Lamentavelmente, na mesma toada, caminha o último capítulo da histórica da Jari Celulose. Começa com uma recuperação judicial, em seguida passam a vender pequenos ativos e no final não se sabe mais a que se deve cobrar e pôr na cadeia. Enquanto essa procissão de corpo presente do enterro da Jari se inicia, é tempo de dizer adeus e chamar novos capitais a exemplo, investidores do agronegócio, para implantarem projetos sustentáveis e sustentados de grãos e implantação distrito portuário industrial com fábricas de etanol, misturadora de ração, produção de insumos de fosfatos e outros fertilizantes para viabilizarem e melhor competitividades às áreas de produção de grãos no Amapá, Pará e Mato Grosso.
Uma visita aos municípios de Laranjal do Jari e Vitória do Jari, mesmo por poucos dias, é possível perceber as ruas asfaltadas, os postes iluminados, mas sobre o asfalto o que se vê é uma triste multidão de jovens desempregados e idosos desesperados pois em algumas residências a única renda que se tem, é a aposentadoria dos idosos.
Quando Chegar o final da campanha, após os recursos eleitorais serem dissipados como o “show de fogos de artifícios do Réveillon de Copacabana” a crise irá se agravar ainda mais. Tempos difíceis se anunciam ao do Vale do Jari.
A safra da Castanha só terá início no final de dezembro e dura apenas cinco meses. A atividade garimpeira tradicional, que ocorre dentro da RENCA, e , sempre contribuiu para a economia dos municípios do Vale do Jari/Paru, começam a viver “dias de terror”, pois são garimpeiros tradicionais que levam uma vida para comprarem um conjunto de máquinas e, agora, temem que o IBAMA, com sua sanha de “Nero” venha destruir toda história de trabalho e de vida desses garimpeiros tradicionais.
Temos que iniciar uma nova jornada para implantar o desenvolvimento sustentado dessa importante região da Amazônia Oriental. O Jari é um gigante de riquezas acalentados pelo choro da pobreza. É tempo de transformar potencialidades em empregos e bem-social.
Devido a nova importância geoeconômica da área do Calha Norte, essa Plataforma com áreas de terras já ocupadas, de 2,4 milhões de hectares de terras, aguardando novos investimentos do Agronegócio, além de terem jazidas de Fósforo e grande potencial de recursos florestais e um enorme potencial hídrico para grandes projetos de psicultura em escala para indústria e exportação de escala.
Vale lembrar que só a China e a Índia precisam, todos dias, alimentarem 3 bilhões de pessoas com pelo menos duas refeições. Como, de início, deseja Daniel Ludwig, o Jari será verdadeiramente um centro mundial de produção de alimentos e insumos agrícolas.
Essa plataforma de 2,4 milhões de hectares irá transformar o rio Jari num “Hub Portuário” e a Ponte sobre o rio Jari, obra relevante importância, unirá esse novo setor de grandes produções de grãos, insumos florestais e minérios, em especial de fertilizantes aos polos agroindustriais de Santana, Miritituba e Barcarena e desses, via navegação de longo curso, rumo ao mundo dos consumidores.
As prefeituras não têm como suportar todas essas demandas deixadas pela falência da Jari Celulose. Nesse caminhar é preciso implantar economias de retorno rápido como o agronegócio e suas agroindústrias. Temos que construir um novo plano diretor da região metropolitana de Vitória e Laranjal do Jari, incluindo a priorização de novas áreas para instalação de um distrito industrial portuário, na margem amapaense do rio Jari.
A falta de uma política séria quanto a exploração e verticalização de recursos florestais tem produzido uma esterilização de forte setor, pois não há um único projeto de manejo florestal de pequenos e médios empresários e a Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Iratapuru (RDA) juntamente com a FLOTA Paru não conseguem gerar um único emprego, repito um único emprego, com suas incomensuráveis riquezas e potencialidades em insumos ambientais.
A construção civil não tem continuidade é apenas uma “moita de palha seca” que logo vira cinzas e produz um banquete de lucros para uns poucos empresários, alguns nem sequer moram no Amapá.
Os estados do Pará e Amapá bem como os municípios paraenses, ente Óbidos e laranjal do Jari e o Porto de Santana integraram esse no eixo de desenvolvimento regional da Calha Norte ou da Amazônia Oriental. Não demais lembra que toda a produção de grãos do Brasil, segundo maior produtor mundial, se faz em 8,6 milhões de hectares. A área do Calha Norte tem 2,4 milhões de hectares já ocupadas por atividades agrícolas.
Laranjal do Jari e Vitória do Jari precisam de um plano urbano integrado que valorizarem as faixas portuárias e retroportos para esses novos investimentos como está ocorrendo em Miritituba, no Estado do Pará, no rio Tapajós e Barcarena (PA).
É necessário destacar ainda, que o depósito, já avaliado de Fósforo do Complexo Maicuru, dentro da RENCA, possui além das reservas de fosfato, com 15% de P2O5 (Pentóxito de Fósforo) de 208 milhões de toneladas, mais de 1 bilhão de toneladas de outras rochas e carbonatos que podem abastecer as lavouras da Amazônia Legal com excelente produção de pó de rochagem (Rochagem é a prática de recuperar a fertilidade de solos pobres e lixiviados através do uso de misturas de rochas, ou pó de rocha), para correção e fertilização de solos agrícolas
Os novos investimentos para infraestrutura das cidades de Laranjal do Jari e Vitória do Jari, precisam de incluir, com prioridade, a base de serviços logísticos (pontes, portos, estradas, áreas de retroporto, sinalização náutica, Zona de Processamento e Exportação (ZPE)) e alfandegamento de novas plataformas logísticas além de um novo e amplo programa de urbanização/desenvolvimento local que permita o uso das áreas úmidas de retroporto e drenagem do rio para mitigar as cheias recorrentes e melhorar a navegabilidade.
