Você conhece ou já ouviu falar na “I-Doser”? No TikTok, circula um vídeo em que mostra um jovem apresentando uma espécie de “droga virtual” conhecida como I-Doser e que vem se popularizado entre os jovens e preocupado os pais. De acordo com informações, trata-se de vídeos de chamadas neuromúsicas que emitem ondas binaurais. Essas ondas são responsáveis por ativarem áreas do cérebro que supostamente produzem a mesma sensação de drogas ilícitas como cocaína e maconha.
“Hoje eu vou ensinar para vocês como ficar ‘locão’ sem droga e sem nada entorpecente, totalmente legalizado. Você só vai precisar de duas coisas: internet e YouTube”, afirma o influenciador conhecido como Johnathan Bastos.
Paralelamente ao vídeo de Johnathan, viralizou também o discurso de uma palestrante que fez vários alertas sobre a novidade. No vídeo, a palestrante afirma que o I-Doser pode ser perigoso para quem o ouve. Segundo ela, “a pessoa fica totalmente drogada”, além disso, ela afirma que a técnica pode produzir “dependência”.
“Você está na sua casa e seu filho está no quarto com um fone de ouvido e você fala ‘graças a Deus que ele está no quarto, ouvindo música’. Ele está se drogando, e você não sabe”, afirma. A palestrantes também alerta sobre sites que comercializam essas músicas e lucram sobre a suposta dependência que elas podem causar.
De acordo com o programa de computador I-Doser, as experiências sonoras são responsáveis por estimularem o humor e as sensações através de canções com ondas binaurais. Ainda de acordo com o site, o método só funciona por meio de fones de ouvido. O site explica que para funcionar você utiliza dois sons com frequências distintas e como resposta, o cérebro do ouvinte produz um terceiro sinal, o qual provoca a sensação psicodélica.
Neurologistas
De acordo com especialistas, a técnica foi criada há 170 anos pelo físico alemão Heinrich W. Dove. As versões mais recentes da prática vem intrigando pesquisadores. Estudos revelam resultados inconclusivos sobre os efeitos que a técnica pode causar e os quais os possíveis danos que os sons binaurais podem desencadear a médio e longo prazo.
“É possível que tais ruídos vendidos como drogas digitais possam provocar sensações semelhantes às de drogas reais, como cocaína, maconha e heroína, mas são necessários mais estudos científicos para comprovar os efeitos do I-Doser e até mesmo demonstrar se esses sons não provocam danos a médio e longo prazo nas pessoas. Temos que ter muita cautela”, afirmou o neurologista Tárcio Carvalho ao Conselho Regional de Medicina do Estado de Pernambuco.
Para o neurologista do Hospital Brasília/Dasa, Thiago Taya, o efeito causado pelas ondas sonoras não afetaria as redes cerebrais de forma significativa, logo, estas não teriam resultado comparável aos das drogas ilícitas. Além disso, ele considera “improvável” que os sons causem dependência.
“Os sons binaurais emitidos pelo I-Doser geram uma sensação paradoxal, muitas vezes despertando empatia e aversão, e podem ser interpretadas como surreais. Se o paciente for sugestionado, pode achar que eles simulam o efeito do uso de drogas ilícitas. Mas a droga em si provoca um efeito químico cerebral muito mais impactante no funcionamento do nosso cérebro”, avaliou o especialista ao portal Metrópoles.
Experiências relatadas por internautas
Os vídeos que trazem as experiências com músicas binaurais têm se popularizado no YouTube. No espaço para comentários, internautas que experimentaram o I-Doser falaram sobre suas experiências.
“Fechei os olhos e fui deixando ir. Me senti caindo e depois flutuando, entre outras. Logo quando eu ‘acordei’ tudo estava meio que rodando. Isso era um pouco assustador, mas estava muito bom. Tive sensação de prazer no meio de tudo isso” disse uma usuária do YouTube.
“Minha cabeça ficou um pouco tonta com as vibrações do áudio no começo. No meio, eu acho que a coloração do meu quarto ficou diferente. É como se ficasse claro e de repente escuro de novo, mas estava um pouquinho embaçado (as luzes estão apagadas). Durante todo o áudio me senti bem relaxada”, escreveu outro internauta.