuldade para respirar, com o quadro podendo evoluir, em casos mais graves, para uma síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA). Contudo, é necessário ressaltar que, após a recuperação, há também a possibilidade de complicações para a saúde a longo prazo em outros importantes sistemas do corpo humano como os sistemas cardiovascular, urinário, neurológico e endócrino. Por isso, os casos devem ser estudados e acompanhados individualmente pelo profissional médico a fim de proporcionar ao paciente tratamento especializado e eficaz para sua reabilitação pós-covid. Logo, dependerá da conduta do médico assistente associado a clínica do paciente definir os melhores exames a serem realizados.
6. Compartilhe conosco a sua experiência na pandemia.
A pandemia tem exigido muito mais esforço, conhecimento e sacrifícios. Tudo isso se tornou uma carga física e emocional bastante pesada. Todo esse período me desafiou como ser humano e profissional. Sempre fui acostumado com a liberdade, reuniões de trabalho, brincadeiras de familiares e amigos. De repente surge uma nova realidade que nos força ao isolamento, nos priva do abraço e obriga o uso de máscaras, que entre outras coisas, esconde nosso sorriso. Toda essa situação me fez refletir da importância da coletividade e fazer o bem ao próximo. Realmente não tem sido fácil, pois apesar de todos os esforços ainda estamos perdendo muitos jovens, conhecidos, amigos e familiares para a COVID-19 e isso tudo afeta nossa saúde mental. Trabalhar dias e noites para vencer a demanda de exames é bem desgastante e ao mesmo tempo gratificante, pois tenho a certeza do dever cumprido.
Dr. Achiles: Médico Radiologista; Professor da Unifap; Mestre em Ciências da Saúde
Hoje no #vemcomigofalardesaude temos como convidado o biomédico, Mailson Rodrigues, que vai abordar informações importantes sobre os exames laboratoriais na COVID-19.
Convidado da semana
Mailson de Paula Freitas Rodrigues.
Biomédico e Diretor Executivo do Laboratório MrScienceLab
Contatos: (96) 991268978
Instagram: @mailsonrod Facebook e Linkedin: Mailson Rodrigues.