Por outro lado, monte dourado, distrito de Almerim, município do Pará, que já abrigou, por quatro décadas, o complexo industrial da Jari Celulose, que faturava anualmente quase 200 milhões de reais, gerava 10 milhões de impostos, dava empregos direto a cerca de 5.000 pessoas, mantinha uma folha de pagamento com seus encargos da ordem de 30 milhões de reais, e comprando 35 milhões de mercadorias e gêneros alimentícios nos mercados regionais, agora agoniza e prosta-se num leito de morte de uma recuperação judicial, que nada mais é “um coma induzido”, apenas para aguardar um bom negócio para venda dos seus órgãos (passivos) do paciente. A mesma coisa aconteceu com a Anglo/Zamin e outros. A história que se repete com o destino traçado silenciosamente pela “Recuperação Judicial da Jari Celulose”.
É tempo do Congresso Nacional agir e criar vias formais para um leilão público dessas terras (Parceria Púbica Privada de Investimento – PPI) e sua infraestrutura, antes que nada mais tenha valor, indo tudo às “calendas Gregas”. Quem viver verá!
O escritor e “Jarilólogo” Cristóvão Lins, destaca nos seus inúmeros livros sobre esse tema, que o projeto Jari delineou uma história de um século naquele importante torrão da Amazônia. Uma Saga de José Júlio, Daniel Ludwig até o escriba de seu réquiem, Sérgio Amoroso. É tempo da Jari dizer adeus e começarmos uma nova história econômica com outros eixos de produção como a agroindústria, produção de etanol e uma indústria madeireira verticalizada, pois temos energia, matéria prima e principalmente muitos jovens preparados aguardando oportunidades, Não tarde para lembra o potencia de grande escala indústria da psicultura nessa região da Amazônia Oriental.
A odisseia romântica de José Júlio e depois a fase industrial da empresa Jari ltda, cumpriram seus papeis nessa importante história da Amazônia. Foram tempos de extrativismo e exploração comercial e agropecuária das propriedades; – compra e venda de produtos regionais da Amazônia; operações gerais de comércio de boa escala e interesse social, posteriormente passaram à criação de gado, à navegação, à industrialização da castanha do Pará e à exportação de madeira, de batata e peles silvestres. Só Laranjal do Jari, nos próximos 10 anos terá 100.000 habitantes e nesse universo humano milhares de jovens formados e outros tantos com baixa escolaridade aguardando emprego e urgentemente.
A Jari não é só uma empresa falida ou mesmo numa abstrata “Recuperação Judicial”. A Jari tem uma missão social. Não podemos entregar o destina 150 mil amapaense e brasileiros nas mãos de quem não conhece nem o nosso Amapá e vive no Estado de São Paulo.
O modelo industrial de prótese montada no Japão e que veio para um ambiente tropical totalmente diferente e agressivo cumpriu seu papel e não pode e não deve mais continuar.
Os estados do Pará e Amapá devem construir conjuntamente uma nova governança de tomar as rédeas do destino do Projeto Jari num novo e moderno formato, com base agroecológicas e um distrito industrial portuário que promova a verticalização dos insumos florestais, produção de etanol, ração animal e uma grande base de misturadora de fertilizantes. A psicultura de escala será outro eixo de crescimento em detrimento às potencialidades hidro morfológicas da região do vale do Jari.
Azevedo Antunes, o líder do empreendimento, costumava dizer aos associados e colaboradores e disse também ao Presidente Figueredo que: “esta é uma missão na qual nós iremos até o fim e que legaremos aos nossos sucessores. Transcende o objetivo do negócio comum: é um empreendimento social e econômico, que abrange e deve beneficiar a todos, e que temos que levar adiante”.
E, na verdade o levou, Antunes não falhou com sua palavra pois o levou (o Projeto Jari) com brilhantismo e sustentabilidade, até sua morte, em 1995. O problema é que daí para frente, seus sucessores, desprovidos do mesmo desprendimento e espírito pátrio, foram transformando esse grande projeto numa caminha fatal para sua morte anunciada. É tempo de dizer ao Projeto Jari e a esse que que o conduziu ao berço da morte.
Para se edificar uma Nação com bem-estar social não se pode mais caminhar pelas veredas obscuras e sinuosas do ufanismo, mas pelas estradas retas e seguras que passam pelas pontes da ordem e findam no desenvolvimento e no progresso social. É fundamental para um novo nessa região, onde cortar uma árvore é crime inafiançável, o compromisso inevitável entre o ganho de capital e o desenvolvimento sustentável e sustentado.
O Vale do Jari será um grande polo de desenvolvimento agroindustrial e fortalecerá o Complexo Logístico dos Portos da Amazônia Oriental, em especial de Santana. Esse conjunto de investimentos para exploração dos insumos regionais irá produzir dezenas de milhares de empregos nos próximos 50 anos no Amapá e Vale do Paru/Jari.
É preciso dar igual tratamento a nova trilogia do novo século: produzir, preservar e desenvolver. Na singularidade de oportunidades do projeto Jari, não há Amapá ou Pará pois o grande vencedor: é o Brasil e o maior beneficiado somos nós, a gente da Amazônia.
Msc. Antonio Feijão