O Ministério Público de Minas Gerais denunciou à Justiça, nesta sexta-feira (12/9), Renê da Silva Nogueira Júnior pelo assassinato do gari Laudemir de Souza Fernandes, de 44 anos, em Minas Gerais. A esposa de Renê, a delegada Ana Paula Lamêgo Balbino, foi indiciada pelo crime de prevaricação.
Renê foi indiciado pelo homicídio do gari Laudemir, ocorrido no bairro Vista Alegre, região oeste de Belo Horizonte. Ana Paula responde por prevaricação e porte ilegal de arma de fogo — Renê usou um armamento dela para matar o gari. O crime ocorreu em 11 de agosto.
Relembre o caso
- O crime foi cometido na manhã de segunda-feira (11/8), enquanto a vítima trabalhava na coleta de lixo no bairro Vista Alegre, em Belo Horizonte.
- Testemunhas relataram à polícia que Laudemir e outros garis recolhiam resíduos quando o empresário passou de carro na pista.
- Renê pediu que o caminhão fosse retirado da via para que pudesse passar com seu veículo elétrico.
- Após breve discussão com a motorista do caminhão, ele desceu do carro e efetuou disparos.
- Laudemir foi atingido na região da costela. Renê entrou no veículo e fugiu.
- A vítima chegou a ser socorrida e levada a um hospital da região, mas não resistiu aos ferimentos.
- A causa da morte foi hemorragia interna provocada pelo projétil, que ficou alojado no corpo.
- A prisão do empresário aconteceu horas depois, em uma academia de luxo no bairro Estoril, durante ação conjunta das polícias Civil e Militar.
- O empresário passou por audiência de custódia no dia 13 de agosto e teve a prisão em flagrante convertida em preventiva.
- No dia 29 de agosto, Renê foi indiciado pelos crimes de homicídio duplamente qualificado, porte ilegal de arma e ameaça.
O Ministério Público solicitou que o empresário seja julgado pelo Tribunal do Júri e que, caso condenado, pague uma indenização de R$ 150 mil à família do gari.
“Flagrou ação penal a denúncia contra o senhor Renê pela prática do crime de homicídio triplamente qualificado por três circunstâncias qualificadoras, isto é, motivo fútil”, apontou promotor de Justiça Cláudio Barros, coordenador das Promotorias de Justiça do Tribunal do Júri (Cojur), em coletiva de imprensa.Play Video
Ainda segundo Barros, “a prisão em flagrante do acusado foi convertida em prisão preventiva em audiência de custódia”.
O Ministério Público informou ainda o caso” segue agora para apreciação do I Tribunal do Júri da Comarca de Belo Horizonte, que decidirá pelo recebimento da denúncia e posterior julgamento do acusado”.
Renê foi indiciado por homicídio triplamente qualificado — por motivo fútil e por impossibilitar de defesa da vítima —, além de ameaça e porte ilegal de arma.
Já a esposa de Renê, a delegada, segundo a Polícia Civil de Minas Gerais, responderá pelo crime de prevaricação, ato em que se retarda ou deixa de praticar ato de ofício, previsto no artigo 319 do Código Penal.
O crime
Na manhã de 11 de agosto, Renê discutiu com trabalhadores da coleta de lixo em uma rua do bairro Vista Alegre. Testemunhas afirmam que ele sacou uma pistola calibre .380 e ameaçou a motorista do caminhão, dizendo que “atiraria em sua cara”.
Logo depois, disparou contra Laudemir, que trabalhava na coleta. O gari foi atingido no tórax, chegou a ser socorrido, mas morreu no hospital.
Após o crime, o empresário fugiu em um carro cinza, sendo localizado pela polícia horas depois, enquanto malhava em uma academia de alto padrão no bairro Estoril. Ele foi preso sem resistência.
Mensagens sobre o homicídio
Assassino confesso do gari Laudemir de Souza Fernandes, o empresário Renê Júnior mandou mensagem e pediu ajuda a um coronel da reserva da Polícia Militar no momento em que foi abordado por policiais militares em uma academia de luxo, em 11 de agosto, horas depois do crime.
Renê disse ter sido surpreendido pela presença dos militares e que buscou orientações. O caso ocorreu no bairro Vista Alegre, em Belo Horizonte (MG).
“Amigo, você poderia me dar uma ajuda? Estou cercado por PMs dizendo que eu cometi um homicídio hoje pela manhã”, escreveu René ao coronel.
O coronel reformado pergunta se pode falar com o tenente responsável pela ocorrência e, em seguida, o aplicativo de mensagens registra uma ligação de áudio de cerca de dois minutos, sugerindo que a conversa ocorreu. Apesar disso, pelo documento do inquérito, não é possível saber se o ex-coronel, de fato, fez a chamada.
Alguns minutos depois de falar com o ex-coronel da PM, Renê mandou mensagem para a esposa, a delegada Ana Paula. Em certo momento, o empresário afirma: “Amor, eu não fiz nada. Estava no lugar errado e na hora errada”.
Fonte: Metrópoles