Macapá ocupa o 1º lugar no ranking das cidades com os piores índices de saneamento básico do Brasil, é o que aponta um estudo do Instituto Trata Brasil com a GO Associados, divulgado nesta segunda-feira (20), e que mostra a faceta da desigualdade sanitária e social em todo o país.
De um lado, cidades em que quase todos os moradores têm acesso a água potável e coleta de esgoto, além de baixo desperdício e altos níveis de investimento em obras de saneamento. Do outro, municípios em que metade da água tratada é perdida por conta de tubulações antigas e “gatos” e em que apenas três a cada dez moradores têm acesso a coleta de esgoto.
A realidade de acessar água por poço artesiano e do despejo do esgoto sem tratamento, é a de muitos moradores do Amapá.
Ranking
O documento analisa os indicadores de saneamento das 100 maiores cidades do país, que concentram aproximadamente 40% da população brasileira, e faz um ranking com base nos serviços oferecidos e em indicadores de eficiência.
A comparação das melhores e das piores cidades deixa clara a desigualdade citada no início desta reportagem. Veja alguns destaques:
Acesso a água potável: Enquanto 99,7% da população das 20 melhores cidades têm acesso às redes de água potável, nos 20 piores municípios, o número é de 79,6% da população.
Acesso a coleta de esgoto: 97,7% da população nos 20 melhores municípios têm acesso aos serviços, enquanto somente 29,2% da população nos 20 piores municípios são atendidos.
Tratamento de esgoto: Enquanto o primeiro grupo tem, em média, 80,1% de cobertura de tratamento de esgoto, o grupo dos piores trata apenas 18,2% do esgoto produzido.
Perdas na distribuição: Entre as melhores cidades, 29,9% da água produzida é desperdiçada na distribuição por conta de tubulações antigas e “gatos”. Já entre as piores, o indicador chega a 51,3%.
Além de Macapá, outras 3 cidades que ocupam as primeiras posições da lista divulgada na segunda-feira também são da região Norte. Veja o ranking das 10 piores:
1ª Macapá (AP)
2ª Marabá (PA)
3ª Porto Velho (RO)
4ª Santarém (PA)
5ª São Gonçalo (RJ)
6ª Belém (PA)
7ª Rio Branco (AC)
8ª Maceió (AL)
9ª Várzea Grande (MT)
10ª Ananindeua (PA)
De acordo com dados da companhia de Água e Esgoto do Amapá (Caesa), quase metade da população do Amapá não possui acesso à agua tratada e aproximadamente 88% não tem o serviço de esgoto.
Em 2021, o governo do Amapá assinou a concessão que viabilizava a universalização do saneamento básico do estado para o Consórcio Marco Zero, liderado pela empresa Equatorial Energia. O serviço foi arrematado em leilão após proposta de R$ 930 milhões. A concessão para a iniciativa privada é pelos próximos 35 anos e contempla os 16 municípios.
O consórcio vai operar a atividade de manutenção e cobrança do saneamento básico no estado nesse período, com investimentos previstos na casa dos R$ 3 bilhões. Com isso, o Estado busca melhorar os índices apresentados pelo Trata Brasil.