Ouço a música.
A música das esferas.
A canção é bela.
Lembro de Sócrates, “o parteiro de almas”.
Embalo-me em digressões para além das cavernas de Platão.
Absorve-me a consciência.
Consciência da impermanência da matéria.
Liberto-me de bagagens estimadas e por caminhos carregadas.
Bagagens de dores, lágrimas, desencontros e desencantos.
Banho-me no rio de águas fluídas das rochas cristalinas.
Rochas talhadas pela gratidão amanhecida.
Amanhecida ao raiar do azul no céu de dias nunca interrompidos.
Escrevo nas nuvens. Desenho nos ares.
Inspiro-me no farfalhar das folhas com seus discursos subliminares.
Sinto o aroma das matas e dos pomares, dos jardins e da relva pragmática.
Sou aquela que procuro o endereço da partida para visualizar a chegada.
Perceba, ainda estou aqui. Tão longe, mas tão perto de mim.
OUÇO-ME.
Ouço a música de minha enviesada trajetória encantada.
OUÇA-ME.
Saberás que fostes amada e sempre amada serás.
Sinta a brisa, os furacões, o gotejar de nuvens aborrecidas.
As recolhe em tuas mãos como oferenda sublime.
Absorve-te em teu sorriso. Sorria! És a razão do rejubilar-se