Este caso é amplamente visto como parte da implacável repressão do Kremlin contra a dissidência e a liberdade de expressão.
O diretor da RFE/RL, Stephen Capus, tem insistido na necessidade de garantir a libertação de Alsu, passados mais de três meses desde que a jornalista foi detida e encarcerada na cidade de Kazan, acusada de não se registrar como agente estrangeira ao entrar no território russo.
Capus denuncia que o caso é resultado de uma “campanha injusta contra a jornalista”, detida “unicamente por ser cidadã americana”.
“A comunidade jornalística, de direitos humanos e diplomática em todo o mundo apoia Alsu hoje. A RFE/RL agradece aos governos da União Europeia que enviaram representantes para os debates de hoje. No entanto, a Rússia continua sua perseguição sistemática”, lamenta.
“Sua detenção deveria ser declarada injusta pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos, da mesma forma que Evan Gershkovich, do Wall Street Journal, foi designado como detido injustamente imediatamente após sua prisão”, destaca.
Ele enfatiza que a Rússia tem “a responsabilidade final pelo destino” da jornalista, que “deveria ser libertada imediatamente para que possa retornar para casa com sua família”.
Seu marido, o jornalista Pavel Butorin, indicou que “tudo aponta para que as decisões não sejam tomadas nos tribunais”, mas sim “em Moscou”, sugerindo claramente que o caso é politicamente motivado.
A jornalista foi detida no início de junho de 2023, quando se preparava para retornar à República Checa – onde reside com sua família – após uma viagem à Rússia por motivos pessoais.
As autoridades de Kazan confiscaram seus documentos de identidade e a multaram por não se registrar como “agente estrangeira”. Se considerada culpada, ela pode enfrentar até cinco anos de prisão.
O tribunal de Tartaristão rejeitou os apelos do advogado de Kurmasheva para colocá-la em prisão domiciliar.
Grupos internacionais de direitos humanos denunciaram a prisão de Kurmasheva como parte dos esforços do Kremlin para reprimir a liberdade de expressão.
As autoridades russas intensificaram a repressão contra críticos do Kremlin e jornalistas independentes após o presidente Vladimir Putin enviar tropas para a Ucrânia em fevereiro de 2022, utilizando legislação que efetivamente criminalizava qualquer expressão pública que fosse contrária à linha do Kremlin sobre o conflito.
Em 2017, as autoridades russas ordenaram que a RFE/RL se registrasse como agente estrangeira, mas a organização contestou o uso das leis russas sobre agentes estrangeiros no Tribunal Europeu de Direitos Humanos. A Rússia multou a organização em milhões de dólares.
Com informações Diário do Brasil