A Casa Branca confirmou que o governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, adquiriu uma participação de 10% na multinacional norte-americana de tecnologia Intel.
Em um acordo que vem sendo apontado como histórico, os EUA efetuam, assim, uma intervenção extraordinária e incomum em assuntos corporativos. Até o momento, a Intel não se manifestou oficialmente.
Segundo a Casa Branca, a participação do governo dos EUA na empresa foi adquirida pelo valor de US$ 8,9 bilhões (cerca de R$ 48,4 bilhões, pela cotação atual). O negócio foi anunciado na última sexta-feira (22/8).
“Esse acordo histórico fortalece a liderança dos EUA em semicondutores, o que irá estimular o crescimento de nossa economia e ajudar a garantir a vantagem tecnológica da América”, afirmou o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick.
O anúncio do acordo com a Intel acontece poucas semanas depois de Trump ter pedido a renúncia do CEO da companhia, Lip-Bu Tan, acusado de suposta ligação com o regime chinês.
No dia 11 de agosto, após uma reunião com o executivo na Casa Branca, no entanto, Trump mudou o discurso e classificou a trajetória profissional de Tan como “incrível”.
Suposta ligação com a China
Antes do acordo entre Trump e a Intel, o senador Tom Cotton, do Partido Republicano, o mesmo do presidente dos EUA, havia cobrado do Conselho de Administração da Intel que esclarecesse quais são os laços entre o CEO da companhia e a China.
O parlamentar mencionou possíveis investimentos em empresas chinesas de semicondutores, além de uma suposta ligação com as Forças Armadas do país asiático.
O senador republicano também fez questionamentos acerca de supostos vínculos do CEO da Intel com a Cadence Design Systems. Trata-se de uma empresa de tecnologia liderada por Lip-Bu Tan por mais de uma década e que comercializava produtos para uma universidade militar da China.
Em julho, a Cadence Design se declarou culpada por violar as normas de controle de exportação dos EUA ao vender hardware e software para a Universidade Nacional de Tecnologia de Defesa da China.
No dia 8 de agosto, em carta aos funcionários da Intel, o executivo afirmou que é alvo de uma campanha de “desinformação” sobre sua carreira. Ele rechaçou o comentário de Trump de que haveria “conflito de interesse” no fato de comandar a empresa.
“Tem havido muita desinformação circulando sobre meus cargos anteriores. Quero ser absolutamente claro: ao longo de mais de 40 anos na indústria, construí relacionamentos em todo o mundo e em nosso ecossistema diversificado e sempre operei dentro dos mais altos padrões legais e éticos”, escreveu Lip-Bu Tan.
Segundo o CEO da Intel, a empresa vinha “dialogando” com o governo Trump para “abordar as questões que foram levantadas e garantir que eles tenham acesso aos fatos”.
No documento, Lip-Bu Tan afirmou ainda que o conselho da empresa estava “apoiando totalmente” o trabalho desenvolvido por sua gestão “para transformar nossa empresa”.
“Compartilhamos plenamente o compromisso do presidente [Trump] de avançar na segurança nacional e econômica dos EUA”, prosseguiu o executivo.
Quem é Lip-Bu Tan
Lip-Bu Tan tem 65 anos e ocupa o cargo de CEO da Intel desde março de 2025. Ele nasceu na Malásia.
O executivo atua também como presidente empresa de capital de risco Walden International e foi CEO da Cadence Design Systems por mais de 10 anos, entre 2009 a 2021.
Fonte: Metrópoles