A embaixada de Israel no Brasil quebrou um silêncio de meses, e emitiu uma declaração oficial sobre as recentes críticas contra a operação militar conduzida na Faixa de Gaza, como falas recentes do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O pronunciamento aconteceu na noite desta segunda-feira (2/6).
Em nota, a representação israelense afirmou que é importante “não se deixar levar pela propaganda e notícias falsas da organização terrorista Hamas”. Ação essa, que teria como objetivo “alimentar o antissemitismo no mundo”, por meio de “eventos encenados, incidentes que não aconteceram, histórias falsas”.
“Infelizmente, tem quem compre essas mentiras, que estão prejudicando israelenses e judeus no Brasil e no Mundo todo”, disse um trecho da nota.
Lula fala em genocídio
Apesar de não citar diretamente o presidente Lula, o pronunciamento da embaixada acontece após o líder brasileiro voltar a classificar a guerra em Gaza como “genocídio”.
Durante convenção nacional do PSB em Brasília, no fim de semana, o presidente leu uma nota do Ministério das Relações Exteriores sobre a guerra e a atuação israelense na região da Palestina. No texto, a chancelaria brasileira condenou a criação de 22 novos assentamentos na Cisjordânia ocupada – considerados ilegais pela Corte Internacional de Justiça da ONU.
“O que nós estamos vendo é um Exército altamente profissionalizado matando mulheres e crianças indefesas na Faixa de Gaza”, disse o presidente brasileiro após ler a nota do Itamaraty. “Eu sei que tem muita gente que não gosta, mas eu quero dizer aqui também no PSB, isso não é uma guerra, é um genocídio”, acrescentou.
Silêncio quebrado
A manifestação pública da embaixada de Israel acontece após meses de silêncio, que se mantiveram apesar das recentes declarações vindas de Brasília sobre o conflito em Gaza.
Nos bastidores, contudo, o clima era outro. Fontes ligadas à diplomacia israelense já revelavam “surpresa” com manifestações do governo Lula, e as enxergavam como um sinal de distanciamento, ainda maior, entre as duas nações.
Foi o caso de uma nota divulgada pelo Itamaraty em março deste ano, a respeito da morte de um adolescente brasileiro de 17 anos em uma prisão de Israel. Na época, fontes diplomáticas israelenses revelaram à coluna que o assunto foi discutido por representantes de Brasília e Tel Aviv, em um tom mais ameno do que a declaração oficial publicada posteriormente.
Desde o início do governo Lula II, a relação entre os dois países enfrentou diversos momentos de crise. Eles provocaram, por exemplo, a retirada do embaixador brasileiro em Tel Aviv, assim como o rótulo de “persona non grata” em Israel para o presidente do Brasil.
No momento, a tensão já tem efeitos práticos. Restando menos de dois meses para a aposentaria do atual chefe da missão diplomática em Brasília, embaixador Daniel Zonshine, a embaixada de Israel no Brasil corre o risco de ficar sem um representante de primeiro escalão.
Isso porque o governo brasileiro ainda não concedeu o agrément – consentimento para um diplomata assumir uma embaixada – para Gali Dagan. Ele foi indicado para assumir o posto no Brasil em janeiro deste ano.
Fonte: Metrópoles