Em um dia marcado por fortes ganhos no mercado de ações no Brasil e no mundo, o dólar terminou a sessão desta quarta-feira (23/7) em queda, enquanto o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores do Brasil (B3), fechou o pregão em alta firme.
Os investidores acompanharam o noticiário envolvendo os primeiros acordos entre os Estados Unidos e países alvos das tarifas comerciais impostas pela Casa Branca. As novas taxas devem entrar em vigor no dia 1º de agosto.
Nos EUA, impulsionados pela onda de otimismo no mercado, os principais índices das bolsas de valores voltaram a ter um dia de grande valorização. O mesmo ocorreu na Europa e na Ásia.
Ainda no cenário externo, o mercado aguarda a reunião de política monetária do Banco Central Europeu (BCE), que definirá a taxa básica de juros. O anúncio será feito na quinta-feira (24/7).
Dólar
- A moeda norte-americana terminou o dia em queda de 0,8%, negociada a R$ 5,522.
- Na cotação máxima do dia, o dólar bateu R$ 5,578. A mínima foi de R$ 5,516.
- No dia anterior, o dólar fechou praticamente estável, em leve alta de 0,04%, cotado a R$ 5,56.
- Com o resultado, a moeda dos EUA acumula ganhos de 1,66% em julho e perdas de 10,72% frente ao real em 2025.
Ibovespa
- O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores do Brasil (B3), fechou em forte alta.
- O indicador terminou o pregão, preliminarmente, com ganhos de 1,1%, aos 135,5 mil pontos.
- Na véspera, o Ibovespa fechou perto da estabilidade, em alta de 0,1%, aos 134 mil pontos.
- Com o resultado, a Bolsa brasileira acumula queda de 2,37% no mês e valorização de 12,53% no ano.
Acordos sobre o tarifaço avançam
O principal destaque do cenário econômico internacional continua sendo o tarifaço comercial imposto pelo governo de Donald Trump, dos EUA, contra diversos países do mundo.
Na terça-feira, Trump recuou e decidiu baixar a tarifa imposta contra o Japão para 15%, em um acordo classificado pelo presidente dos Estados Unidos como “gigantesco”. Por meio de um comunicado divulgado na rede social Truth Social, o líder norte-americano afirmou que o pacto prevê investimentos japoneses nos EUA na casa dos US$ 550 bilhões. A maior parte do lucro, cerca de 90%, deve ir para os cofres do país, destacou Trump.
Além disso, o presidente dos EUA afirmou que o Japão também deve abrir seu comércio para alguns itens. “Este acordo criará centenas de milhares de empregos – nunca houve nada parecido”, disse o presidente dos EUA. “Talvez o mais importante seja que o Japão abrirá o país ao comércio, incluindo carros e caminhões, arroz e alguns outros produtos agrícolas, entre outros.”
No início do mês, Trump anunciou uma tarifa de 25% sobre todos os produtos exportados do Japão para os EUA. Anteriormente, no chamado “Dia da Libertação”, a alíquota foi fixada em 24%.
Ainda na terça-feira, o presidente dos EUA já havia recuado em sua guerra tarifária. Após reunião na Casa Branca com o presidente das Filipinas, Ferdinand Marcos, Trump reduziu a alíquota sobre produtos do país de 20% para 19%. O mesmo aconteceu com a taxa contra importações vindas da Indonésia, que foi de 32% para 19%.
Os investidores também continuam acompanhando as negociações entre União Europeia (UE) e EUA sobre as tarifas comerciais impostas pelo governo Trump aos países do bloco. Há duas semanas, Trump anunciou a imposição de tarifas de 30% sobre exportações da UE a partir de 1º de agosto.
Segundo informações publicadas pelo jornal britânico Financial Times, EUA e UE estariam próximos de um acordo, com eventual redução das tarifas de 30% para 15%, repetindo o patamar imposto ao Japão.
Europa aguarda taxa de juros
Outro destaque desta semana é a reunião de política monetária do Banco Central Europeu (BCE), que decidirá a nova taxa de juros. O encontro está previsto para quinta-feira.
Em sua última reunião, a autoridade monetária europeia reduziu as taxas de juros em 0,25 ponto percentual. Com isso, a taxa de depósito caiu de 2,25% para 2%; a de refinanciamento, de 2,4% para 2,15%, e a de empréstimos, de 2,65% para 2,4%.
Análise
Segundo André Valério, economista sênior do Banco Inter, o enfraquecimento do dólar nos últimos dias “é reflexo dos acordos comerciais anunciados pelo governo americano, com destaque para o japonês”.
“Com isso, vemos um aumento no apetite por risco dos investidores estrangeiros, favorecendo o fluxo para moedas emergentes, com o real se beneficiando desse movimento na sessão de hoje, a despeito da incerteza sobre a nossa tarifa ainda prevalecer”, afirma Valério.
“Os acordos são bem-vindos, distensionando o ambiente. Entretanto, ainda há muita incerteza sobre eles, tendo em vista que os anúncios têm sido vagos, com poucos detalhes práticos. Além disso, mesmo com os acordos, a tarifa efetiva da economia americana ficará no patamar mais elevado dos últimos 90 anos, o que ainda suscita questionamentos sobre qual será o impacto dessas tarifas na economia americana em termos de inflação, crescimento e fluxo de capitais”, explica o economista.
Fonte: Metrópoles