Depois da matéria que denunciou as fraudes nas escalas de plantões no Hospital de Emergência (HE), que foi manchete do jornal no domingo (26.11), várias denúncias chegaram à redação do Jornal A Gazeta e que vão bem além do que já foi mostrado.
“É um verdadeiro esquema de fraudes dentro do HE, que vão desde escalas fraudulentas nos plantões até venda de contratos administrativos isso é só o início da sujeira que impera lá dentro”, disse um dos denunciantes que pediu para ter o seu nome preservado por motivos óbvios.
Um grupo de profissionais esteve reunido com a equipe de reportagem do jornal e mostrou documentos que comprovam o que dizem, “nós estamos aqui para denunciar porque estamos cansados de ver essa máfia atuando dentro do nosso local de trabalho.
São pessoas que estão preocupadas em se dar bem, em ganhar dinheiro, não se preocupam com a população que precisa dos serviços do hospital. A única coisa que pedimos é que nossos nomes sejam preservados porque queremos proteger nossos empregos e até nossa integridade física”, dizem.
As denúncias que vamos mostrar nessa matéria são, especificamente, da Unidade de Tratamento Intensivo do Hospital de Emergências e citam quatro profissionais, Valdir Junior dos Santos Gouveia, Cely Franciane Ferreira da Silva, Djalma Magalhães Guedes Júnior e Talina Blenda dos Santos Miranda.
Valdir Junior: “esse senhor trabalhava como responsável técnico da UTI. Ele estrava nas escalas de plantões, assinava o ponto, mas nunca cumpriu um plantão dentro da unidade”, afirmam os denunciantes.
Valdir também é, segundo eles, o negociador das fraudes, “era o Valdir que negociava as escalas fraudulentas, além disso é ele que negocia as vagas nos contratos administrativos, ele assina duas escalas, uma que vai para a SESA efetuar o pagamento e outra que fica exposta na UTI. Se compararmos as duas veremos que são diferentes, tem pessoas que estão na escala para receber e que não cumprem os plantões”.
Os denunciantes também apontam Valdir como o negociador da venda de vagas para contratos administrativos ou a permanência dos profissionais no HE. Em áudios que o jornal teve acesso, que já estão sendo periciados, duas pessoas conversam, uma delas, que seria Valdir, afirma: “você traz o dinheiro em espécie, não quero deposito em conta e nem pix”. A negociação seria para uma vaga no contrato administrativo.
O valor para conseguir uma vaga no contrato ou para permanecer trabalhando sem risco de transferência, gira em torno de R$ 5 a R$ 9 mil.
Cely Franciane: é coordenadora de enfermagem do HE, mas antes estava prestando serviços no Hospital da Criança e do Adolescente e, mesmo assim, estava na escala de plantões do HE que iam para pagamento na SESA, “hoje ela assina as folhas de ponto e está nas escalas que vai para a SESA, mas não está nas escalas que são expostas na UTI, ela não tira plantão, mas recebe os valores como se tivesse trabalhado normal”.
Talina Blenda: é Gerente do Núcleo de Serviços Técnicos, “a Talina, assim como a Cely, também está envolvida no esquema, ela assina as folhas de ponto, está nas escalas de plantões para receber, mas não cumpre os plantões, e nem poderia porque é gerente de núcleo”.
Djalma Magalhães: responsável técnico do acolhimento do HE, “o Djalma também recebe plantões sem cumprir as escalas, é outro que está envolvido no esquema de fraudes”.
Quem perde é a população
Para os denunciantes quem sai prejudicado é o usuário do hospital, “se a pessoa está na escala e não tira o plantão, prejudica quem está lá trabalhando, a carga de trabalho é maior e, consequentemente quem fica prejudicado é o usuário que demora a receber o atendimento porque a equipe está cansada”, dizem.
Administração caótica
Os denunciantes reafirmaram que a gestão no HE está completamente sem comando, “o senhor Emanuel Pantoja, que é diretor do HE, realmente não tem o perfil de gestor, ele não consegue se fazer respeitar, é uma administração confusa, onde todos mandam, mas ninguém administra corretamente”.
Para finalizar eles pedem a ajuda do Ministério Público do Amapá, “quando saiu a matéria sobre as fraudes nos plantões, o MP/AP mandou verificar imediatamente agora pedimos que eles façam uma fiscalização lá dentro, alguém precisa desmontar essa rede de corrupção que está instalada no HE”.
Apuração
O Ministério Público do Amapá já está investigando, através do processo Nº 0000151-91.2023.9.04.0000, as denúncias de fraudes nas escalas de plantões e outras irregularidades da gestão no Hospital de Emergenciais e, com certeza, várias coisas virão à tona.
O Jornal A Gazeta recebeu e está analisando uma vasta documentação que deixa as claras os esquemas de fraudes tanto do HE como de outras unidades de saúde estaual.
A equipe do jornal A Gazeta está à disposição da Secretária de Saúde, Silvana Vedovelli e do Diretor do HE, Emanuel Pantoja, para falar sobre o assunto. Os dois continuam calados diante das denúncias.